Após cumprir a missão de se manter na Seletiva do Campeonato Carioca – apesar de não ter conseguido o objetivo principal de chegar à fase principal -, o Friburguense já planejava a montagem do elenco para a disputa da Copa Rio. Boa parte do plantel chegou a ser emprestada, e muitos retornariam para a disputa da competição, já mirando também a próxima temporada. Contudo, a pandemia mudou todo o planejamento, recolocou alguns atletas na folha de pagamento tricolor antes do previsto e agravou o cenário de incertezas.
Enquanto aguarda por definições de datas e o detalhamento da próxima edição do Estadual (provavelmente com 18 clubes), o Frizão, sem a Copa Rio, passa pelo processo natural de perda de algumas peças importantes dos últimos elencos montados. Autor do gol do acesso em 2019 e um dos destaques este ano, o zagueiro Raniel é um desses jogadores que vão encarar novos desafios na carreira.
Revelado pelo Nova Iguaçu, o atleta de 23 anos teve rápida passagem pelo Pinheiro (MA) e agora vai para a sua primeira experiência fora do país, na segunda divisão de Portugal. Juntamente com o meia atacante Michel, que fez sua base no Flamengo e Fluminense, e vem de um bom estadual disputado pelo Boavista, Raniel assinou contrato com o Oliveirense para a temporada 2020/2021, que deve começar em setembro. O objetivo da equipe de Oliveira de Azeméis é voltar à elite portuguesa.
Quem também está de casa nova é o volante Vitinho, que já havia deixado Nova Friburgo após a Série B1 de 2019. Natural de Miracema, o jogador começou a carreira no São João da Barra, se destacou no Friburguense e passou ainda por Bangu, Portuguesa e Resende, clube pelo qual jogou o Campeonato Carioca da Série A deste ano. Alvo de vários elogios, Vitinho está defendendo o Santo André, um dos destaques da primeira divisão do Campeonato Paulista 2020.
Outro atleta que apareceu com destaque no Frizão e está de casa nova é o atacante Dedé (foto). O jogador já não fazia mais parte dos planos de Cadão durante a Seletiva, enquanto negociava com o cearense Ferroviário. Após a conclusão dos trâmites burocráticos de transferência, o clube nordestino adquiriu 60% dos direitos federativos do jogador, e o restante ficou com o Americano. O detalhe é que, no dia 3 de fevereiro, o Ferrão anunciou Dedé pela primeira vez, mas faltava concluir a liberação junto ao Friburguense.
Dedé tem 25 anos e 1,83 metro de altura. Natural de Cachoeiras de Macacu foi descoberto junto com o zagueiro Magrão durante uma peneira no estádio Eduardo Guinle. Se destacou nas edições de 2018 e 2019 da Série B1 do Campeonato Carioca, mas não conseguiu manter o bom desempenho na Seletiva deste ano.
Clube aguarda definições
Sem ter um calendário completo, assim como a maioria esmagadora dos clubes espalhados pelo Brasil, o Friburguense tenta projetar os próximos passos de acordo com as possibilidades. Competição que seria disputada no segundo semestre, a Copa Rio foi cancelada, e agora o clube aguarda pelas definições relativas ao Campeonato Carioca de 2021 para iniciar algum tipo de planejamento.
“Esse é o problema mais sério que os pequenos sofrem. Quem não consegue ganhar uma Copa Rio, ser vice ou o melhor numa Série A Estadual, fica sem calendário. Foi uma coisa que passou em branco, e até hoje eu não entendo a mudança de calendário pela CBF. Temos dois meses de campeonato numa primeira divisão ou seletiva. Se você faz contrato de um ano, paga dez meses sem jogar. E surgem oportunidades no meio do caminho.”, explica o gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira, o Siqueirinha.
O Friburguense contava com uma base montada para a Copa Rio, composta por jogadores que possuíam contrato e seriam emprestados no restante do primeiro semestre. Ainda dentro deste contexto, o clube tem convivido com a perda de atletas nos últimos anos. O respaldo da Lei Pelé é apenas um agravante no cenário onde a falta de um calendário completo impossibilita a manutenção do elenco. O caso mais recente foi o do atacante Lohan, que passou por diversas categorias na base do clube, e sem acordo para a renovação de contrato, acabou se desligando do Tricolor.
“Você faz um contrato maior, a oportunidade surge e perdemos o jogador. O Lohan é um caso desses. Está com a gente desde o juvenil e foi para o Botafogo-PB. Não retornou nem para a seletiva, baseado pela Lei Pelé. Com menos de seis meses para o final do contrato, a gente queria renovar para emprestar, mas ele usou o direito do pré-contrato e conseguiu a liberação. Está muito difícil para trabalhar com o calendário assim”, observa Siqueirinha.
Se a situação financeira do Friburguense ainda preocupa, a permanência na seletiva para o Campeonato Carioca de 2021 é um alento e permite fazer algumas projeções. “Vamos voltar a disputar uma seletiva no ano que vem, sem passar por uma Série B1. Lógico que o projeto era já chegar à fase principal, e era também a vontade dos jogadores. Mas enfrentamos uma dificuldade muito grande na questão financeira. Entre novembro e dezembro, esse não acerto entre o Flamengo e a TV, fez com que o Friburguense, que tinha direito a R$ 700 mil, não recebesse. Esse valor seria distribuído de novembro a janeiro. Não tivemos verba nenhuma, apenas R$ 180 mil”, conta o gerente do Frizão.
Deixe o seu comentário