Lojistas esperam aumento nas vendas para o Dia de Cosme e Damião

Prática veio da associação de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã
terça-feira, 27 de setembro de 2022
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Henrique Pinheiro)
(Foto: Henrique Pinheiro)

Nesta terça-feira, 27, é comemorado o Dia de São Cosme e São Damião, data que movimenta o comércio de doces em Nova Friburgo. Sacolinhas recheadas de balas, pipoquinhas, suspiro, maria-mole, cocada, doce de leite, doce de abóbora, entre outros. Os tradicionais saquinhos - os poucos que resistem com o enfraquecimento da tradição - são distribuídos por pessoas que fizeram promessas ou apenas para fazer a alegria da criançada (e dos adultos também). Cada ano que passa, as lojas vão investindo menos, mas a esperança no aumento das vendas continua. 

Um funcionário de uma loja de doces localizada no centro de Nova Friburgo disse que nos últimos anos a tradição está perdendo forças, mas que as vendas aumentaram se comparado com o ano passado. “Mesmo com a expectativa das vendas aumentarem, os preparativos não são mais os mesmos. Antigamente a gente colocava os doces na entrada da loja e até contratava mais funcionários para ajudar nessa época. Hoje o movimento é mais tímido. Porém, mesmo com essa timidez, o movimento está melhor que o do ano passado, mas também teve a pandemia que prejudicou todo mundo”, relatou.   

De onde vem a tradição de dar doces? 

O professor Agnaldo Cuoco Portugal, do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, na religião católica, Cosme e Damião eram dois irmãos gêmeos, considerados curandeiros - médicos na comunidade onde viviam. 

Para o catolicismo, não havia nenhuma ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.

O professor explicou que, como havia muita repressão na época da escravidão no Brasil aos cultos africanos, os negros precisavam adorar suas divindades sempre associando a algum santo católico. E foi isso que aconteceu com São Cosme e São Damião.

"Naquela época, os escravos africanos não tinham a possibilidade de cultuar os seus orixás, as suas divindades livremente. Eles tinham que fazer essa associação com alguns santos católicos, para não serem perseguidos. A tradição de dar doces tem a ver com esses dois orixás crianças que foram associados a Cosme e Damião", explica o professor.

Agnaldo Cuoco disse ainda que muitos dos nossos costumes hoje têm relação com a religião, que é um traço muito marcante no Brasil. Locais sagrados, festas e tradições estão sempre muito ligadas a uma história religiosa.

"A religião tem um papel de raiz, de fonte de vários elementos da cultura. Permite a você marcar o dia, por exemplo. Esse dia especial, que está ligado a tal coisa. Ou os lugares, tal lugar é especial, é um templo, é uma catedral, é um terreiro, é uma casa de santo. Então, a religião está ligada à cultura de diversas maneiras", resume o professor.

Em 1969, a Igreja Católica alterou o dia de São Cosme e São Damião para o dia 26 de setembro para não chocar com a data que se celebra São Vicente de Paula. Mas, pela tradição, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27. (Com informações da Agência Brasil)

 

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