Fundada por imigrantes alemães em 3 de maio de 1824, a mais antiga comunidade Luterana da América Latina, sediada em Nova Friburgo, comemorou, em 2017, os 500 anos da Reforma Protestante — em 1517, Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, as 95 teses em que questionava “as práticas do clero católico, a avareza e o paganismo”.
Martim Lutero nasceu em Eisleben, Alemanha, em 1483, filho de Hans Lutero e Margarethe Lindemann. Estudou nas escolas de Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach, e em 1501, matriculou-se na Universidade de Erfurt, onde se graduou em Filosofia e Direito.
Ao entrar na Ordem Agostiniana (Frankfurt, 1505), Lutero dedicou-se às orações, autoflagelação e meditações. Quanto mais se entregava à vida religiosa, mais sentia o peso dos seus pecados. O superior da ordem, percebendo que Lutero precisava de mais trabalhos do que apenas ter uma vida contemplativa, pediu que ele iniciasse uma carreira acadêmica.
Em 1507, Lutero foi ordenado padre e, no ano seguinte, começou a lecionar na Universidade de Wittemberg, onde aprofundou os estudos sobre o grego e o hebraico para melhor compreender as palavras da Bíblia.
As ideias
No início do século 16, a Igreja Católica estava empenhada em arrecadar fundos para a construção da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Um projeto que requeria recursos financeiros tão monumentais quanto a obra em questão.
Para atrair o máximo de arrecadação, muitos bispos passaram a cobrar por serviços que, até então, eram oferecidos gratuitamente aos fiéis. As indulgências, isto é, a remissão dos pecados, começou a ser cobrada.
Não bastava o fiel fazer sacrifícios e ter uma vida penitente, era preciso pagar pelo perdão dos pecados. Isso chamou a atenção de Lutero ao perceber a vida de luxo e bonança que o alto clero vivia enquanto a maioria da população vivia na miséria. A alma penitente, a confissão dos pecados e a busca pela santidade não valiam mais do que algumas moedas depositadas nos cofres da Igreja.
A ruptura
A cobrança de indulgências foi o principal motivo para que Lutero afixasse na porta da Igreja de Wittenberg suas 95 teses, criticando o que, de acordo com ele, eram práticas avarentas e pagãs dentro da Igreja Católica.
Ao dar início à Reforma Protestante, Lutero não imaginava que suas ideias motivariam rompimentos dentro do clero e uso político por reis e príncipes. A sua tradução da Bíblia para o alemão possibilitou a leitura e interpretação da Sagrada Escritura por parte do próprio fiel.
Lutero colaborou na fuga de 12 freiras que escaparam do Convento de Nimbschen. Uma delas, Catarina Von Bora, casou-se com ele em 1525, e essa união incentivou vários padres e freiras a romperem o celibato.
Logo após o seu rompimento com a Igreja Católica, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, permitindo que qualquer indivíduo pudesse fazer a leitura da Sagrada Escritura sem qualquer mediação.
A reforma
Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, 95 teses em que ele questionava as práticas mundanas do clero católico, a avareza e o paganismo que, em sua visão, existiam na Igreja. As teses chamavam para uma disputa eclesiástica sobre elas, e rapidamente, se espalharam pela Alemanha, conquistando adeptos.
Lutero não questionava abertamente a autoridade do papa para conceder as indulgências, mas, a partir do momento em que as teses foram divulgadas, seu propósito inicial foi interpretado de acordo com o interesse de quem as divulgava.
Logo após Lutero expor suas teses, a Igreja não tinha levado a sério a pretensão do padre agostiniano. No entanto, como as ideias começaram a tornar-se conhecidas, o papa Leão X designou o professor de teologia Silvestro Mazzolini para respondê-las em tese acadêmica.
Ao publicar-se a réplica, Lutero respondeu ao teólogo, iniciando o debate sobre a autoridade do Sumo Pontífice. Como a controvérsia não tinha fim e os textos de Lutero, graças à imprensa, eram divulgados rapidamente, o papa excomungou-o em 1521. Mas o castigo não o abateu. Ele seguiu firme com suas ideias e ao falecer em 1546, deixou um legado que se expandiu mundo afora.
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