Cerca de 30% das compras são feitas com cartão de crédito de terceiros

Embora não seja ilegal, prática pode aumentar risco de fraudes e dívidas
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Pedir ou emprestar o cartão de crédito a alguém da família, ou mesmo a amigos, é uma prática comum no Brasil, especialmente em momentos de dificuldades financeiras. No entanto, ceder o cartão ou contratar empréstimos para terceiros envolve riscos significativos, por isso é fundamental compreender as consequências antes de tomar tal decisão.

Segundo especialistas, a utilização não é crime, mas é bastante arriscada. Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, mostrou que 32% dos consumidores fizeram compras com cheque, cartão de crédito, crediário, empréstimo ou financiamento utilizando o nome de outra pessoa, em 2023, sendo que 24% utilizaram o cartão de crédito.

“Meu critério é a confiança. Já emprestei para uma amiga uma vez, e não deu certo. Agora só empresto para parentes, pai, mãe, irmã, marido... Não tenho tido problemas. Geralmente, eles me pedem porque tenho um bom limite de crédito. Então, quando alguém precisa fazer uma compra com preço maior, normalmente é o meu cartão que é usado. Assim, sobra limite no deles”, conta a empresária L.M.F, de 45 anos.

Levantamento feito pela Unico — empresa que desenvolveu uma tecnologia de validação e autenticação de titulares de cartões — mostra que 20% a 30% das compras são feitas hoje usando o cartão de outra pessoa. A empresa também fez uma estimativa — com base em dados de utilização de cartões produzidos pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) — mostrando que a dificuldade em comprovar a identificação dos compradores em transações online afeta mais de 150 milhões de brasileiros por ano, e pode deixar de gerar R$ 120 bilhões em vendas.

O brasileiro tem essa cultura de emprestar o cartão. Embora não haja uma legislação específica sobre o tema, as instituições financeiras afirmam que o cartão de crédito é pessoal e intransferível e alertam sobre o número crescente de fraudes e prejuízos com compras não autorizadas. Para especialistas, mesmo as operações autorizadas podem gerar dor de cabeça aos consumidores, se parentes ou amigos não honrarem os pagamentos.

“O compartilhamento consentido do cartão de crédito é algo peculiar e se estruturou dentro da cultura de consumo brasileira. As instituições financeiras entendem esse compartilhamento, e os varejistas se adaptaram a isso para não perder vendas. As centenas de ferramentas e políticas de prevenção a fraude buscam distinguir o verdadeiro consumo para evitar os prejuízos causados pelo uso indevido dos cartões. Para isso, há o uso da tecnologia, como a biometria da face, e a nova tendência será o uso da biometria de voz e outros inúmeros fatores de autenticação para identificar os usuários em compras e uso de aplicativos, entre outros”, disse o economista Linconl Rocha, presidente da Associação de Meios de Pagamentos Eletrônicos.

Consequências

Saúde financeira Ao emprestar seu cartão de crédito ou nome para alguém, você está assumindo um risco considerável. Se a pessoa não honrar os pagamentos, isso afetará diretamente sua saúde financeira. Mesmo que inicialmente você estivesse disposto a ajudar, as consequências podem ser desastrosas, incluindo endividamento, queda na pontuação de crédito e até mesmo processos legais.

Falta de controleQuando você empresta seu cartão de crédito, está entregando o controle de seus próprios gastos a outra pessoa. Isso pode resultar em compras impulsivas e gastos excessivos, desequilibrando seu orçamento. Além disso, se a pessoa para quem você emprestou o cartão não prestar contas corretamente, fica difícil rastrear os gastos

Risco de fraudes Ceder seu cartão de crédito envolve um alto risco de fraude. A pessoa que está usando o cartão pode fazer compras não autorizadas. Isso não apenas causará problemas financeiros, mas também exigirá tempo e esforço para resolver questões de segurança.

Relações pessoais Transações financeiras entre amigos e familiares podem causar tensões e conflitos. Se a pessoa que pegou dinheiro emprestado não conseguir reembolsar a tempo, isso pode resultar em ressentimentos e arruinar relacionamentos pessoais.

Dificuldades Recuperar dinheiro emprestado muitas vezes é mais difícil do que parece. Pessoas que estão passando por dificuldades financeiras nem sempre conseguem cumprir prazos e obrigações financeiras. E, mesmo que queiram pagar, pode levar muito tempo para que elas se recuperem financeiramente.

Objetivos próprios As pessoas têm objetivos financeiros diferentes. Emprestar dinheiro ou ceder o cartão de crédito para outra pessoa pode resultar no uso dos recursos de maneira incompatível com seus próprios objetivos financeiros. Isso pode dificultar o alcance de metas pessoais, como economizar para a aposentadoria, comprar uma casa ou investir.

Falta de documentação A falta de documentação formal pode tornar a recuperação de dinheiro emprestado ainda mais desafiadora. Se não houver um contrato claro estipulando os termos do empréstimo, pode ser difícil provar a transação em caso de disputa.

Resumindo, ceder seu cartão de crédito ou emprestar dinheiro para terceiros é uma decisão que requer consideração cuidadosa dos riscos envolvidos. Embora possa ser movido pelo desejo de ajudar amigos ou familiares, é essencial estar ciente das implicações financeiras, pessoais e legais dessas transações.

Alternativas mais seguras devem ser consideradas nessas situações, como por exemplo oferecer apoio moral, compartilhar informações sobre orçamento ou até mesmo ajudar a pessoa a encontrar soluções de crédito mais formais, como empréstimos pessoais, que tenham termos e condições claros.

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