Carnaval fora de época impulsiona vendas e gera empregos em Friburgo

Setor de eventos, o mais prejudicado pela pandemia, ganha fôlego agora
sexta-feira, 06 de maio de 2022
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
Carnaval fora de época  impulsiona vendas e gera empregos em Friburgo

A contagem regressiva para a folia em Nova Friburgo. Da próxima sexta-feira, 13, à segunda, 16, feriado pelo aniversário do município,  sairão os carros, ônibus e motos da Avenida Alberto Braune para dar passagem aos foliões e alegorias das escolas de samba. É o Carnaval fora de época, denominado pela prefeitura “Reencontro com a Folia”.  

Mas, para que o Carnaval aconteça, há uma indústria trabalhando.  São diversos segmentos por trás, uma cadeia produtiva colocando a folia na avenida. E, o setor de eventos está ganhando fôlego novamente com o carnaval fora de época, que consideram o pontapé inicial na retomada dos eventos oficiais da cidade. “Estamos muito satisfeitos. vendo muitas pessoas, profissionais e muitas empresas trabalhando. É de muita alegria o fato da prefeitura conseguir realizar esse carnaval mesmo fora do período normal, mas que consegue ajudar muito as pessoas e empresas, não só do setor de eventos, mas de toda a cidade”, declarou o presidente da Associação dos Profissionais em Eventos de Nova Friburgo (Apenf), Sérgio Luiz da Silva.

E há motivos para toda essa felicidade. O setor foi o último a poder retomar as atividades nas flexibilizações das medidas restritivas para prevenção à Covid-19, acumulando prejuízos de terem ficado dois anos parados. “Esse início está muito bom e tomara que continue assim, dando condições a todos de trabalhar com honestidade, hombridade, que é o que mais a gente precisa para continuar tocando a vida. O que queremos é continuar podendo trabalhar para ganhar o pão de cada dia para o sustento da família. Ninguém quer nada de graça, ninguém quer empréstimo ou ajuda de governo. São 52 segmentos trabalhando para o setor funcionar: som, luz, palco, segurança, produtores, DJs, músicos, bandas, etc. Isso diretamente com os eventos, fora os indiretos. Há grande movimentação da economia na cidade”, conta Sérgio Luiz da Silva.

De acordo com ele, há estimativa de que, hoje, trabalhem no carnaval entre cinco mil e sete mil pessoas: diretamente cerca de quatro mil e indiretamente aproximadamente três mil pessoas. “E ainda 90% das empresas que ganharam as licitações para trabalhar no Carnaval, como som, tenda, iluminação e estrutura, são de Nova Friburgo”, informou ele.

Assim como os demais setores produtivos, o Carnaval também é considerado um mercado, em que o governo investe e recebe em forma de impostos gerados pelos serviços e compras consumidos no período. De acordo com a prefeitura, o retorno financeiro será medido após o evento, pois envolve diversas variáveis. “Não é possível mensurar quanto a indústria do carnaval irá movimentar porque a atual gestão não dispõe da memória do último carnaval realizado na cidade, “explica o secretário de Turismo, Renan Alves.

O engenheiro e representante dos músicos da Apenf, Heitor Santarém, lembra dos dados levantados pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em uma live nas redes sociais para demonstrar o quanto a data é importante para a economia. De acordo com anúncio de Paes, em suas redes sociais, no dia 20 de abril, véspera do carnaval carioca. “com dados de estudos públicos do Instituto Fundação João Goulart e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, cada R$ 1 investido pela prefeitura no carnaval se reflete em R$ 6 movimentados na economia da cidade. E o cancelamento das festas devido à pandemia gerou perda de mais de 60% do ISS (Imposto sobre Serviços) do turismo, em fevereiro de 2021. Em 2020, foram gerados R$ 26,4 milhões e no ano passado, com a queda, foram R$ 11,2 milhões. Isso demonstra a importância do Carnaval para a economia. Em proporções menores na nossa cidade, mas lembrando que somos o segundo maior Carnaval do Estado do Rio de Janeiro, perdendo apenas para a capital”, destacou ele.

Muita cerveja e petisco para brindar o reencontro com a folia

Além dos profissionais diretamente ligados aos shows e desfiles, o carnaval também movimenta os setores gastronômicos, de bares e de  vendedores autônomos de festas. Para o carnaval fora de época serão cerca de 34 barracas, montadas na Praça Dermeval Barbosa Moreira, Avenida Alberto Braune e nas transversais, segundo Wanderson Tubias da Silva, presidente da Associação de Comerciantes Autônomos de Festa Populares  e Afins de Nova Friburgo.

Para ele, os dias e noites de folia são sem descanso, mas compensadores. Wanderson Tubias da Silva, que trabalha com a barraca de crepes, pastéis e batatas, conta que o carnaval é o melhor período para o setor. “ Se o 13º dos brasileiros chega em dezembro. O nosso é feito durante o carnaval. Serão quatro dias ininterruptos de trabalho, mas com expectativa de bons ganhos para gente e para quem contratamos”, explicou ele.

Segundo melhor desfile de escolas de samba do Estado

O carnaval de Nova Friburgo é considerado há tempos o segundo melhor do Estado do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas da capital. “Desde as décadas de 1960 e 1970 Nova Friburgo é a cidade considerada com o segundo melhor carnaval fluminense. Antes, só pela alegria e animação. Hoje, além disso, também pelos desfiles das escolas de samba e a vantagem de ser um carnaval bem familiar”, disse o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Nova Friburgo (Liesbenf), José Carlos Spíndola.

São quatro escolas de samba do grupo A, que antes eram conhecidas como blocos de enredo, e, esse ano, abrirão o carnaval fora de época da cidade, desfilando na sexta-feira, 13: Globo de Ouro, Bola Branca, Unidos do Imperador e Raio de Luar. As quatro escolas de samba do grupo especial, Unidos da Saudade, Imperatriz de Olaria, Alunos do Samba e Vilage no Samba, farão o desfile no sábado, dia 14. Nesses dias, de acordo com José Carlos Spíndola, são cerca 200 pessoas trabalhando diretamente nos desfiles. “Mas até chegar à avenida, tem trabalho de um ano inteiro, e com a pandemia, de dois anos. Nesse período são entre 30 e 40 pessoas contratadas por cada escola de samba”, calcula ele.

Segundo o presidente da Liesbenf, além do recurso oficial de R$ 2,79 milhões,  repassados pela prefeitura, são injetados da economia também os valores dos patrocínios das escolas de samba. Cada escola do grupo especial recebeu a subvenção de R$ 140 mil, as escolas do grupo A receberam R$ 70 mil de subvenção cada e a Liesbenf, R$ 250 mil. “As escolas dão preferência para a compra de material no comércio local. A maior parte é comprada aqui, como a ferragem, madeiras, cola quente. Só buscamos no Rio de Janeiro o que não achamos aqui”, explica José Carlos.

Além disso, para o presidente da Liesbenf, as escolas de samba de Nova Friburgo são verdadeiras universidades do samba, onde aprende-se e/ou aprimora-se em profissões, que podem atuar em qualquer escola de samba no Brasil.” Friburgo hoje é um grande exportador de talentos. Temos profissionais trabalhando nas escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. As escolas campeãs dessas cidades contam com profissionais que ocupam posições fundamentais para seus desempenhos, como Jorginho Freitas e Evandro Malandro”, lembra ele.

Movimentação no comércio

As lojas que vendem fantasias, material para bijuterias, pedrarias, enfeites, maquiagens geralmente tem grande movimentação na época de Carnaval, principalmente para os desfiles dos blocos de embalo. Mas, de acordo com a comerciante Nathália Haddad, da loja Natspel, agora que as pessoas estão começando a procurar fantasias, mas ainda de forma tímida  “Parece que a maioria ainda não entendeu que o carnaval será agora. As pessoas ainda não entraram no clima. Acredito que semana que vem as pessoas comecem perceber que o carnaval já está batendo à porta, com a montagem de estrutura na avenida e na praça”, disse ela.

 Nathália já havia se preparado para o carnaval. “Geralmente, compramos mercadorias de carnaval em dezembro. E foi o que aconteceu ano passado. Nossa loja está preparada para as vendas de fantasias, acessórios, maquiagem, enfeites desde fevereiro”, explicou ela.

Mas, segundo Nathália, mesmo com os festejos acontecendo no período normal de carnaval, os foliões sempre deixam as compras e preparativos para a última hora. “Nos outros anos, sempre tivemos que contratar funcionários extras para atender os clientes que iam à loja na quinta e na sexta-feira, em cima da hora do desfile do Bloco das Piranhas. Então acredito que esse ano, vai se repetir essa  tendência”, espera ela.

 

 

 

 

 

 

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