Um levantamento divulgado pelo Governo Federal, na semana passada, mostra que as mulheres que trabalham, 20,9%, em média, recebem salários menores do que os homens. Os dados fazem parte do Relatório Anual de Informações Sociais (Rais) de 2024, dos ministérios das Mulheres e do Trabalho. Na época, a desigualdade apontada foi de 19,4%. No levantamento seguinte, publicado em setembro, a marca aumentou para 20,7%.
De acordo com a pasta, se os salários de homens e mulheres fossem os mesmos, R$ 95 bilhões teriam sido injetados na economia brasileira em 2024. Os dados levam em consideração 19 milhões de trabalhadores em 53.014 empresas com 100 funcionários ou mais. Em média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres recebem R$ 3.755,01.
Os recortes sociais escancaram ainda mais o abismo da desigualdade salarial. No caso das mulheres negras, a média salarial é de R$ 2.864,39 -- 27,3% a menos que homens negros, que recebem uma média de R$ 3.647,97. A diferença é ainda maior quando se compara a média salarial entre mulheres negras e homens não negros, que recebem salários de R$ 6.033,15 - cerca de 110% a mais que as mulheres negras.
As discrepâncias também ficam evidentes em cargos de liderança, direção e gerência, com as mulheres recebendo 73,2% da remuneração masculina para o mesmo cargo. Com relação a profissões de nível superior, a diferença é de 31,5%.
Em funções administrativas, as mulheres recebem 20,2% a menos que os homens. Os estados como Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e Distrito Federal têm as menores desigualdades salariais.
Mais mulheres no mercado
Por outro lado, o relatório dá conta de que a participação feminina no mercado de trabalho aumentou, com o número de trabalhadoras ocupadas passando de 38,8 milhões para 44,8 milhões, entre 2015 e 2024.
Sancionada em julho de 2023, a lei que trata da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens no ambiente de trabalho determina que empresas com mais de 100 empregados adotem medidas para assegurar essa igualdade, como a implementação da transparência salarial, ações de fiscalização contra a discriminação, canais específicos para denúncias, programas de diversidade e inclusão, além do incentivo à capacitação de mulheres.
* Reportagem da estagiária Laís Lima baseada em informações do site Metropoles e O Globo. Supervisão de Henrique Amorim
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