Nos últimos 20 anos dona Nilcea Silva, de 59 anos, dedica sua vida para cuidar de cães e gatos abandonados na porta de sua antiga casa, no Parque Santa Eliza. Ela e mais duas tias de 83 e 75 anos são responsáveis por 130 animais, sendo 90 gatos e 33 cachorros. “A casa não tinha muita coisa. Quando chovia nos escondíamos embaixo da cama. Eu já tinha alguns animais, mas eles foram surgindo porque as pessoas começaram a colocar os bichinhos no portão da nossa casa. Teve gente que colocou filhote de gato dentro de um saco plástico amarrado e abandonou pendurado no portão. Chegamos a ter 300 bichos”, conta.
São vários filhotes que foram abandonados em caixas de tomate ou de papelão, afirma a protetora. “Os filhotes ficavam presos dentro do caixote e as mães ficavam amarradas do lado de fora. Às vezes eles colocavam o animalzinho assim que nascia, nem esperavam cair o umbiguinho do filhote, nem ao menos ele estar um pouco mais forte. Nós ficamos bastante desesperadas porque eu cheguei a ter mais de 300 animais. O vizinho que morava ao lado chegou a chamar a saúde pública, mas eu sempre tive o orgulho de deixar tudo muito limpo porque eu sou do tipo que sento no meio do canil. Hoje são 130 animais em um sítio que arrendei e moro com minhas tias no Córrego Dantas”, explicou a protetora informando que o espaço comporta muito bem todos os animais. Segundo ela, é um canil de 16 metros quadrados para cada dois cachorros. O imóvel também possui o documento do Incra e está todo legalizado.
Há 20 dias um duro golpe fez com os animais de dona Nilcea ficassem ameaçados. Uma de suas tias descobriu que está com câncer e praticamente todo o recurso financeiro que as três dispõem passou a ser utilizado para o tratamento da doença. Atualmente, a protetora de animais gasta cerca de R$ 2.800 só com a ração dos animais e para não deixar os animais passando fome e continuar cuidando de todos eles, o jeito foi sair do isolamento social necessário para enfrentar a pandemia do coronavírus para vender doces no sinal de trânsito. Na camisa branca que ela usa, está estampada uma mensagem que resume a causa nobre e geralmente sensibiliza os motoristas que param nos sinais: “Tenho um abrigo com 130 animais. Você pode ajudar?”.
Segundo a protetora, por dia ela consegue arrecadar cerca de R$ 60 com a venda dos doces e pede quem puder contribuir com a causa com doações que entre em contato. Nilcea se compromete com toda a mão de obra para os cuidados com os animais, em troca de uma ajuda financeira. “O cachorro mais novo tem oito anos e a média de idade é de 10 a 14 anos. Caso me vejam na rua, peço que me ajudem comprando os doces. Quem quiser fazer alguma doação ou ajudar na parte das vacinas, também será muito bem vinda. Qualquer ajuda, vamos aceitar”, pediu. Caso alguém se interesse pela causa, o telefone de Nilcea é (22) 98839-0537.
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