Uma equipe do Governo do Estado do Rio de Janeiro esteve em Nova Friburgo na última segunda-feira, 17, para fazer uma vistoria técnica nas obras do futuro Hospital do Câncer de Nova Friburgo, no bairro Ponte da Saudade. Os serviços de adaptação do imóvel onde funcionou o Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs) estão paradas desde 2016. Participaram da visita a subsecretária de Vigilância em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Cláudia Mello; a superintendente de Serviços e Infraestrutura do Estado, Juliana Ribeiro e o gerente de Obras da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), Diego Iório.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado (SES) informou que a visita teve o caráter de avaliação preliminar à edificação do futuro Hospital de Oncologia Francisco Faria, que terá o atendimento exclusivo para pacientes oncológicos. Após a vistoria, ficou acertado que a SES disponibilizará informações e documentos técnicos à Emop para que o projeto seja concluído e as obras no local, enfim, retomadas, atendendo ao enorme anseio da população, principalmente os doentes com câncer. A Emop se comprometeu ainda a formular um planejamento de prazos e valores do custo da obra que serão repassados à SES para avaliação da continuidade do projeto e conclusão da obra.
A visita foi guiada pelo vereador de Nova Friburgo, José Roberto Folly, que faz parte do movimento S.O.S. Hospital do Câncer, e, hoje, toma conta do espaço para evitar novas invasões e depredações do prédio. “Durante a visita do governador Cláudio Castro a Nova Friburgo em janeiro deste ano, quando completaram-se dez anos da tragédia climática na Região Serrana, foi entregue a ele um dossiê detalhado, com fotos, informações, abaixo- assinados e cópias de inquéritos abertos em prol do reinício das obras. Na ocasião, o governador garantiu que um dos projetos de sua gestão seria a retomada das obras do Hospital do Câncer de Nova Friburgo. Depois disso, também estive no Rio de Janeiro, conversando com representantes da Emop e da Secretária de Infraestrutura sobre a necessidade da retomada das obras deste hospital que atenderá, não só pacientes de Nova Friburgo, mas de toda região”, disse o vereador.
O prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon, e a secretária municipal de Saúde, Nicolle Lessa Cipriano também acompanharam a vistoria. De acordo com nota divulgada pela prefeitura, a ideia, a princípio, seria concluir a obra para abrir em Nova Friburgo o serviço de tratamento oncológico com quimioterapia e, avançando o projeto, implementando no futuro também o tratamento de radioterapia. Cabe ressaltar que a prefeitura não tem contribuição direta com valores para a realização da obra, já que a realização do projeto é do Governo do Estado.
Johnny Maycon informou ainda que determinou que equipes da Prefeitura de Nova Friburgo iniciassem imediatamente a limpeza do local e seu entorno, de modo a deixar o canteiro de obras pronto para que o Governo do Estado retome os trabalhos. “Acreditamos que essa parceria pode ser bastante eficiente com o interesse e o apoio do município e a contrapartida do Estado para abertura desse serviço que vai beneficiar não só a população friburguense, bem como de diversas cidades do entorno”, declarou a secretária municipal de Saúde, Nicolle Cipriano.
Desejo antigo
As obras do Hospital do Câncer começaram em 2015 e foram paralisadas no ano seguinte por falta de recursos. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a conclusão do empreendimento, que já havia sido objeto de acordo entre as partes em 2012, mas em 2016 - um ano após o início das obras -, os valores contratuais foram atualizados e o Governo do Estado do Rio não cumpriu sua parte, o que fez com que a construção fosse interrompida.
O contrato previa um repasse de R$ 49 milhões do Ministério da Saúde por meio do programa “Estruturação da Rede de Serviços de Atenção Especializada”, além de quase R$ 10 milhões do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 2016, com a atualização do valor em quase R$ 4 milhões, a Caixa Econômica Federal, autora do repasse, exigiu que o Governo do Estado do Rio, já em grave crise financeira, cumprisse pendências financeiras para autorizar a entrega. Com a não realização por parte do Executivo estadual, a obra foi interrompida quando já havia 12% dos serviços concluídos.
Déficit na cobertura para pacientes
Em 2012, o Ministério da Saúde reconheceu o déficit na cobertura para pacientes oncológicos. Segundo parecer de mérito, ficou reconhecido que o Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Serrana possui uma carência de 149 leitos hospitalares, o que fazia da criação do Hospital do Câncer urgentemente necessária para a população de toda a região, não apenas Nova Friburgo.
Atualmente, os pacientes que precisam de tratamento oncológico são transportados para o Rio de Janeiro ou Teresópolis em trajetos que não duram menos que duas horas e meia de viagem. Os pacientes perdem um dia inteiro para fazer um exame, pois precisam aguardar até o atendimento do último paciente para poder retornar a Friburgo em vans fretadas pela prefeitura.
A experiência dramática de horas de espera e deslocamento por que passam os pacientes oncológicos na Região Serrana é diametralmente oposta à instrução do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que, entre dezenas de cuidados paliativos, recomenda “evitar lugares fechados, sem ventilação e com aglomeração de pessoas”, além de “procurar ter um bom sono e repouso”.
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