A pandemia agravou uma situação que já vinha aumentando nos últimos tempos: o diagnóstico de doenças psiquiátricas. “As pessoas finalmente descobriram os benefícios da psiquiatria. A pandemia acelerou esse processo de procura por tratamento. O psiquiatra facilita o tratamento porque sabe que cada um tem pré-disposições individuais. Conforme a dinâmica de sua personalidade, o indivíduo começa a lidar com as adversidades de maneira diferente. Alguns precisam enfrentar dificuldades como pânico, alterações repentinas de humor, tristeza, ansiedade e depressão”, explica o psiquiatra da Unimed Vitória, Vicente Ramatis.
Especialmente em quadros de depressão é necessário buscar o tratamento com a mente aberta e ter cuidado com palpites alheios. “Cuidado com as opiniões dos amigos palpiteiros. Muitos incentivam a iniciar uma automedicação, a beber para relaxar e até dão maus conselhos sobre relacionamento, por exemplo. Existe a questão das individualidades que tem que ser respeitada”, analisa Ramatis.
O psiquiatra aconselha a não estender o sofrimento e buscar consultar um profissional o quanto antes. “O tratamento facilita a vida do paciente por seus benefícios rápidos. A gente vive em coletividade, ninguém vive sem depender do outro, e isso se aplica à saúde mental. Procure alguém que tenha o conhecimento e não fique padecendo sozinho”.
Transtornos alimentares
As disfunções psiquiátricas podem causar ainda um transtorno alimentar. “Nem sempre os distúrbios alimentares serão tratados somente com dietas ou nas academias. Isso não funciona se a base do quadro não for tratada. Comer mais é para alguns a forma encontrada para diminuir a sensação de tristeza, angústia, vazio, depressão. Já outros emagrecem”, alerta o psiquiatra.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos alimentares são um conjunto de doenças psiquiátricas de origem genética, hereditária, psicológicas e sociais, caracterizados por perturbação persistente na alimentação e, considerando suas características, eles podem ser potencializados durante esse período de isolamento social.
No Brasil, segundo dados da OMS, 4,7% da população sofre de transtorno de compulsão alimentar (TCA). Esse número é quase duas vezes maior que a média mundial, que gira em torno de 2,6% da população. No país, a incidência maior é em jovens mulheres de 14 a 18 anos. (Fonte: Unimed)
Distúrbio pode se desenvolver em todas as faixas etárias
Os transtornos alimentares são condições graves relacionadas a comportamentos alimentares persistentes que afetam negativamente a saúde, as emoções e a capacidade de atuar em áreas importantes da vida. Os mais comuns são anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica.
A maioria deles envolve o foco excessivo no peso, no formato do corpo e nos alimentos, levando a comportamentos alimentares perigosos, que podem afetar a capacidade do corpo de obter nutrição adequada. Os distúrbios alimentares podem prejudicar o coração, o sistema digestivo, os ossos, os dentes e a boca e levar a outras doenças.
Geralmente se desenvolvem na adolescência e na idade adulta jovem, embora possa ocorrer em outras idades. Com o tratamento, o paciente pode retornar a hábitos alimentares saudáveis e, às vezes, reverter complicações graves. Os sintomas variam, dependendo do tipo de transtorno alimentar. Confira, a seguir, os mais comuns.
- Anorexia nervosa — ou simplesmente, anorexia – é um transtorno alimentar com risco de vida, caracterizado por peso corporal anormalmente baixo, medo intenso de engordar e uma percepção distorcida do peso ou da forma. Pessoas com anorexia fazem esforços extremos para controlar seu peso e forma, o que muitas vezes interfere em sua saúde e nas atividades do dia a dia. Quem sofre de anorexia, limita ao máximo as calorias ou usa outros métodos para perder peso, como exercícios excessivos, uso de laxantes ou suplementos dietéticos ou vômitos após se alimentar. Esforços para reduzir o peso, mesmo quando abaixo do peso, podem causar graves problemas de saúde, às vezes ao ponto da auto-inanição mortal.
- Bulimia nervosa — comumente chamada de bulimia, é um transtorno alimentar sério e potencialmente fatal. A bulimia provoca episódios de compulsão alimentar e purgação que envolvem a sensação de falta de controle sobre a alimentação. Muitas pessoas com bulimia também restringem sua alimentação durante o dia, o que geralmente leva a mais compulsão alimentar e purgação. Durante esses episódios, normalmente a pessoa come uma grande quantidade de comida em um curto período de tempo e, a seguir, tenta se livrar das calorias extras de uma forma prejudicial à saúde. Devido à culpa, vergonha e ao medo intenso de engordar por comer em excesso, força o vômito, se exercita demais ou usa outros métodos, como laxantes, para se livrar das calorias. Quem tem bulimia, costuma se julgar de forma excessivamente severa por “suas falhas”, ainda que esteja com peso normal ou apenas um pouco acima do peso.
- Compulsão alimentar — Quando se sofre desse tipo de transtorno, a periódica, a pessoa ingere regularmente muita comida e sente falta de controle sobre sua alimentação. Pode comer rapidamente ou comer mais do que o planejado, mesmo quando não estiver com fome, e pode continuar comendo mesmo depois de estar desconfortavelmente satisfeito. Depois de uma farra, pode se sentir culpado, enojado ou envergonhado por seu comportamento e pela quantidade de comida ingerida. Mas não tenta compensar esse comportamento com exercícios excessivos ou purgação, como uma pessoa com bulimia ou anorexia faria. Nesse caso, o constrangimento pode levá-lo a comer sozinho para esconder sua compulsão.
Diagnóstico
Os transtornos alimentares são diagnosticados com base em sinais, sintomas e hábitos alimentares. Se o seu médico suspeitar de transtorno alimentar, ele provavelmente fará um exame e solicitará testes para ajudar a determinar o diagnóstico. Além da consulta a um clínico geral, que deverá encaminhar para um especialista, recomenda-se procurar um profissional de saúde mental para um diagnóstico.
Avaliações e testes costumam incluir
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Exame físico: Seu médico provavelmente irá examiná-lo para descartar outras causas médicas para seus problemas alimentares. Também pode solicitar testes de laboratório.
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Avaliação psicológica: É provável que um médico ou profissional de saúde mental pergunte sobre seus pensamentos, sentimentos e hábitos alimentares. Você também pode ser solicitado a preencher questionários de autoavaliação psicológica.
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Outros estudos: Testes adicionais podem ser feitos para verificar se há complicações relacionadas ao seu transtorno alimentar.
(Fonte: hospitalsantamonica.com.br/)
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