Ao longo desta semana, de 14 a 18 de junho, o Posto de Perícia Médico-Legal (IML) de Nova Friburgo estará realizando uma campanha inédita na cidade: a coleta de DNA de familiares de desaparecidos. Na Região Serrana, apenas os postos de Friburgo e Petrópolis vão realizar esse serviço, de amplitude nacional.
Diretor do posto regional do IML de Friburgo, o perito André Garcia Pereira explicou ao jornal A VOZ DA SERRA que o objetivo do projeto é possibilitar, através da maior disponibilização de material genético, o cruzamento de dados de desaparecidos de todo o Brasil, agilizar as buscas e facilitar o encontro de eventuais vítimas. Em resumo, a elucidação de casos. Somente no último ano, segundo ele, 15 pessoas sem identificação foram sepultadas em Friburgo, como indigentes.
O projeto é uma parceria entre o Ministério da Justiça e vários outros órgãos, como a Polícia Federal, o Ministério Público e as secretarias de Polícia Civil de todos os estados. O cadastramento envolve tecnologia de ponta e profissionais altamente especializados em perícia técnico-científica, no melhor estilo “CSI”.
O exame de DNA é uma ferramenta já bem conhecida para a identificação de pessoas. Ainda que seja mais lembrada por sua utilização em testes de paternidade ou na solução de crimes, esse recurso vem sendo usado com sucesso na localização de desaparecidos tanto no Brasil como no exterior.
O DNA deverá ser coletado de dois familiares em primeiro grau da pessoa desaparecida, preferencialmente pai e mãe; filhos e o genitor do filho da pessoa desaparecida; ou irmãos (no caso de filhos e irmãos, quantos forem possíveis).
Como o DNA do próprio desaparecido é ainda mais eficiente para a busca, os familiares podem também entregar itens de uso pessoal do desaparecido como escovas de dentes, aparelhos ortodônticos ou amostras como dente de leite e cordão umbilical.
A coleta de material genético é voluntária, indolor e precedida da assinatura de um termo de consentimento. O procedimento é simples, feito com um cotonete na mucosa da boca. O perfil genético obtido não será utilizado para nenhum outro fim além da tentativa de identificação do parente desaparecido.
Sumiço de motorista é mistério até hoje
Em Nova Friburgo, não há estatísticas sobre desaparecidos. Um caso recente, ainda não esclarecido, foi o desaparecimento, em agosto passado, de Fabio Corrêa, motorista da Faol por mais de 15 anos. Sua irmã, Rosa Corrêa, conta que Fabio, morador de Debossan, saiu de madrugada de casa, descalço, e foi visto pela última vez andando por Theodoro de Oliveira, após um dia normal de trabalho. Buscas exaustivas em áreas de mata, com o auxílio até de cães farejadores que atuaram na tragédia de Brumadinho (MG), foram realizadas sem sucesso, em localidades diversas como a serra de Cachoeiras de Macacu, Sana e Cabo Frio. Todas as pistas até agora resultaram infundadas. Um inquérito aberto na 151ª DP investiga o caso.
No lançamento da campanha, dia 25 passado, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse que o Brasil não tem mais tempo a perder e que o governo federal, junto com os estados, quer dar respostas rápidas para os casos de desaparecimento no país. “Sozinhos não vamos conseguir alcançar nosso objetivo, que é o de amenizar o sofrimento de quem tem um ente desaparecido. Por isso, é fundamental que todos os estados estejam engajados”, afirmou.
Um Comitê Gestor da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas também foi criado para desenvolver estudos e políticas voltadas para o tema, além de promover a articulação entre os órgãos de segurança das diversas esferas administrativas (federal, estadual e municipal) para o mapeamento, a prevenção e a busca de desaparecidos. Saiba mais aqui.
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