Dados do 2º trimestre de 2024, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, revelam que a população negra corresponde a 56,7% da população total do país

Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, essa parcela do povo brasileiro está tendo mais orgulho em se reconhecer mais “escurecida”
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
por Ana Borges
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Dados do 2º trimestre de 2024, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, revelam que a população negra corresponde a 56,7% da população total do país. Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, essa parcela do povo brasileiro está tendo mais orgulho em se reconhecer mais “escurecida”. E mais: recentes resultados do Censo 2022 revelaram que 55,5% da população se identifica como preta ou parda.

O levantamento apontou que os pardos são 45,3% e superaram a quantidade de brancos pela primeira vez desde 1872, no primeiro recenseamento. Além disso, a proporção de pretos mais que dobrou entre 1991 e 2022, alcançando 10,2% da população. 

O IBGE explica que a mudança no perfil étnico-racial do país não reflete apenas a questão demográfica, ou seja, nascimento ou morte de pessoas, mas também outros fenômenos sociais.  

Para a historiadora Wania Sant’Anna, conselheira do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdade Raciais (Cedra), o Brasil passa por “um momento de reconhecimento de pertencimento étnico-racial no terreno da negritude e da afrodescendência”. Segundo ela, o resultado consolida uma trajetória que já vinha desde o recenseamento de 1991 e que “não tem volta”.  

“O que comprova isso [o reconhecimento com a afrodescendência] é essa mudança expressiva dos pretos, que mais que dobraram entre os anos 80 e os dias atuais”, ressalta ela, que é também presidente de governança do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e integrante da Coalizão Negra por Direitos. 

Na visão de Sant’Anna, há dois grandes fatores que explicam o reconhecimento das pessoas com a negritude. Um, são os debates públicos mais abertos sobre desigualdades raciais, racismo e preconceito.  

“As pessoas são discriminadas por causa da sua cor. À medida que esse debate se torna público, os sujeitos pensam ‘isso poderia ter acontecido comigo porque essa é a minha cor, esse é o meu cabelo, esse é o meu território’. Então o debate sobre racismo tem contribuído muito”, acredita.  

Outro fator são as manifestações culturais populares que falam sobre racismo, como música e literatura. “Não podemos esquecer o impacto que o hip-hop e o funk estão produzindo na população jovem e não tão jovem também. Esse debate fala de raça, racismo e cor de pele. E as pessoas não devem ser informadas apenas pela branquitude”, completou a historiadora.

Boa leitura, bom fim de semana e até a próxima edição!

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: