Uma das maiores queixas que escuto, seja do adolescente, jovem ou dos responsáveis é: “Parece que ele não me escuta!”. Esta sensação de ser incompreendido vem sendo cada vez mais comum nas famílias. E se você parar para pensar, agora, comigo: quem fica mais tempo usando a internet, em sua família?
Adolescer e ir de caminho à juventude é uma fase de consolidação do desenvolvimento cerebral que somada ao convívio social é determinante em saúde mental e qualidade de vida, para a vida adulta futura. Mas sabemos que esta fase é um tanto desafiadora para todos do sistema familiar. O que pode ser transformado em uma grande oportunidade de potencializar habilidades e desenvolver capacidades, quando todos da família buscam o mesmo objetivo.
E sim, isto é possível! Às vezes, precisamos ter notícias absurdas para acreditar que o excesso para jovens e adolescentes são de fato, mais prejudiciais do que para os adultos. E assim, começarmos a mudança com nosso jovem, dentro de casa.
Segundo o ConVid/2021 que analisa comportamentos, devido à pandemia, houve uma diminuição de socialização, aumento de brigas físicas, discussões, prejuízo na escolarização, perda da qualidade na alimentação, para jovens e adolescentes. Aumentando também, o abuso infantil e a violência doméstica, com eles.
Logo, começou a aparecer o aumento do desânimo, da tristeza, da ansiedade e um distanciamento dos amigos. E percebam que significativo, também segundo o ConVid/2021, uma das análises de comportamento mais alarmantes foi a diminuição da atividade física, o aumento do consumo de alimentos ultra processados, o início ou aumento do uso do cigarro, de bebidas alcoólicas e de substâncias psicoativas ilícitas.
Vamos pensar juntos? Quando começa a faltar o diálogo, a tolerância e a dificuldade em compreender as diferenças, reagimos a isto de alguma forma. Quais atividades eu participo, para que haja algo coerente à idade do jovem? Quantas vezes, nos questionamos e cansados, buscando silêncio e quietude, nossa fuga foi calar e ver o filme que queríamos e ficar no celular, igualmente?
Trago a reflexão para buscarmos estratégias de ações, por onde é possível repensar, agir melhor, sem críticas. Pois estas nos afastam e não resolvem, mas trazem dor e culpa ou vergonha... E cada família saberá sua melhor estratégia de ação a ser implementada. O que você tem condição de mudar com seus familiares daqui em diante? Responda por si e após conseguir, sugiro que faça uma proposta a quem acredita que o diálogo é possível, para darem o primeiro passo, juntos.
Se a família é um sistema e alguém adoece, todos adoecem emocionalmente, de alguma forma. Opa! É o que faltava para que cada um se responsabilize por seu papel, dentro deste sistema. Mãos à obra? Atualmente, temos constatado que o aumento de violência doméstica dobrou. O estado do Rio de Janeiro apresentou o maior índice percentual, de 27,7%, sobre agressão física, no país. Penso que é preciso desenvolver melhores relacionamentos em nossos lares, praticarmos a escuta ativa que é saber ouvir o outro, sem pensar em outra coisa, sem julgar e propor uma solução ao que foi apresentado, enquanto família.
No momento, o que ouço e estudo sobre jovens e adolescentes é um aumento na preocupação com a rotina do dia, aumento de sentimentos como o medo, ansiedade e irritabilidade. Há também, uma atenção diferenciada para a autoimagem, preocupação com aumento de peso, alimentação com mais guloseimas e doces, medo da morte de pessoas conhecidas e uma sensação de desorientação para com o futuro. Já tem alguma ideia de onde começar com o jovem que convive?
Finalizo, deixando a esperança que sinto, quando vejo uma família se unir, dentro do possível, para ajudar um membro amado e pertencente ao sistema, onde todos se mobilizam para que a mudança de comportamento prejudicial ocorra. Seja criando estratégias com o jovem, fatores de proteção, maiores atividades em conjunto, diálogos em que o jovem também tem voz e valor no que pensa, cumprimento de novas atividades e horários, visando saúde física, mental e união para todos!
Um grande abraço e um fim de semana mais suave, agora que você sabe como contribuir para a solução!
*A psicóloga Gabriela Henrique (foto acima) é diretora da Psicuide Clínica e Consultoria (Niterói-RJ); especialista em Dependência Química/Unifesp; membro titulado Abead, por trabalhos com Transtornos por Uso de Substâncias e Dependências Comportamentais/2020. Possui MBA em Psicologia Positiva, integrada ao Coaching; Formação e Treinamento em Entrevista Motivacional e Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).
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