Zonas azuis: o segredo dos lugares com maior longevidade do mundo

Cinco destinos ao redor do mundo podem ser exemplos de uma vida melhor e mais longeva
sexta-feira, 16 de junho de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Há mais de 15 anos, o pesquisador e escritor norte-americano Dan Buettner estuda regiões do mundo conhecidas pela longevidade e quantidade de centenários, batizadas de “zonas azuis”. A partir das suas expedições, ele escreveu uma série de livros que destrincham os hábitos, a configuração social e o ambiente das pessoas mais longevas do mundo.

Os cinco locais estudados por Buettner estão espalhados pelo planeta, têm as mais diversas culturas consolidadas e, mesmo assim, compartilham de pontos em comum no quesito alimentação, exercício físico, conexões sociais e espirituais.

Segundo o estudo dinamarquês Danish Twin Study, apenas 20% da nossa longevidade é determinada por genes. Os outros 80% dependem do estilo de vida e do ambiente. Portanto, ainda que o envelhecimento seja inevitável, o modo como envelhecemos tem a ver com escolhas.

Tudo começou na Sardenha. Ao delimitar a área de estudo de longevidade da ilha, especialistas em demografia marcaram o mapa de azul, dando origem à primeira “zona azul”.

Hoje, são cinco no mundo: Okinawa, no Japão, Loma Linda, nos EUA, Ikaria, na Grécia, Península de Nicoya, na Costa Rica, e a Sardenha, na Itália. Apesar de serem lugares distantes entre si e com culturas bem diferentes, Buettner conseguiu identificar neles pontos comuns que fazem com que as regiões tenham uma alta  expectativa de vida. E assim resumiu sua pesquisa, recomendando:

  • Mexa-se naturalmente: as pessoas nas zonas azuis não correm maratonas, mas caminham em montanhas íngremes para chegar ao trabalho e cuidam de suas próprias hortas. Exercícios regulares de baixa intensidade trazem benefícios para o tônus muscular, mobilidade e alívio de estresse;

  • Pratique a restrição calórica consciente: parar de comer antes de estar 100% saciado pode trazer grandes benefícios ao organismo. Isso porque o cérebro demora cerca de 20 minutos para “entender” a saciedade, e a estratégia ajuda a conter o exagero; 

  • Tenha uma alimentação baseada em produtos frescos e vegetais: não quer dizer uma dieta vegetariana – as zonas azuis incluem a carne e produtos animais na cultura alimentar, mas de forma secundária. O foco são verduras, frutas, legumes e castanhas, sempre frescas e preparadas em casa;

  • Beba vinho (com moderação): em pequenas quantidades o álcool pode reduzir o estresse e melhorar a saúde do coração. Mas, acima de tudo, o vinho (e o saquê, no caso dos okinawanos) faz parte da cultura e de rituais sociais;

  • Encontre o seu propósito: chamado pelos okinawanos de “ikigai”, o propósito é a razão pela qual se levanta da cama, e os habitantes parecem ter uma noção muito clara dos seus – seja o trabalho, a família ou mesmo uma boa conversa com os amigos;

  • Desacelere e faça coisas que nutram a alma: pode ser um afazer religioso ou uma caminhada com os amigos. Níveis mais baixos de estresse significam menos inflamações crônicas;

  • Encontre uma comunidade espiritual: a fé é comum à maioria dos centenários. Pessoas que participam de rituais religiosos tendem a ser mais ativas, menos estressadas e a ter um autoconhecimento maior;

  • Prioridade: quando se prioriza a família, geralmente há um retorno em forma de cuidado e carinho. A maioria dos centenários destas zonas viviam com gerações mais novas da família, uma interação benéfica para os mais velhos e para os mais novos.

Cinco destinos

Icária (Grécia)

Praia de Seychelles — Icária é o que se pode esperar de uma ilha grega paradisíaca. É a mais nova zona azul, e ostenta uma das menores taxas de mortalidade da meia-idade, do mundo, e menor taxa de demência entre idosos. É uma ilha isolada, a oeste da costa da Turquia, com tradições seculares. Mantém uma versão singular e radical da dieta mediterrânea, que privilegia legumes, grãos integrais, frutas, peixes, azeite de oliva, leite de cabra, queijo e vinho. Os icarianos comem lentamente e acompanhados, numa refeição muitas vezes seguida de uma soneca. Usam muito o mel e os chás consumidos são considerados por especialistas como medicinais e diuréticos. Dormem tarde e acordam tarde, ninguém liga para o relógio e muito menos para atrasos. Não existe palavra em grego para “privacidade”, que se traduz em um senso de conexão e segurança. 

Okinawa (Japão)

Ilha de Ishigaki — Arquipélago ao sul do Japão e a leste de Taiwan, Okinawa é uma região ensolarada, de clima subtropical, que já passou por muitos desafios entre dominações, guerras e fenômenos naturais, o que talvez explique a resiliência de seu povo. Região das mulheres mais longevas do mundo, Okinawa não tem uma palavra para “aposentadoria”, mas tem a “ikigai”, que significa “a razão para se levantar da cama todos os dias”. Pode ser o trabalho, seus amigos ou abraçar a tetraneta. Outra palavra okinawana que ajuda a explicar a longevidade é “moai”, pequeno grupo de amigos que se acompanham por toda a vida. São redes de segurança que atravessam os bons e maus momentos. Faz parte da rotina abaixar e levantar dezenas de vezes ao dia, uma das práticas da medicina asiática que foca mais na prevenção do que no tratamento das doenças. Entre os alimentos estão vegetais, chás, proteínas de soja e cogumelos.

Sardenha (Itália)

Praia de Costa Paradiso — A primeira zona azul fica numa região montanhosa da ilha da Sardenha, entre 14 vilarejos da província de Nuoro. Ali se encontra a maior concentração de centenários no mundo, locais em que predominam famílias de pastores e pequenos agricultores. Apesar da interdependência entre humanos e animais, a carne não é a principal fonte de alimento, que contam com receitas típicas como o pão feito com sêmola de trigo duro, leite de cabra, vinho típico da região e vegetais sazonais. As mulheres cuidam da casa, das finanças e da família. Enquanto muitas culturas ocidentais consideram o fato de envelhecer como um fardo, na Sardenha os anciãos acumulam estima e são considerados tesouros culturais. Os sardos, quando envelhecem, são cuidados pela família, mas não se aposentam, apenas trocam de emprego.

Califórnia (EUA)

Loma Linda — Loma Linda está 100 km a leste de Los Angeles, e lá se encontra a maior concentração de adventistas do 7º dia, no mundo. Apesar de estar numa região urbana de um país conhecido pelo fast food e pela poluição, seus habitantes têm uma expectativa de vida até 10 anos maior que a média norte-americana. Muitos seguem uma espécie de dieta bíblica, que inclui abacate, salmão, nozes, pão integral, leite de soja e peixe. O ideal de diversão tem a ver com a natureza, como caminhadas e hábitos propagados e reforçados pela comunidade.

Nicoya (Costa Rica)

Samara Beach — A zona azul latino-americana fica no centro da Península de Nicoya, na costa pacífica da Costa Rica. Tem as taxas mais baixas de mortalidade na meia-idade, do mundo, e a segunda maior concentração de centenários. Além disso, tem a melhor dieta de longevidade da história. Os nicoyanos carregam a herança indígena dos Chorotega, agricultores de subsistência e religiosos. A alimentação é secular, baseada em milho, feijão, carne de porco, vegetais e frutas tropicais. As famosas tortillas são feitas de milho nixtamalizado (banhado em água com cal), o que confere ao vegetal altos níveis de cálcio. A água contém mais minerais do que qualquer outro lugar do país, um benefício para coração e ossos. (Por Sofia Mendes de Paula, em forbes.com.br)

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