Desde o princípio da história da humanidade a refeição em grupo é (ou era) um hábito corriqueiro. Desenhos nas cavernas, escritos antigos, descobertas arqueológicas, dão conta de que havia divisão de tarefas, com os homens indo à caça e mulheres e crianças encarregadas da colheita de frutos. Em seguida, havia a distribuição da caça para uma refeição compartilhada entre as famílias, no que hoje é chamado de comensalidade — ato de sentar-se à mesa e dividir a refeição.
“Comensalidade deriva do latim “mensa” que significa conviver à mesa, que envolve não somente o padrão alimentar ou o quê se come mas, principalmente, como se come. Assim, a comensalidade deixou de ser considerada como uma consequência de fenômenos biológicos ou ecológicos para tornar-se um dos fatores estruturantes da organização social. A alimentação revela a estrutura da vida cotidiana, do seu núcleo mais íntimo e mais compartilhado. A sociabilidade manifesta-se sempre na comida compartida”.
O que comer, como comer e com quem comer? Cada povo tem os seus rituais. Nós, os ocidentais, temos mesa e talheres, os orientais tem os hashis, mas se formos pesquisar sobre esse assunto descobriremos que há um universo de informações que desconhecemos e que são super interessantes. Então, sentar-se à mesa, é mais do que estilo de vida, também é cultura.
Não à toa, em quase todas as datas comemorativas é comum em qualquer sociedade chamar familiares e/ou amigos para uma reunião em volta da mesa, degustar refeições, jogar conversa fora, recordar momentos, enfim, viver momentos prazerosos, e assim construir laços e memórias afetivas.
Hoje, o que temos é correria e estresse. Muitas famílias já nem se lembram mais como eram esses momentos. Devido aos inúmeros compromissos, e muita luta pela sobrevivência, aos poucos este costume de reunir a família para fazer uma refeição, seja no café da manhã, horário de almoço, ou jantar, foi desaparecendo do núcleo familiar.
E mais: a rotina foi impactada pelo avanço dos eletrônicos, onde os jovens fazem suas refeições trancados em seus quartos, diante da TV ou computador, e os adultos se acostumaram com a situação. Mas se soubessem o valor desse convívio, o impacto positivo em diversas áreas comportamentais dos membros de sua família, talvez fosse possível fazer um esforço para que pelo menos uma refeição fosse feita em família, em volta de uma mesa.
Resta a esperança de que nunca é tarde para mudar alguns hábitos. Boa leitura e bom fim de semana!
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