A Prefeitura de Nova Friburgo informou na última quarta-feira, 29, que vai manter pelo menos até este domingo, 3, as restrições no comércio e na indústria e demais medidas de isolamento social, determinadas desde 20 de março, para conter o avanço do coronavírus na cidade. Um novo decreto é esperado neste fim de semana, prorrogando ou flexibilizando as medidas. Um movimento de empresários vem pedindo ao prefeito Renato Bravo um relaxamento das restrições no comércio.
Com a possibilidade de liberação gradual do comércio friburguense, entidades comerciais, jurídicas e demais friburguenses se posicionaram sobre o assunto. A cidade tem pelo menos 55 casos confirmados e cinco óbitos provocados pelo Covid-19.
A seguir, depoimentos espontâneos, colhidos por A VOZ DA SERRA, de friburguenses cujas profissões foram diretamente afetadas pelo coronavírus:
Nicole Solberg (empresária): Uma flexibilização agora seria um absurdo. O Hospital Municipal não tem estrutura para atender os que á estão doentes, há relatos de pacientes tratados do coronavírus que perderam até 10 quilos por conta da alimentação precária do hospital. Colocar mais pessoas nas ruas, nos transportes coletivos é nesse momento uma irresponsabilidade, haja visto o contágio progressivo do vírus, a agressividade dessa doença e a falta de estrutura na saúde pública. Uma possível flexibilização na abertura do comércio sairá muito caro para nossos profissionais da saúde, para os friburguenses e para o histórico do grupo Político que está no poder, porque esses óbitos serão creditados na conta do Sr. Prefeito e de seu Secretário de saúde. Ceder a pressão das associações de comerciantes, nesse momento é condenar a cidade ao caos.
Wendel Do Valle (designer gráfico): Penso que toda ação agora tem que ser muito bem pensada e embasada, pois os números no Brasil apontam para um crescimento de casos. Qualquer medida mal aplicada pode levar a população ao caos.
Carolina Werneck Pimentel (técnica de Segurança do Trabalho): A exemplo da Caixa, podemos ver que as pessoas não respeitam o distanciamento necessário uns dos outros. Não creio que reabrindo o comércio haverá o cuidado necessário seguindo recomendações da OMS. Além do mais, isso certamente irá incentivar o retorno das pessoas à rua. Nosso sistema de saúde não irá aguentar, nem hospital de campanha temos ainda.
Anna Carolina Pinto (professora): Acredito que nesse momento é fundamental que a gente endureça as medidas de isolamento social permitindo a abertura exclusivamente de farmácias e mercados, além dos restaurantes em sistema delivery ou take away e de consultórios médicos e odontológicos prezando pelo atendimento de emergências. Blumenau (SC) afrouxou as medidas do isolamento social, (pessoas) comemorando até a reabertura de shoppings com música e aglomeração, e já colhe os frutos dessa medida com um significativo aumento do número de casos. Tal exemplo só reafirma a necessidade de cautela nessa reabertura.
Pedro Mineiro (físico): A flexibilização da quarentena é inviável e expõe um problema muito grande na cidade. Para situações de isolamento, a escassez de campo de trabalho remoto que faça um movimento mínimo na economia preservando a integridade dos trabalhadores na cidade cobra um preço alto nessa pandemia. Há quem pense que seria uma "substituição" da maneira que se produz na cidade. Porém, o que precisamos é diversificar os setores da cidade. Assim, não perdemos tanto durante crises como essa. Agora, outro ponto que precisa de atenção é num plano de saída da quarentena e na cooperação dos laboratórios das universidades federais para ajudar na demanda de testes e mapeamento de resultados.
Thalassa Vaz (cabeleireira): Sou totalmente contra a flexibilização do comércio. O motivo é a rapidez da disseminação do vírus e do quanto é necessário a quarentena para conter isso. No momento estou sem trabalhar e isso afetou a vida num todo, os meus três filhos estão em casa e eu sem trabalho, mas é de se entender que é muito necessário(o isolamento), pelo bem geral.
Yankha Fersura (vendedora): As contas continuam chegando normalmente e o governo não vai arcar com meu prejuízo, não está nem aí em ajudar o povo. Mas tem o outro lado da saúde, em que os profissionais do SUS não tem proteção, o nosso Raul Sertã não tem estrutura nenhuma para uma crise dessas. O ideal, independente do que eu preciso agora, seria o isolamento, para não sobrecarregar nossos profissionais (de saúde) e o próprio hospital, que já é precário.
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