As brasileiras que lideraram o sequenciamento do novo coronavírus

Equipe conseguiu divulgar sequência completa do genoma viral 48h após confirmação do primeiro caso da doença no Brasil
sábado, 07 de março de 2020
por Jornal A Voz da Serra
As cientistas Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus
As cientistas Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus

Duas cientistas brasileiras tiveram papel fundamental no sequenciamento do novo coronavírus, que teve primeiro caso na América Latina confirmado em 26 de fevereiro. Publicado com uma rapidez surpreendente – apenas dois dias após a verificação do primeiro paciente com a doença no Brasil –, o estudo que elas conduziram com outros pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL), da Universidade de Oxford e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) ajudará epidemiologistas, virologistas e especialistas em saúde pública a desenvolverem vacinas e testes diagnósticos.

Uma das pesquisadoras envolvidas no estudo é a professora Ester Cerdeira Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelos britânicos Medical Research Council e Fundo Newton. A intenção do Cadde é reunir cientistas para realizar estudos em tempo real de epidemias de arboviroses, como é o caso da zika e da dengue. "A proposta é ajudar os serviços de saúde e não apenas publicar as informações meses depois que o problema ocorreu”, explicou Sabino. 

Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da Fapesp, por sua vez, liderou a equipe que fez o sequenciamento do genoma viral ao lado de Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. 

A cientista desenvolve pesquisas na área de arboviroses emergentes e faz parte do ZiBRA Project - Zika in Brazil Real Time Analysis, um projeto itinerante de mapeamento genômico do vírus Zika no Brasil. Durante seu doutorado, ela contribuiu para o aprimoramento de protocolos de sequenciamento de genomas completos pela tecnologia de nanoporos dos vírus Zika e HIV.

A pesquisa sobre o novo coronavírus de que Sabino e Goes de Jesus participaram determinou a sequência completa do genoma viral encontrado no Brasil, que foi chamado de SARS-CoV-2. Ela foi divulgada no fórum de discussão Virological.org. “Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais perto de saber a origem da epidemia", apontou Sabino.

Brasil, China e Alemanha

Embora outros países tenham levado cerca de duas semanas para fazer o sequenciamento do coronavírus, a pesquisa brasileira foi concluída em dois dias: os cientistas já previam que, cedo ou tarde, a doença chegaria aqui.

A sequência analisada no Brasil apresenta diferenças em relação ao genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China. Porém, ela se aproxima das amostras do coronavírus observadas na Alemanha, no final de janeiro deste ano. 

“Esse é um vírus que sofre poucas mutações, em média uma por mês. Por esse motivo, não adianta sequenciar trecho pequenos do genoma. Para entender como está ocorrendo a disseminação e como o vírus está evoluindo, é preciso mapear o genoma completo”, explicou Sabino.

Goes de Jesus também observou: "Alguns vírus são mais estáveis e outros, como os respiratórios, acabam mutando muito. É o que acontece com o vírus da gripe: todo ano a gente tem uma vacina nova, porque há muitas mutações".

(Fonte: Revista Galileu)

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: