Crochê e tricô conquistam os jovens em Friburgo e fortalecem tradição

O que antes era visto como um ofício das avós, hoje se transforma em tendência fashion e também em alternativa de renda
quarta-feira, 28 de maio de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Camila Mendonça)
(Foto: Camila Mendonça)

Nova Friburgo sempre foi conhecida pela sua tradição têxtil, com indústrias consolidadas e produção em larga escala, mas, nos últimos anos, uma outra vertente desse talento manual vem ganhando cada vez mais força, especialmente entre os jovens: o crochê e o tricô. O que antes era visto como um ofício das avós, hoje se transforma em tendência fashion e também em uma alternativa de renda para quem deseja empreender de forma criativa e sustentável.

É o caso da universitária Camilla Mendonça, criadora da marca Solar Handmade, especializada em peças de crochê feitas à mão. Aos 22 anos, ela é uma das jovens empreendedoras que transformaram um hobby em negócio. "Comecei nessa vida do trabalho manual quando tinha uns 12 anos e minha avó me ensinou tricô", relembra. "Depois, consequentemente, o interesse foi aumentando e o crochê veio uns anos depois, autodidata mesmo, porque sou canhota e ela não conseguia me ensinar direito", conta.

(Foto: Camila Mendonça)

O crochê e o tricô não apenas preservam saberes tradicionais, mas hoje também ocupam as vitrines virtuais de pequenas marcas como a de Camilla, que percebeu nesse movimento uma oportunidade. "Vi um boom de peças de crochê e percebi que seria uma boa chance de uma fonte alternativa de renda", explica. Ela não está sozinha: redes sociais como Instagram e TikTok impulsionaram o artesanato contemporâneo, conectando criadores e consumidores que valorizam peças exclusivas e feitas com afeto.

Em Nova Friburgo, essa tendência se fortalece com feiras de artesanato, lojas colaborativas e espaços criativos onde os jovens expõem e vendem seus produtos. Além disso, a cidade, cercada de natureza e famosa pela qualidade de vida, inspira muitos desses artesãos a desenvolverem marcas alinhadas com conceitos como sustentabilidade e consumo consciente.

No caso de Camilla, ela optou por focar no vestuário. "Eu gosto mais de roupas. Admiro quem faz os amigurumis, os kits com potinhos e bolsas... mas curto mais trabalhar com vestuário", conta. Entre as peças mais vendidas estão os croppeds e as saias, modelos que combinam perfeitamente com o clima ameno da região e com o estilo jovem e descontraído de quem mora ou visita a serra. "Amo os básicos que complementam um look, os croppeds e saias são os que mais saem!", diz.

O prazer de produzir manualmente se junta à satisfação de ver as peças ganhando vida no corpo dos clientes. "Eu adoro ver as pessoas usando. Brinco que sou manequim da loja e, sempre que alguém elogia eu falo: gostou? Você pode ter um igual. É muito gratificante ver pessoas usando e elogiando o que demorou horas pra ficar pronto", revela, com orgulho.

(Foto: Camila Mendonça)

Mais do que uma simples atividade artesanal, o crochê e o tricô se transformaram em formas de expressão. Cada ponto, cada escolha de cor ou textura, carrega a identidade de quem cria. Para muitos jovens, esse é um caminho não só para obter uma renda extra, mas também para se conectar com uma rede de apoio e colaboração que cresce diariamente.

Segundo Camilla, o mercado está aquecido e é acolhedor para quem deseja começar. "Meu conselho é: comece. Tem espaço para todo mundo nesse mercado que só tem crescido. Escolha seu nicho preferido e vá fazendo, postando e usando que uma hora dá certo", incentiva.

A força desse fenômeno se deve também à busca por um ritmo de vida menos acelerado e mais conectado com processos criativos manuais. Em tempos de produção em massa, ter uma peça única, feita à mão e com tempo, representa um diferencial desejado por muitos consumidores. Esse movimento impulsiona tanto quem cria quanto quem compra, gerando uma economia criativa que valoriza o trabalho artesanal e respeita o tempo da produção.

Nova Friburgo, com sua tradição na indústria têxtil, se reinventa mais uma vez ao ver o crochê e o tricô ocupando novos espaços, agora impulsionados por jovens como Camilla, que unem saberes antigos à estética contemporânea. Mais do que moda, trata-se de um resgate cultural, uma afirmação da identidade local e uma aposta no futuro do trabalho manual.

 

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