Rainha de bateria

Ela é uma das principais figuras de uma escola de samba, responsável por apresentar a bateria ao público
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
por Ana Borges
(Foto: divulgação)
(Foto: divulgação)

Com muito samba no pé, rebolado e animação, a rainha da bateria apresenta o instrumento que ressoa a batida do coração de uma escola de samba e estabelece comunicação entre o grupo de músicos e o público. Também chamada de madrinha da bateria, até os anos 2000, ela não era avaliada, mas seu desempenho ajuda a manter a vibração da agremiação.

    Bonita, simpática, e principalmente carismática, a rainha amplia a interação dos músicos com as pessoas que assistem ao desfile. O modelo atual de rainha de bateria existe desde os anos 1970, mas foi a partir dos anos 80 que celebridades, como modelos e atrizes, passaram a assumir o posto. 

Entre as rainhas do carnaval carioca mais famosas se destacam Monique Evans, Luma de Oliveira, Luiza Brunet e Viviane Araújo, esta última considerada a “rainha das rainhas”. 

Por aqui, destaque para a friburguense Luma de Oliveira, que na juventude desfilou na Acadêmicos das Braunes. “Despretensiosa e linda, desfilou não como rainha porque essa função [de bateria] ainda não existia, mas como passista. Polêmica, potente e inimitável, a partir da Luma a função deixa de ser meramente a plástica e a beleza, e  passa a exigir personalidade”, esclarece o jornalista e escritor David Massena, pesquisador e autor — entre outras obras —, de “Até Quarta-Feira”, sobre a evolução do carnaval friburguense desde os entrudos no século 19 até os dias de hoje.

As rainhas atuais fazem questão de citar Suely Lúcio, Cristina Féu, e outras importantes figuras que brilham em nossos desfiles, há anos, inspirando e incentivando as novas gerações. Confiram a seguir, o que disseram nossas Rainhas da Bateria 2025.

(Foto: Divulgação)

Suely Lúcio, Bola Branca

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

O carnaval pra mim é uma relação de muito amor, carinho, alegria e comprometimento.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Desfilo no Bola Branca desde 2016 onde passei pelo posto de rainha de bateria, rainha de honra e atualmente rainha de bateria novamente.

Qual a sensação de ser rainha da bateria? 

É uma relação de muito amor e respeito ao meu pavilhão, minha bateria e comunidade. Pois me sinto honrada em representar o coração da minha escola com muita dedicação.

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

A minha inspiração vem de rainhas raiz, da comunidade, e que têm uma história com sua escola... Como por exemplo Evelyn Bastos, da Mangueira, e Mayara Lima, do Paraíso do Tuiuti.

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

A minha expectativa para esse ano é de que vamos fazer um lindo desfile pois a minha escola e minha bateria estão prontas para apresentar um lindo show na avenida.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Ao longo do ano trabalho como costureira, sou estilista, tenho o meu próprio ateliê onde crio lindos figurinos de carnaval para me vestir e vestir as rainhas de bateria. Inclusive, esse ano, além da minha fantasia, criei também para a rainha da Imperatriz de Olaria e para a rainha do Alunos do Samba. São fantasias magníficas para o desfile.

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Clara Ventura, Unidos do Imperador

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

É sinônimo de alegria e aprendizado. É nele, inclusive, que vejo a minha força como mulher, me sinto feliz quando estou nas atividades carnavalescas.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Iniciei minha jornada no carnaval em 2009, timidamente, desfilando em ala, nas composições de carros alegóricos e de lá pra cá não parei mais! Minha família sempre foi envolvida com a folia, então desde pequena eu já observava e era encantada por toda essa manifestação cultural. 

Qual a sensação de ser rainha da bateria? 

Ser rainha de bateria é um sentimento único e às vezes inexplicável. Me sinto líder de corações que fazem a escola ter vida de fato, que são os ritmistas, a bateria! É uma sensação linda e gostosa de viver!

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Uma das minhas maiores inspirações como rainha é a Viviane Araújo (rainha do Salgueiro) por conta do legado que ela construiu, a dedicação de anos, e é inspirador ver que ela reina como mulher inclusive fora do carnaval. E a Evelyn Bastos (rainha da Mangueira) também por ser uma mulher extremamente inteligente, que prova todos os dias que nós mulheres sambistas, somos muito mais que um corpo bonito.

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

Minha experiência para esse ano é que minha escola venha bem, que seja campeã, se for da vontade de Deus, e que acima de tudo a minha comunidade se sinta feliz pelo trabalho apresentado.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Na minha vida fora carnaval eu sou influenciadora digital, info-produtora e maquiadora profissional. Concilio essa jornada corrida com trabalhos como modelo fotográfica e ministro cursos e palestras para empreendedores que querem se destacar nas redes sociais. Quando o carnaval acaba, minha vida meio que “volta ao nomal”, com muitos estudos de especialização em marketing que é a minha principal área de atuação profissional. 

(Foto: Divulgação)

Carine Ferreira, Imperatriz de Olaria

Qual o significado do carnaval na sua vida?

O carnaval é uma das maiores paixões da minha vida! Para mim, é mais do que uma festa, é cultura, arte e emoção. É um momento onde posso expressar minha alegria, minha energia e minha conexão com o samba. Estar na avenida é uma sensação única, uma mistura de sentimentos que envolve orgulho, felicidade e muita entrega.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Desfilo pela Imperatriz de Olaria há quatro anos e a cada ano meu amor pela escola só cresce. Sempre sonhei em estar à frente da bateria, e hoje, poder representar essa comunidade maravilhosa é uma honra imensa.

Qual a sensação de ser rainha da bateria?

É um sonho realizado! É uma responsabilidade enorme, mas ao mesmo tempo, um privilégio. Sinto uma emoção indescritível ao ver a bateria tocar e poder samba à frente dela, levando toda a minha energia para a avenida. É um papel que exige muita responsabilidade, preparo e muito amor pelo pavilhão.

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Tenho várias referências no samba, mulheres fortes que marcaram história como rainhas e musas. Admiro muito a Suely Lúcio, ex-rainha de bateria da Unidos da Saudade e atual rainha de bateria do Bola Branca, e Cristina Féu a antiga rainha da escola na qual eu venho representando à frente da bateria atualmente. Além disso, me inspiro nas passistas porque se estou hoje onde eu estou, é por que um dia eu fui como elas, e na própria comunidade da minha escola, que coloca o coração em cada ensaio e desfile.

Qual a sua expectativa para esse ano?

Minha expectativa é a melhor possível! Estou me preparando intensamente para brilhar na avenida e representar a Imperatriz de Olaria da melhor forma. Quero levar muita garra, elegância e samba no pé para a avenida e contagiar todo mundo com a nossa energia.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Além do carnaval, tenho uma vida bastante ativa. Trabalho na minha loja online vendendo cabelos e faço tranças em atendimento a domicílio. Sou estudante de biomedicina e completamente apaixonada por leituras. Mas, independentemente do que faço, o samba e o carnaval sempre fazem parte do meu dia a dia. 

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Mari Borrhas, Raio de Luar

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

Carnaval pode ter diferentes significados para as pessoas, dependendo da sua relação com a cultura, religião e os valores que defende. Mas pra mim é raiz, vem de família. Carnaval pra mim é onde a gente expressa toda alegria, emoção e energia que há dentro da gente.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Bom, minha família é toda envolvida com o Raio. Meu avô foi um dos presidentes, minha avó já foi destaque e minha mãe e meu tio sempre desfilaram. Com isso, quando nasci já estava ali presente, participando de tudo. Mas desfilar mesmo, é desde os 6 anos de idade, há 15 anos.

Qual a sensação de ser rainha da bateria? 

É simplesmente surreal, você comanda o coração da escola, você pulsa na mesma batida da bateria, e isso é incrível. É ainda mais especial por ser o meu sonho. 

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

A Paloma Lantiman, que já foi rainha de bateria do Raio e hoje é minha madrinha do samba. Desde pequena ficava vendo ela sambar na frente da “trovão” e sempre me imaginei ali, inclusive a via como modelo de vida.

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

A expectativa desse ano é a melhor possível. Estou ainda mais confiante, com muito mais vontade, a cada ano que passa o amor aumenta. E o desfile que o Raio de Luar vai fazer esse ano é surreal. Estou muito ansiosa e feliz.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Bom, ao longo do ano eu trabalho, estudo e faço ballet. 

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Manu dos Santos, Alunos do Samba

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

O carnaval sempre foi presente na minha vida, desde de pequena já me apaixonava pela energia da avenida e pelo ritmo da bateria. 

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Desfilo desde os 11 anos e fui crescendo dentro da escola. Este ano, aos 18, tenho a alegria de estrear como rainha de bateria no Alunos do Samba.

Qual a sensação de ser rainha da bateria? 

É uma mistura de emoção, adrenalina  e gratidão de estar à frente de um time incrível de ritmistas e levar a energia do samba para o público. 

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Me inspiro em grandes rainhas como Mayara Lima, Belinha Delfin, entre outras.

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

Minha expectativa para esse ano é poder representar bem a minha escola, fazer um desfile inesquecível e viver esse momento único com muita alegria. Quero que o público sinta toda a nossa energia na avenida.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Além do carnaval, eu trabalho, faço academia para manter o preparo físico e curso faculdade de Nutrição. Meu dia a dia é bem corrido, mas eu amo essa rotina.

(Foto: Divulgação)

Aschiley Leal, Unidos da Saudade

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

O carnaval para mim, primeiramente, representa ancestralidade, cultura e uma forma de expressar tudo isso em forma de arte. É o momento em que consigo passar a minha felicidade para as pessoas em forma de samba.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Desde os 3 anos de idade participo dos ensaios dentro da quadra com minha mãe e minha avó. Com aproximadamente 7 anos participei do meu primeiro ensaio técnico na Alberto Brune, ao lado da atual rainha da escola, Ana Paula Magalhães, em 2020, e com 9 anos me oficializei na ala de passistas.

Qual a sensação de ser Rainha da Bateria?

Me sinto muito honrada em representar minha escola do coração. 

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Minhas maiores inspirações são as  que me acompanham dentro e fora da quadra como minha mãe, Kiene Leal e minha amiga Dhandara Nery. Também me inspiro na rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti, Mayara Lima.

Qual a sua expectativa para esse ano?

Minha expectativa para esse carnaval é que todos se divirtam e se respeitem, acima de tudo.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Ao longo do ano sou estudante, monitora de recreação infantil e pratico ginástica artística.

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Jheniffer Andrade, Vilage no Samba

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

Carnaval na minha vida é amor, é liberdade de expressão. 

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

A minha relação com o carnaval vem desde a infância. Minha trajetória na Vilage começou quando eu tinha 16 anos. Fui  composição de carro e a partir de 2018 desfilei como musa. São dez anos de crescimento e aperfeiçoamento na agremiação. 

Qual a sensação de ser rainha da bateria? 

Hoje, após anos de dedicação e evolução, cria do Ninho da Águia, me tornei Rainha de Bateria da Sinfônica da Vila. E é uma honra. A sensação é de dever cumprido. 

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

É conseguir realizar um bom desfile e conquistar o hexacampeonato.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Sou empresária no ramo da beleza, manicure. E sou graduada em Direito.

(Foto: Divulgação)

Anderson Andrade, Unidos do Imperador

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

É a realização de um grande sonho, com muito aprendizado e dedicação. 

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Já faço parte da minha escola há 13 anos, sendo cinco anos como rei da bateria. Mas tenho uma longa trajetória  onde passei por várias outras agremiações. 

Qual a sensação de ser rei da bateria? 

É simplesmente fantástico, desperta uma emoção única, vivo o momento mágico de fazer parte do coração da escola.

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Tem muitas celebridades que me inspiram, mas a minha maior inspiração é a minha mãe que por anos desfilou, inclusive grávida, e hoje me acompanha.

Qual a sua expectativa para o desfile desse ano?

Minha expectativa é sempre a melhor, de poder entregar um grande personagem, mais uma vez. 

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Trabalho como hair designer (alongamento em cabelos). Amo transformar minhas poderosas. 

(Foto: Divulgação)

Edu, Bola Branca

Qual o significado do carnaval na sua vida? 

O carnaval para mim é sinônimo de alegria, e sambar é uma arte e terapia.

Desde quando participa dos desfiles da sua escola?

Estou na agremiação Bola Branca desde 2016, porém reinando há quatro anos. Atualmente, sou rei da bateria na agremiação Império de Charitas, em Niterói, e nesse carnaval, como Rei Momo Friburguense.

Qual a sensação de ser rei da bateria?

A sensação de ser rei é algo motivacional, onde transmito minha alegria pelo samba, trago comigo o dom e arte do sambar.

Quem te inspira, quem você tem como modelo?

Um dos meus inspiradores hoje é o grandioso Jorge Amareloh, do Paraíso da Tuiuti.

Qual a sua expectativa para esse ano?

Minha expectativa é que tenhamos um grandioso carnaval em Nova Friburgo.

O que faz ao longo do ano, profissão, trabalho, estudos?

Trabalho no ramo têxtil e desenvolvo outros trabalhos na área também. E me dedico à academia. 

 

*Nota de redação: Não conseguimos contato com Fernanda, rainha de bateria da Globo de Ouro, para participar desta reportagem. 

 

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