Em abril de 2017, em seu primeiro ano como prefeito, Renato Bravo, acompanhado de parte de seu secretariado e uma comissão da Associação dos Ex-Alunos, Professores e Funcionários visitaram as instalações do extinto Colégio Nova Friburgo, no bairro Vila Nova, numa das mais recentes tentativas de pensar novos usos para aquele espaço - o que encheu os ex-alunos de esperança na sua revitalização.
Além de conhecer toda a estrutura, em desuso desde 2011, a inspeção se deu também para que fossem avaliadas as condições para execução de futura os projetos no local. Na ocasião, Bravo informou que “a prefeitura tem todo o interesse de participar e desenvolver ações nesse espaço. Acredito que aqui deve ser um lugar voltado à população”.
Durante a visitação, algumas ideias foram compartilhadas pelos presentes. Dentre elas estavam a formação de um centro de treinamento esportivo e uma escola para treinamento, qualificação e gestão de servidores. De acordo com o prefeito, o próximo passo seria estudar as alternativas viáveis de utilização do local e buscar a parceria da Fundação Getúlio Vargas para que os projetos possam acontecer.
“Vamos nos reunir com um grupo de trabalho, que envolve as secretarias presentes e membros da associação juntamente com um representante da Fundação, para que possamos entender se há possibilidade de executar projetos aqui. Temos muitas ideias, mas precisamos definir quais delas são viáveis. A FGV tem o facilitador das parcerias e precisamos dela junto a nós para que as propostas aconteçam”.
Além do suntuoso prédio principal — que conta com dezenas de cômodos nos quais funcionam refeitório, biblioteca, laboratório, dormitórios, salas de aula e um grande teatro com capacidade para quase mil pessoas — o complexo ainda possui um amplo prédio anexo e um ginásio com quadra poliesportiva e piscina olímpica.
Construído para ser um grande cassino, o espaço se transformou nas instalações do prestigiado Colégio Nova Friburgo, um internato e semi-internato responsável por abrigar jovens oriundos de várias partes do Brasil, ao longo de quase três décadas.
Sob a responsabilidade da Fundação Getúlio Vargas, anos depois do fim do CNF, o complexo foi alocado pelo Instituto Politécnico do Rio de Janeiro da Uerj. Com a tragédia climática de 2011, a universidade se viu obrigada a encerrar as atividades no local e ocupar parte das dependências desocupadas da Fábrica de Filó, no bairro Lagoinha.
Casarão à venda
Em 6 de dezembro de 2018, a VOZ DA SERRA publicou matéria sobre o anúncio da venda do casarão do antigo Colégio Nova Friburgo, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), deixando ex-alunos e ex-funcionários preocupados com o destino do imponente conjunto em estilo neoclássico. A Fundação colocou o imóvel à venda pela primeira vez e contava receber propostas até o início de julho do ano seguinte.
“Ficamos preocupados, porque nosso propósito é fazer renascer o colégio”, disse o então engenheiro e presidente da Associação de Ex-Alunos, Professores e Servidores do Colégio Nova Friburgo, Fernão Gondin da Fonseca. “Temos vários projetos e gostaríamos que o local fosse usado por alguma instituição de ensino que fizesse o bom aproveitamento daquela área. Será vendido para quem?”, preocupou-se ele.
No anúncio publicado no mesmo dia em A VOZ DA SERRA, e também disponível na página fgv.br/novafriburgo, a FGV tornou público o interesse na venda do terreno, que tem 1.619.208,52 metros quadrados, sendo 17.093 metros de área construída, por um valor de venda estimada por especialistas em R$ 15 milhões.
O CNF foi referência de ensino no país em seus 27 anos de existência. Anos depois do fim da instituição, o complexo foi cedido ao Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), da Uerj, até 2011, quando a tempestade de janeiro destruiu o acesso ao local e afetou a estrutura dos prédios.
Deterioração, e mato em volta
Com a via principal bloqueada por um deslizamento de encosta, a Rua Gabriel Rastrelli que, segundo Fernão Fonseca, começou a ser aberta em 1958/59, teve que ser concluída para dar novo acesso ao casarão. A Uerj mudou-se para as instalações da Fábrica Filó, em 2012, deixando o imóvel da antiga Fundação, como ainda é conhecido.
“O deslizamento foi causado por um desleixo da Uerj, que não fez canaletas para escoamento das águas das chuvas e asfaltou a rua, prejudicando a permeabilidade da via”, criticou o engenheiro e ex-aluno.
A Uerj e a Fundação travaram durante anos uma batalha judicial em torno das responsabilidades pela manutenção do espaço. Nesta data, a equipe de A VOZ DA SERRA esteve no local e viu que a nova rua ainda não havia recebido calçamento. É de terra batida e cheia de buracos. A via anterior, a Rua Alberto Rangel, continuava bloqueada para veículos. Era possível passar a pé por lá, mas a encosta apresentava sinais de deslizamentos recentes.
Fechado há cerca de oito anos, o gigantesco imóvel cercado pela Mata Atlântica era vigiado por dois seguranças. A equipe de reportagem não foi autorizada a entrar, mas pode observar, mesmo de longe, que os prédios estavam se deteriorando, e o mato crescia em volta.
Ano passado, autoridades municipais realizaram inspeção nas instalações para execução de futuros projetos, mas nenhuma das ideias saiu do papel. Por sua vez, a FGV informou que decidiu pela venda do imóvel para fazer novos investimentos na área de ensino e pesquisa em suas unidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
“As propostas para compra do imóvel têm que ser encaminhadas até o dia 6 de julho (2019) à Diretoria de Operações da FGV”, informou. Outros detalhes podiam ser obtidos em fgv.br/novafriburgo.
A Fecomércio/RJ — Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro, que administra o Sesc, fez uma proposta de compra do imóvel por R$ 13 milhões, mas o negócio não prosperou.
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