O médico reumatologista Davi Furtado, em entrevista para A VOZ DA SERRA publicada na edição do último fim de semana, sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus, disse que um medicamento tem surtido resultados positivos no combate a doença que já matou mais de 30 mil brasileiros nos últimos dois meses, 23 deles em Nova Friburgo. Trata-se da substância Tocilizumabe, indicado normalmente para tratar doenças reumáticas e que já foi usada em alguns pacientes com Covid-19 no Hospital Municipal Raul Sertã. Todos se recuperaram da doença.
De acordo com o reumatologista, há também o Anakinra, um medicamento imunobiológico, desenvolvido para tratamento da artrite reumatoide moderada à grave, da Doença de Still e algumas síndromes autoinflamatórias da infância. “É um anti-interleucina 1, a qual tem sido descrita na fase de tempestade de citocina da Covid-19 ou fase 3. Sendo assim, vem sendo estudada para o tratamento nesta doença assim como outras medicações anti-citocinas e JAK como o Tocilizumabe e o Baricitinibe”, listou dr. Davi.
O Anakinra é um outro medicamento que reduz o risco de morte e a necessidade de respiração artificial, de acordo com um estudo francês publicado no último sábado, 30 de maio. O resultado foi publicado na revista britânica especializada The Lancet Rheumatology. De acordo com o reumatologista Randy Cron, da Universidade do Alabama (Birmingham, Estados Unidos), a “redução significativa da mortalidade associada ao uso de Anakinra contra a Covid-19 neste estudo é encorajadora”. Ele destaca o "perfil de segurança favorável" deste medicamento bem conhecido dos reumatologistas e normalmente utilizado no tratamento de artrite reumatoide. Um outro estudo com resultados semelhante está prestes a ser divulgado pelo Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
O Anakinra bloqueia uma das citocinas envolvidas nessa "tempestade inflamatória", a interleucina-1 (IL-1), aponta o estudo realizado pela equipe médica de Thomas Huet e colegas do Grupo Hospitalar Saint-Joseph de Paris (GHPSJ). Segundo os autores, a administração por injeção subcutânea durante dez dias do antirreumático a 52 pacientes graves do coronavírus permitiu uma "redução estatisticamente significativa do risco de morte e da permanência na UTI para assistência respiratória por ventilação mecânica".
O objetivo da utilização do antirreumático é combater a "tempestade de citocina", uma reação inflamatória descontrolada que surge nas formas mais graves de pneumonia por Covid-19. “Notavelmente, um estudo italiano anterior que avaliou a Anakinra intravenosa em altas doses em pacientes com Covid-19 grave, SDRA e hiperinflamação também relatou benefícios significativos e comparáveis para a sobrevivência e os resultados clínicos”, disse Davi Furtado.
“Em conclusão, podemos dizer que os estudos com os imunobiológicos no tratamento das formas moderada e grave da Covid-19 têm sido promissores e precisamos estar atentos e acompanhar os pacientes para que possam usufruir do melhor tratamento disponível até o presente momento.”, finalizou o reumatologista.
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