Entre os 10 tipos de transtornos de personalidade reconhecidos pela psicologia, o narcisista é, sem dúvidas, um dos mais intrigantes. Isso porque o indivíduo narcisista possui o ego inflamado e uma vaidade extrema, ao mesmo tempo em que sofre mentalmente com a sua condição.
O diagnóstico do transtorno de personalidade narcisista é bastante difícil e complexo, porque pode ser confundido com outros transtornos de personalidade, como o bipolar e antissocial
Esse transtorno é uma condição mental na qual o indivíduo desenvolve um padrão generalizado de grandiosidade, além de requerer uma atenção constante e de não conseguir desenvolver o sentimento de empatia.
Uma possível explicação para a manifestação intensa dessas características se deve ao fato de a pessoa narcisista possuir uma baixa autoestima, o que faz com ela necessite desvalorizar outras pessoas para se sentir superior.
Apesar de ser uma condição mais comum entre homens (segundo o manual MSD) esse transtorno também pode se manifestar em pessoas do sexo feminino.
Causas do transtorno
De acordo com os vários estudos desenvolvidos sobre o tema, sabe-se que as causas do transtorno de personalidade narcisista são genéticas, ambientais e experienciais.
Isso significa que o indivíduo já nasce com uma predisposição genética para essa condição, mas o transtorno pode ser desencadeado de fato pela influência dos ambientes que esse frequenta e das vivências que teve na infância e adolescência.
Nesse último caso, destaca-se como experiências consideráveis para o transtorno os abusos e os traumas mal resolvidos. Portanto, há uma combinação de fatores. Traumas mal processados podem afetar a sua vida de maneira negativa e roubar a sua felicidade.
Principais sintomas
Conhecer os sintomas e sinais do transtorno de personalidade narcisista é importante para conseguir identificar se você ou alguém próximo pode ser portador da condição.
Ainda que ela não seja tão comum, (de acordo com o Manual MSD), na população norte-americana, essa condição pode afetar até 6,2% dos indivíduos — é importante conhecê-la mais a fundo. Conheça os seus principais sintomas:
Sensação de grandiosidade — Uma das principais características do transtorno de personalidade narcisista é a sensação de grandiosidade que o indivíduo tem. Ele superestima suas realizações e suas habilidades e se considera grandioso e muito importante. Inclusive, esse é um sintoma que faz com que o narcisista subestime muitas pessoas e tenha a necessidade de se manter próximo de indivíduos que possuam algum destaque na sociedade.
Falta de empatia — A pessoa narcisista mantém relações motivadas por interesses próprios, e não pela vontade de trocar e compartilhar com o outro. Ou seja, seus vínculos são sempre voltados para aumentar a sua autoestima. Não por acaso, ele explora as pessoas à sua volta para conseguir o que quer, mas não se sente mal por isso.
Inveja — A inveja se faz bastante presente na vida do narcisista. Afinal, como ele se sente superior e deseja ser sempre o centro das atenções, possui dificuldades para ficar feliz com a conquista dos outros, invejando-os. Por causa desse seu comportamento, esse indivíduo também acredita, a todo momento, que as pessoas ao seu redor possuem inveja de si e das suas habilidades.
Arrogância — Como a pessoa narcisista se sente mais importante do que as pessoas à sua volta, ela tende a ser arrogante, inferiorizando-as e desvalorizando-as. E mais: o indivíduo portador dessa condição se sente ofendido quando alguém não lhe faz alguma reverência que ele espera e considera como obrigatória.
Dificuldade para aceitar críticas — Por serem arrogantes, as pessoas narcisistas possuem dificuldade para aceitar críticas. Assim, além de se recusarem a ouvir, elas tendem a reagir de forma estressante e até mesmo agressiva quando isso acontece, pois acreditam que são superiores e sem defeitos, ou seja, veem como uma humilhação qualquer crítica.
Como diagnosticar
O diagnóstico do transtorno de personalidade narcisista deve ser realizado por um psiquiatra por meio de uma anamnese detalhada. Para isso, o profissional deve seguir os critérios definidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), segundo o qual, para ser considerado transtorno de personalidade narcisista, o paciente deve ter um padrão persistente e duradouro de grandiosidade e falta de empatia, além da necessidade de admiração. Nesse cenário, o indivíduo deve preencher, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
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Sentimento de grandiosidade;
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Necessidade constante de ser admirado;
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Sensação de merecimento;
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Falta de empatia;
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Arrogância;
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Sentimento de inveja pelos outros;
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Sensação de que é invejado pelas pessoas;
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Preocupação com fantasias de sucesso, poder, influência etc.;
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Exploração das pessoas à sua volta;
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Plena convicção de que é uma pessoa especial e única.
Mesmo seguindo esses critérios, o diagnóstico do transtorno de personalidade narcisista é bastante difícil e complexo. Isso porque ele pode ser confundido com outros transtornos de personalidade, como o bipolar e antissocial. O transtorno de personalidade narcisista tem cura? Não, infelizmente esse transtorno não tem cura.
Entretanto, após o diagnóstico, é necessário iniciar um tratamento assertivo, porque ele é capaz de aliviar o sofrimento do indivíduo que passa essa condição, além de possibilitar a mudança de alguns comportamentos. Portanto, apesar de não ter cura, existem recursos eficazes para esse transtorno a fim de garantir qualidade de vida e melhorar a saúde mental do narcisista.
Tratamento
Basicamente, o transtorno de personalidade narcisista é tratado com o acompanhamento psicológico. Afinal, é por meio da terapia que o paciente poderá tratar alguns traumas mal resolvidos e mudar o seu padrão de comportamento.
Nesse sentido, o psicólogo dará caminhos e ferramentas importantes para que o narcisista consiga reduzir o sofrimento oriundo da sua condição, bem como de alterar a forma como se relaciona e enxerga as outras pessoas.
Convém mencionar que a terapia cognitivo-comportamental e a psicodinâmica são as abordagens mais comuns utilizadas para esse tratamento.
Na primeira, o psicólogo indica caminhos para que o indivíduo mude os seus padrões de pensamento e comportamento, além de formas adequadas para a interação social.
No caso da segunda abordagem, então o foco será especialmente em conflitos implícitos, mas que contribuíram para o desencadeamento desse transtorno, como os traumas.
Independentemente de qual seja a abordagem escolhida, o mais importante é que o paciente se comprometa com o tratamento, inclusive fora do consultório.
E, vale dizer que, além da terapia, pode ser recomendado o tratamento medicamentoso para os pacientes que sofrem com outras condições mentais atreladas ao transtorno narcisista, como ansiedade,
depressão e insônia. Cabe, no entanto, ao psiquiatra a prescrição desses remédios.
(Fonte: psicologosberrini.com.br)
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