De olho na volta às aulas: preço do material escolar pode variar mais de 900%

Em 2024, o total gasto com esses itens alcançou R$ 49,3 bilhões, um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos, diz pesquisa
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil )
(Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil )

Com a chegada do novo ano letivo, o mercado de materiais escolares aquece, e as famílias brasileiras enfrentam um desafio crescente: equilibrar o orçamento diante dos altos custos com as compras itens para os estudantes. Entre os últimos dias 2 e 8, o Procon do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria estadual de Defesa do Consumidor realizaram uma pesquisa sobre itens escolares mais procurados no período de volta às aulas, como lápis preto, borracha, caderno e canetas variadas. Nos 12 sites analisados, as variações de preços entre produtos da mesma categoria e marca chegaram a 945%. A pesquisa destacou a borracha branca como um dos produtos com maior variação de preço, com diferença de até 945%, seguida de lápis preto (555%) e cola branca (290%). Por outro lado, itens como agendas apresentaram pouca ou nenhuma variação de preço entre os estabelecimentos pesquisados.

Além da pesquisa, as instituições autuaram seis estabelecimentos por exporem materiais escolares sem informar os preços. Com o objetivo de orientar os consumidores, o Procon e a Secretaria de Defesa do Consumidor têm utilizado suas redes sociais para esclarecer dúvidas frequentes sobre lista de materiais, matrícula, rematrícula, reajustes, entre outros temas. O secretário de Defesa do Consumidor do estado, Gutemberg Fonseca, destaca algumas recomendações: “Antes de comprar, verifique se o material é apropriado para a idade do seu filho. Itens com partes pequenas podem apresentar risco de asfixia. Então observe sempre as recomendações do fabricante. Procure também pelo selo do Inmetro”.

O secretário reforça ainda a importância de se optar por produtos de qualidade, evitando materiais frágeis ou com substâncias tóxicas, que podem oferecer riscos. Ele também ressalta a necessidade de atenção redobrada à lista de materiais solicitada pelas escolas.

Em 2024, o total gasto com esses itens alcançou R$ 49,3 bilhões, um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos, de acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro. O levantamento destaca que 85% das famílias com filhos em idade escolar sentem o impacto dessas despesas, o que demonstra a relevância do tema.

O estudo revela que os custos relacionados à educação impactam especialmente as famílias de classe C, onde 95% dos entrevistados afirmam que as compras escolares comprometem o orçamento familiar. Embora escolas públicas teoricamente forneçam uniformes e materiais, na prática, muitos pais precisam complementar esses itens, o que amplia o impacto financeiro.

Os gastos não se limitam aos materiais básicos. Segundo o levantamento, 87% das famílias comprarão materiais solicitados pelas escolas, 72% adquirirão uniformes e 71% investirão em livros didáticos. Esses itens, essenciais para o bom desempenho dos alunos, são parte de uma lista que se torna cada vez mais onerosa devido à inflação e aos custos de produção.

Regiões e classes mais impactadas

A pesquisa também detalha a distribuição regional dos gastos. O Sudeste lidera com 46% do total, seguido pelo Nordeste, com 28%. A menor parcela está no Norte, representando apenas 5% dos gastos. Quanto às classes sociais, a classe B é responsável por R$ 20,3 bilhões, enquanto a classe C soma R$ 17,3 bilhões, o que equivale a 76% do total nacional.

Esse cenário reflete como o peso das despesas varia conforme a renda. Para 38% dos entrevistados, o impacto é considerado muito alto, enquanto 47% dizem que é moderado. Apenas 15% afirmam que as compras não representam impacto significativo no orçamento.

Adaptação e estratégias das famílias

Diante das dificuldades financeiras, muitas famílias buscam alternativas para lidar com os custos. A pesquisa aponta que 35% pretendem parcelar as compras, especialmente entre as famílias de classe C, em que essa porcentagem sobe para 39%. Por outro lado, 65% preferem pagar à vista, e essa proporção é ainda maior entre as classes A e B, alcançando 71%.

Alternativas para reduzir o impacto

Para mitigar o peso das despesas, medidas como o reaproveitamento de materiais do ano anterior, a compra em grupos para obter descontos e a participação em feiras de troca de livros podem ajudar. Políticas públicas que incentivem a distribuição gratuita de materiais nas redes públicas também poderiam aliviar a carga financeira das famílias mais vulneráveis.

A conscientização sobre consumo responsável e planejamento financeiro é outro ponto importante. A proximidade com o início do ano letivo exige organização e, muitas vezes, criatividade para garantir que as crianças tenham acesso aos materiais necessários sem comprometer a estabilidade econômica da família.

Em um país onde a educação é vista como ferramenta essencial para o futuro, o desafio de equilibrar os custos das compras escolares com as demais despesas familiares se torna uma reflexão necessária. Enquanto os preços continuam a subir, iniciativas que promovam acessibilidade e inclusão podem fazer a diferença no cotidiano das famílias brasileiras.

 

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