Friburguense na Itália: “Nossa vida mudou muito. Não saímos mais de casa”

Moradora da província de Cremona, Luciana Aguiar se preocupa com a minimização da doença pelos brasileiros
sexta-feira, 13 de março de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Luciana:
Luciana: "Se todo mundo pegar ao mesmo tempo, vai ter uma crise sanitária absurda" (Fotos de arquivo pessoal)

A Itália é um dos países com maior número de casos confirmados de coronavírus. Com boa parte da população idosa, grupo em que o vírus é mais letal, o país cancelou todos eventos esportivos, de entretenimento e que acumulem aglomeração de mais de mil pessoas. O número de casos no país passa de 15 mil, com mais de mil mortes.

O primeiro caso registrado foi em Codogno, cidade perto de Cremona, cidade onde reside a friburguense Luciana Aguiar, junto com seu marido Victor Mascarenhas e sua filha de quase 2 anos, Niki. Luciana conversou exclusivamente com A VOZ DA SERRA e falou como a rotina da família foi alterada por conta do surto da doença. Ela conta que logo que o primeiro caso foi detectado, a cidade inteira entrou em quarentena para prevenir que o vírus se alastrasse.

“Nós moramos em Cremona e ficamos assustados, mas não muito, porque logo depois colocaram a cidade em quarentena. Cancelaram as aulas, fecharam todas as escolas, com um prazo inicialmente de uma semana , só que esse prazo era sempre renovado e agora todos os espaços públicos estão fechados até o dia 3 de abril e provavelmente esse prazo deve se estender”, contou a friburguense, que hoje trabalha como designer de mídias sociais.

Assim como Luciana, a rotina de toda a família foi alterada por conta das recomendações de evitar locais públicos. Seu marido, Victor, que trabalha como gerente de inovação em uma empresa de embalagem plástica para alimentos – com foco em sustentabilidade, agora trabalha de casa.

“Antes do governo italiano decretar que todo o país estava em zona vermelha, meu marido já tinha decidido trabalhar daqui de casa. Nossa vida mudou muito. A Niki ficava na creche na parte da manhã e agora está em casa, assim como o Victor. Eu já trabalhava de casa. A única parte em que fui afetada é em função da falta de tempo, porque quando minha filha ia para a creche eu conseguia trabalhar, agora só quando ela está dormindo. Não saímos mais de casa, muito raramente vamos a um parque, por ser lugar aberto e porque não tem ninguém. Aliás, não tem ninguém em lugar nenhum”, constata.

“Sou designer e quando a Niki tinha 5 meses fiz um perfil no Instagram (@vireimaenagringa) para compartilhar minha vida de mãe na Itália com outras mães que passam pelo mesmo que eu (ser mãe no exterior). De um tempo pra cá as pessoas começaram e me pedir para ensinar design de Instagram por lá. Comecei a estudar marketing digital e por conta disso eu trabalho como designer de mídias sociais, desenvolvi um curso e já vendi para algumas pessoas”, explicou.

Sem histeria 

Luciana afirma que, apesar da preocupação para conter a expansão dos casos, o país europeu não vive uma histeria. Locais importantes como farmácias e supermercados tiveram a recomendação para permanecer abertos, evitando uma correria para estocar alimentos e medicamentos, o que poderia agravar a situação no país.

“Saiu um decreto no último dia 11 que somente farmácias, tabacarias, jornaleiros e supermercados devem ficar abertos. Restaurantes só podem entregar em casa. Uma coisa importante que a gente frisa aqui é pra não ficar histérico com relação a mercado. Não há necessidade, os mercados não vão fechar. Se as pessoas comprarem muita mercadoria vai demorar mais tempo para repor”, alertou.

Preocupação com brasileiros que consideram vírus “fraco”

Segundo Luciana o comportamento dos brasileiros a preocupa. “As pessoas estão seguindo as recomendações. Já caiu no nosso entendimento que se evitar o contato, a chance de transmissão é menor. O que eu percebo, pelos meus amigos que moram no Brasil, é que eles dizem que é um “vírus fraco, que não mata tanto assim”, mas o problema não é esse. Como é uma doença extremamente contagiosa, se todo mundo pegar ao mesmo tempo vai ter uma crise sanitária absurda, que é o que acontece aqui na Itália. Boa parte da população é idosa e é o grupo que apresenta mais risco. Além disso, os hospitais não têm unidades de terapia intensiva que comportem tantos infectados, sem contar que não existe só o COVID-19, então é bem preocupante”, disse ele. 

Segundo dados atualizados do Ministério da Saúde, até a atualização desta notícia o Brasil tinha 98 casos confirmados do Novo Coronavírus, 1.485 pacientes com suspeita de infecção aguardam resultados de exames laboratoriais e 1.344 suspeitas descartadas.

 

LEIA MAIS

Confira a origem da data e a importância do profissional na sociedade

Instituição recebeu medicamentos que deveriam ter sido descartados há dois anos

Ao todo, cerca de 18 imunizantes estarão disponíveis para todas as idades, mas especialmente para as crianças e adolescentes

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 78 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra