Ela vive plenamente do jeito que sempre quis

Marly Pinel desfila como ninguém na passarela da vida
sexta-feira, 01 de setembro de 2023
por Ana Borges
Marly Pinel (Fotos: Redes Sociais)
Marly Pinel (Fotos: Redes Sociais)

Idosos não estão mais afim de ficar ouvindo coisas como, ‘velho demais para trabalhar’, ‘velho demais para se divertir’, ‘velho demais para se relacionar’, ‘velho demais para ter vida sexual’, velho demais pra isso e pra aquilo. E mesmo quando se trata de uma pessoa que não se enquadra nesse estereótipo, acaba caindo em outro clichê, o do velho travestido de jovem. 

É hora de olhar com naturalidade a pessoa idosa, seja ela ativa e/ou descolada ou não. E entender que é inaceitável o preconceito contra idosos, o chamado etarismo. Ninguém tem que mudar comportamentos — se não quiserem —, à medida que envelhece. Seja mantendo antigos hábitos ou adquirindo novos, quer botar um biquíni para ir à praia, ponha, quer dançar, paquerar, estudar, desfilar no carnaval? Se joga! Faça valer a forma como quer viver, seja qual for a sua idade.

É o que faz Marly Pinel, 87 anos, apresentadora de televisão e colunista social, que faz do bem viver sua opção existencial. Só toma remédio para pressão arterial, dorme bem e come de tudo. Ela diz que nasceu pra ser feliz. Não há em Friburgo, uma figura pública mais querida e prestigiada do que Marly Pinel. Algum segredo? Não tem.

“Eu sou assim…”

“Vivo a minha vida como quero e gosto, me cuido e não reclamo de nada. Não me meto na vida dos outros, nem dou espaço para maledicências. Não julgo ninguém e penso que cada um é responsável pelos seus atos. Quando dei um rumo à minha vida, e eventualmente era criticada, seguia em frente. Não perdia nem perco tempo com fofocas. A vida é preciosa, bela e curta, para se dar importância ao que não tem. Todo dia, quando acordo, agradeço a Deus por tudo que tenho. Sou católica, vou à missa todos os domingos e peço pela minha família, que proteja meu filho, netos e bisneto. O que mais posso querer da vida?”. 

Cercada de amigos, costuma jantar fora com amigos, se ‘empetecar’, ficar linda só pra ir até a padaria. ‘Persona gratíssima’, sua presença é garantia de animação em qualquer evento. Não depende de ninguém para ir onde queira, e resolve o ir e vir, de ônibus, carona, a pé, ou de táxi. 

Encara a vida com seu jeito personalíssimo e não se intimidou quando teve vontade de vestir um short, há mais de 60 anos, algo incomum, então. Se foi criticada, não se importou. Como faz até hoje. “Não existe esse negócio de época para mim”, setencia. Verdade: em 2015, aos 79 anos, posou para um catálogo da coleção Primavera Verão, na Fevest Feira de Moda Íntima.    

Há décadas desfila nas quatro escolas de samba de Friburgo. Seu nome é sinônimo de carnaval, sua participação é uma tradição. Afinal, uma vez rainha, sempre rainha. De onde vem tanta energia, essa capacidade de estar sempre feliz, de bem com a vida? Nenhum mistério, pelo que se deduz de suas declarações:

“Não frequento academia mas ando muito porque levo meu cachorro pra passear. Como nasci num sítio em Conselheiro Paulino, cresci saudável e livre. Nossa diversão era ir à missa aos domingos, jogar futebol e ir dançar no clube. Sempre com meu pai. Aprendi a costurar por necessidade, quando compramos um apartamento. Então, quando precisava de uma roupa nova, eu mesma fazia. Tomei gosto e faço isso até hoje, reformo uma peça quando quero, reaproveito o que dá”, conta.

Insisto, se não tem segredo, tem um lema, pelo menos? “Olha, primeiro, tem que gostar de si mesmo, se dar valor. Depois, gostar da vida e não ter medo de viver. Aliás, a única coisa que me incomoda, é que um dia vou morrer. Isso, eu não queria não!”. 

O tempo é seu aliado

Ícone do carnaval friburguense, presença indispensável em eventos artísticos, culturais e sociais da cidade, sua história virou obra da escritora Catherine Beltrão, no livro “Marly Pinel — Histórias e crônicas de uma diva popstar”, lançado em maio deste ano. 

Determinada, quanto mais vive, mais fortalecida se sente. Sábia, tira da passagem do tempo a energia necessária para resistir, tornando o tempo um aliado em sua caminhada. O livro resgata, divulga e contempla a história de Marly Pinel, “valorizando a riqueza do universo feminino e promovendo reflexão acerca da inserção da mulher na sociedade pela ótica de uma grande e experiente diva, que sempre esteve além do seu tempo. Em tempos de luta da mulher por igualdade de direitos, Beltrão expõe aspectos da força feminina que levaram à ascensão da menina nascida no interior à cidade, vencendo desafios e desigualdades”.

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: