Para a crítica teatral e especialista em Shakespeare, Bárbara Heliodora (falecida em 2015), Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado, e O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, eram os dois únicos clássicos da dramaturgia nacional, montados e conhecidos em todos os cantos do Brasil. Além de merecer montagens no país inteiro, a história da amizade da menina Maribel com um pequeno fantasma ganhou o mundo, com versões na Europa, nos Estados Unidos e em toda a América do Sul.
Maria Clara Machado foi escritora e dramaturga, nascida em Minas Gerais, atriz e fundadora do teatro Tablado, uma importante escola de formação de atores. Filha do escritor e professor Aníbal Machado, aos 4 anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Desde criança conviveu com grandes nomes da literatura, da música e da pintura que frequentavam sua casa.
Em 1949, Maria Clara participou da criação do grupo de teatro amador “Os Farsantes”, que montou a peça “A Farsa do Advogado Pathelin”, levada ao teatro de Bolso no Rio de Janeiro. Com 28 anos, recebeu uma bolsa de estudos do governo francês para cursar a escola de atores “Education Par les Jeux Dramatiques”, em Paris. Convidada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, durante as férias, fez um curso de teatro em Londres.
De volta ao Brasil, fez parte do elenco do filme “Ângela” (1951) produzido pela Companhia Vera Cruz. Nesse mesmo ano, com o apoio do pai e de um grupo de amigos, fundou o teatro amador Tablado, que estreou com a apresentação da peça “O Pastelão e a Torta”. Nesse mesmo ano, apresentou a peça “A Moça da Cidade”, ambas sob sua direção.
Seu primeiro grande sucesso veio com a peça “O Boi e o Burro a Caminho de Belém” (1953), um auto de Natal, elogiada pela crítica. Em 1954 apresentou outra peça de sucesso “O Rapto das Cebolinhas”, que recebeu o prêmio de Melhor Autor, no Concurso Anual de Peças Infantis da Prefeitura do Distrito Federal.
Em 1955 apresentou a peça que seria um marco do teatro infantil: “Pluft, o Fantasminha”. A obra recebeu os prêmios de Melhor Autor e Melhor Espetáculo, da Associação Paulista de Críticos de Teatro.
Em 1956 Maria Clara Machado iniciou a publicação dos Cadernos de Teatro. Entre 1959 e 1974, foi professora de Improvisação no Conservatório Nacional de Teatro, e em 1964 iniciou o primeiro curso regular de teatro no Tablado, do qual foi coordenadora até 1999.
Em 1966 escreveu sua primeira peça para adultos, “As Interferências”, e em seguida escreveu “Miss Brasil” (1970), “Os Embrulhos” (1970) e “Um Tango Argentino” (1972). Entre 1953 e 2000, Maria Clara escreveu um total de 27 peças para o público infantil e cinco para adultos. Além das já citadas, destacam-se: “A Bruxinha Que Era Boa” (1958), “O Cavalinho Azul” (1960), “A Menina e o Vento” (1963), “O Dragão Verde” (1984), e “Jonas e a Baleia” (2000), sua última peça, escrita em parceria com Cacá Mourthé, sua sobrinha, que assumiu o Tablado, após sua morte.
O “Tablado” foi o responsável pela formação de várias gerações de atores, entre eles, Marieta Severo, Louise Cardoso, Drica Moraes, Malu Mader e Cláudia Abreu.
A maior autora de teatro infantil do país faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de abril de 2001. Esta edição é dedicada a Maria Clara Machado.
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