A primeira audiência de instrução e julgamento do caso de duplo feminicídio de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, que chocou a cidade em outubro passado, acontece na tarde desta quarta-feira, 2, no Fórum de Nova Friburgo. O réu, Rodrigo Marotti, chegou ainda pela manhã sob forte escolta policial. Esta audiência estava marcada para março deste ano, mas, em razão da pandemia de coronavírus, acabou sendo adiada.
As testemunhas convocadas a depor entraram rapidamente no fórum. Do lado de fora, o clima era de revolta pelo brutal assassinato e pedidos de justiça. Andreza Vaz, irmã de Alessandra, ao chegar ao fórum, parou para falar com A VOZ DA SERRA. Ela é uma das convocadas para depor em defesa das vítimas.
“Eu estou aqui para falar a verdade e buscar justiça para o que aconteceu. Ainda acho a justiça do nosso país muito falha para esse tipo de crime (feminicídio). Eu quero que o crime da minha irmã seja usado de exemplo para outras mulheres. Acredito que o feminicídio vá acabar quando a justiça for feita de maneira penosa para uma pessoa que comete um crime desses”, afirmou ela.
Amigas de Alessandra e Daniela, Mari Patuelli, Martha Taruma, Miriam de Macedo e Rosana Tedeschi foram as primeiras a chegar ao fórum. Elas colaram cartazes e espalharam pelas grades mensagens pedindo por justiça. Muito emocionado, o grupo olhava para as imagens e lembrava dos momentos compartilhados com as vítimas. O maior desejo delas é que Rodrigo pegue a pena máxima.
“Queremos justiça por elas e por todas nós. Elas eram nossas amigas e eram amadíssimas. Essa barbárie não pode mais acontecer com mulher nenhuma. Não é normal ser agredida, não é normal ser empurrada, receber uma palavra bruta. E que entendam que isso é só o primeiro passo, o último é o que aconteceu com as nossas amigas. Queremos que ele pegue a pena máxima”, disseram.
Como funciona a primeira audiência
Durante a sessão serão ouvidos o réu, Rodrigo Marotti, e as testemunhas na ação criminal que trata de duplo feminicídio das duas moradoras e comerciantes de São Pedro da Serra, Alessandra Vaz e Daniela Mousinho. Nesta sessão, a juíza deve confirmar que o julgamento irá a júri popular, que ainda não tem data para acontecer, segundo a Promotoria Criminal em Nova Friburgo.
Durante esta primeira audiência será lido todo o processo e poderão ser apresentados vídeos, depoimentos e áudios que incriminem o réu, incluindo detalhes como A VOZ DA SERRA revelou com exclusividade em outubro.
Na época, uma reportagem revelou de supostas ameaças de morte de Rodrigo a Alessandra, confidenciadas por ela mesma a uma amiga de longa data horas antes do crime. Isso poderá servir como mais um qualificador (premeditação), aumentando ainda mais a pena. Como houve duplo feminicídio e prisão em flagrante, com confissão, o caso rapidamente seguiu para a 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo, cabendo à Promotoria acusar o réu perante um júri popular. Outros agravantes, até agora, seriam: motivo fútil, emprego de fogo, impossibilitar a defesa das vítimas e o próprio feminicídio em si.
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