Neste domingo, 17, diversas religiões ao redor do mundo comemoram uma das datas consideradas mais importantes entre os fiéis: a Páscoa. Confira aqui as mensagens enviadas aos fiéis por representantes de algumas das igrejas que comemoram a data.
Páscoa, uma constante renovação
Por Celso Macedo Diniz*
Hoje celebramos um fato antigo e sempre novo: a Páscoa do Senhor, na manhã de domingo. Ela se renova à medida em que a Igreja, seguindo o mandato do anúncio da salvação (cfr. Mc 16, 15), consegue introduzir cada pessoa que o escuta na mesma morte e ressurreição de Cristo pelo batismo. Somos, por assim dizer, a Páscoa do Senhor na vida de alguém quando não temos medo de proclamarmos o sentido pelo qual vale a pena amar, já que estamos convencidos de que Jesus é nossa vida (cfr. Cl 3,4).
Descoberta a passagem de Cristo pelo mundo (não é mais óbvio que todos a conheçam), não é possível que fiquemos neutros perante a vida, algo se renova no interior e aquela vontade de sermos plenos se enche de esperança. Porque sabemos que uma revolução interior acontece quando Cristo é conhecido, é preciso renovar a notícia ao mundo para que saibam que Deus pisou na terra dos homens.
O modo de dar a notícia, porém, deve ser renovado. Não sejamos ingênuos: sem a atualização da fé nessa notícia, da renovação do saber, da santidade na vida da Igreja e a superação de estruturas caducas, não é possível alcançarmos as pessoas.
Páscoa é a renovação total da vida: da vida pessoal, da Igreja e, em última análise, do mundo. Mas, o velho homem (cfr. Rm 6,6) quer sempre vir à tona com sentimentos de nostalgia que prendem ao passado. Claro que existem coisas que se imortalizaram, como a liturgia da Igreja, e outras que são imortais, como a lei natural que aponta para a verdade do ser. Contudo, há espaço irrenunciável para o novo, pois Cristo está vivo e renovando a Igreja! Feliz Páscoa! O Bispo Diocesano, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, também deseja a todos uma Feliz e abençoada Páscoa!
*Padre da Paróquia Sto. Antônio e Cristo Ressuscitado
Significado da Páscoa
Por Ana Maria Rangel*
Segundo a Bíblia, os descendentes de Abraão viviam como escravos há mais de 400 anos no Egito. A fim de libertá-los, Deus designou Moisés. O faraó não permitia que o povo saísse do Egito, até que Deus enviou pragas e na última não lhe restou alternativa. O Senhor emitiu uma ordem a seu povo. A obediência a essa ordem traria a proteção divina aos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tomaria um cordeiro macho, de um ano de idade, sem defeito e o sacrificaria. (Êxodo 12).
Deveriam aspergir parte do sangue do cordeiro sacrificado nos umbrais da porta de suas casas. Quando o destruidor passasse, não mataria os primogênitos das casas que tivessem o sangue aspergido. Daí o termo Páscoa, no hebraico Pesah, que significa “passar por cima” ou “poupar”.
Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do “Cordeiro de Deus”, Jesus Cristo, que viria para tirar o pecado do mundo (João. 1:29).
A Páscoa Bíblica, portanto, consumou-se em Cristo, que a instituiu como um novo memorial – a sua Ceia, na qual o cristão comemora a morte do Senhor até que Ele venha. (Mateus 26: 24-28; Lucas 22: 16-20). Ele foi o sacrifício para perdão dos nossos pecados. O verdadeiro Cordeiro pascoal que devemos recordar constantemente, independente de uma data fixada no calendário. Aquele que n’Ele crê não perece, mas tem a vida eterna (João 3:16).
* Pastora da Igreja Sara Nossa Terra
Espiritualização pascal
Por Gerson Acker*
A Páscoa narrada no Antigo Testamento, a libertação dos hebreus no Egito, é de conteúdo claramente sociopolítico. Deus entra na história e liberta o povo da escravidão (Êxodo 12). No entanto, a Páscoa cristã acaba reclusa a um plano meramente espiritualista. Repete-se todo ano aquele discurso do “Jesus morreu por você”, ressalta-se o sacrifício remidor do Cristo diante do pecado humano. Porém, aos olhos do mundo pós-moderno, essa forma de interpretar a fé pascal corre o risco de apresentar Deus como uma divindade cruel que, para se reconciliar com o mundo, precisa da morte do seu próprio Filho. É preciso superar esse modo de compreender a Páscoa. Precisamos perguntar: Por que realmente Jesus morreu?
O caminho de Jesus até a cruz foi pontuado por seu amor e um profundo desejo de empoderar um povo vítima da opressão político-religiosa. Jesus fez oposição ao estado romano e ao sistema corrupto do templo de Jerusalém. Ele foi preso, julgado pelos tribunais religioso e político, torturado e executado como inimigo subversivo. Políticos romanos e religiosos fundamentalistas (fariseus, escribas e saduceus) arquitetaram sua crucificação, seu assassinato.
A Páscoa descortina uma enxurrada de perguntas que precisam nos tirar de nossa zona de conforto espiritual. Como celebrar a Páscoa em tempos de violência? Como sentir a ressurreição em situações de fome, desemprego crescente, destruição de condições básicas para a vida? Como renovar e revitalizar esperanças diante do reajuste dos combustíveis, da inflação em disparada, dos salários achatados, da guerra do outro lado do mundo? Como celebrar a vida no meio de tantas fake news lançadas por moralistas religiosos e políticos corruptos em ano eleitoral?
Eis o desafio: Buscar uma espiritualidade pascal inspirada na memória de luta de Jesus e dos antigos hebreus que buscava uma sociedade mais simples, justa e digna. Há que se enraizar, corporificar, ressuscitar a espiritualidade pascal na realidade para buscar transformações sociais concretas. A Páscoa é um convite para o comprometimento não apenas com a vida eterna, mas com a vida que acontece aqui e agora.
* Pastor da Igreja Luterana
Páscoas Judaica e Cristã celebram "passagens"
Neste domingo, 17, cristãos e judeus comemoraram — cada um à sua maneira — a solenidade da Páscoa. A cristã está associada à ideia de "passagem", no caso, da morte para a “vida eterna”.
Os judeus se referem à festa pelo seu nome original: Pessach. De origem hebraica, também significa “passagem”, mas da escravidão do povo israelita no Egito para a libertação na Terra Prometida, através do Mar Vermelho", sintetizou o rabino Michel Schlesinger, da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Enquanto a Páscoa está centrada na figura de Jesus, a Pessach evoca a memória de Moisés. Foi ele que, segundo o Livro do Êxodo, recebeu de Deus a missão de libertar os hebreus da opressão do faraó e, pelos próximos 40 anos, guiá-los até a Terra Prometida.
"Os cristãos acreditam que Jesus é o Messias. Ele já veio e, um dia, voltará. Nós, judeus, reconhecemos que Jesus foi um rabino que disseminou uma mensagem muito positiva de amor e respeito ao próximo, mas não o consideramos o Messias. Para nós, o Messias ainda não chegou", esclareceu o rabino.
Este ano, a Páscoa Judaica ocorre de 15 (véspera) a 23 de abril. A festa de Pêssach é celebrada durante oito dias no início da primavera em Israel.
Os judeus não comem nada feito à base de farinha, como macarrão, pizza ou lasanha. Uma iguaria que não pode faltar à mesa é o pão ázimo, feito só de trigo e água, sem fermento. Conhecida como matzá, simboliza a pressa do povo hebreu ao fugir da escravidão no Egito.
"Durante a Pessach, comemos ervas amargas para lembrar a amargura da escravidão, mas também bebemos vinho para recordar a doçura da liberdade. Não somos nem escravos nem livres. Ainda estamos no caminho", concluiu Michel Schlesinger. (Com informações da BBC News Brasil)
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