No final do século XIX, com a Revolução Meiji, em 1868, o Japão se abria para o mundo e mudava sua organização social. Desta maneira, os impostos cobrados aos camponeses aumentaram obrigando milhares de pessoas a se dirigirem para as cidades. Com o crescimento da população, o governo japonês passou a estimular a imigração para a América.
Por sua vez, o Brasil também passava por profundas mudanças. Com o fim do tráfico negreiro, em 1850, e os crescentes movimentos abolicionistas, os fazendeiros passaram a contratar mão de obra imigrante europeia para substituir os escravos.
A imigração na República
Com o advento da República, a política de “descarte” do trabalho dos africanos escravizados se intensificou. Em 5 de outubro de 1892 foi aprovada a Lei nº 97 que permitia imigração de japoneses e chineses ao Brasil. Ainda previa a abertura de embaixadas e a celebração de tratados de comércio entre ambos os países.
O Japão se interessou pela abertura e o embaixador Fukashi Sugimura assumiu seu posto diplomático, atento às condições do país. Sugimura escreveu um relatório favorável à vinda de japoneses para o Brasil e, posteriormente a imigração de japoneses foi entregue a empresas particulares.
Essas companhias passaram a “vender” a ideia de que o pé de café era a "árvore de ouro", que colhê-lo era uma tarefa fácil e que o imigrante rapidamente enriqueceria e voltaria rico ao Japão.
A chegada em Santos
Em 1908, o navio "Kasato Maru" aporta no Porto de Santos, em São Paulo, trazendo 781 japoneses. Não era permitida a vinda de solteiros, somente casados e com filhos.
Os imigrantes japoneses assinavam contratos de trabalho de 3, 5 e 7 anos com os proprietários das fazendas e, em caso de não cumprimento, deveriam pagar pesadas multas.
Sem falar o idioma e sem nenhuma infraestrutura preparada para recebê-los, os imigrantes japoneses se deram conta de que haviam sido enganados.
À medida que os contratos iam terminando, muitos abandonavam as fazendas de café. Já quem não queria esperar, fugia para as cidades grandes e para outros estados, como Minas Gerais e Paraná, onde as terras tinham um preço mais acessível.
Com paciência e determinação, os japoneses conseguiram fazer lavouras no campo ou abrir negócios na cidade e estabilizar sua vida. Calcula-se que 190 mil japoneses vieram para o Brasil antes da 2ª Guerra Mundial.
Durante a 2ª Guerra
Mas, na década de 1940, o cenário mudaria, rapidamente. O Brasil apoia os Estados Unidos e a Inglaterra, na Guerra Mundial (1939-1945) enquanto o Japão lutava ao lado da Alemanha e da Itália.
Quando o Brasil declara guerra aos países do Eixo, em 1942, uma série de leis vai prejudicar as comunidades japonesas, como o fechamento de escolas, associações, clubes esportivos e o uso de símbolos nacionais nipônicos. Além disso, eles têm suas vendas prejudicadas, são proibidos de se reunirem e vários deles tiveram suas propriedades e bens confiscados.
Nas assembleias estaduais se discutia a proibição da vinda do “elemento amarelo” para o país, pois este representaria um perigo para a sociedade. De todos os modos, os imigrantes japoneses continuariam a chegar até a década de 1970.
Influências
Por outro lado, os imigrantes japoneses introduziram novos cultivos como o chá ou bicho da seda no campo brasileiro. Aperfeiçoaram a cultura da batata, do tomate, do caqui e do arroz e, por isso, foram chamados de "deuses da agricultura". Também trouxeram religiões como o budismo e xintoísmo, danças típicas, artes plásticas e marciais como o judô e o karatê.
Personalidades nipo-brasileiras
Vários imigrantes e descendentes de japoneses se destacaram no Brasil. Confira alguns exemplos:
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Haruo Ohara (1909-1999), agricultor e fotógrafo
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Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica e pintora
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Yukishigue Tamura (1915-2011), político
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Tikashi Fukushima (1920-2001), pintor e desenhista
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Manabu Mabe (1924-1997), desenhista, pintor e tapeceiro
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Tizuka Yamazaki (1949), cineasta
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Hugo Hoyama (1969), atleta
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Lincoln Ueda (1974), atleta
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Daniele Suzuki (1977), atriz e apresentadora
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Juliana Imai (1985), modelo
(Fonte: www.todamatéria/historiadobrasil)
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