O Brasil assumiu em 2021 o posto de maior mercado de videogames na América Latina, superando o México, e a receita do setor em território nacional pode duplicar até 2026, segundo o relatório sobre entretenimento e mídia da PwC 2022-2026.
Em 2021, a indústria doméstica de jogos eletrônicos contabilizou receita de US$ 1,4 bilhão e poderá chegar até US$ 2,8 bilhões em 2026. O país deve se tornar responsável por 47,4% da receita total da região no final do período.
A expectativa, de acordo com o levantamento, é que este mercado tenha uma taxa de crescimento anual (CAGR) de 15,2%. Em 2021, o Brasil teve um boom nesse setor da economia, crescendo 27,4%. Os jogos para PC são a maior parcela do mercado brasileiro, com receita de US$ 256 milhões em 2021, com a possibilidade de aumentar para US$ 316 milhões em 2026.
Para Richard Camargo, analista de ações internacionais da Empiricus, o mercado de games está passando por um processo de transformação. “O mercado de games está com uma ciclicidade diferente. Na época que os consoles ainda eram dominantes, as horas de entretenimento estavam atreladas a fazer um investimento. Agora que o mobile é uma plataforma maior, o usuário consegue consumir entretenimento gastando menos”, disse.
O mercado de e-sports é o que apresenta maior crescimento dentro do país. Segundo a PwC, este setor deve triplicar até 2026, passando de US$ 5,4 milhões em receita em 2021 para mais de US$ 15 milhões, com crescimento anual de 22,7%. A receita de jogos de console, por sua vez, atingiu US$ 190 milhões em 2021, mas aumentará com um avanço anual de 5,6% para atingir US$ 249 milhões em 2026.
O mercado de games é um dos que mais cresce no mundo inteiro, registrando aumento global de 21,2% somente em 2020, além de ser um dos três setores do levantamento da PwC que somará mais de US$ 100 bilhões em receita até 2026, junto com a internet e publicidade.
Ao ser perguntado sobre investimentos em games, Camargo destacou algumas das questões macroeconômicas que o mercado enfrenta, como as altas de juros e a possibilidade de recessão nos EUA que afetam ações de empresas de tecnologia como Microsoft e Sony, mencionadas no relatório.
“Em um pensamento de longo prazo, vale a pena ser agressivo na compra de ações. Mas se o investidor pensa a curto prazo, eu não seria agressivo porque são bem especulativas as abordagens, que dependem das variáveis macroeconômicas”, afirmou.
Camargo também recomendou ter uma carteira variada no setor de games, que no longo prazo tenha empresas de semicondutores, como a Nvidia, que valorizou quase 20% nos últimos 6 meses.
“Em abril de 2022, a Microsoft concluiu a compra da desenvolvedora de jogos Activision Blizzard, a empresa por trás de franquias como Call of Duty, World of Warcraft e Overwatch. O acordo de US$ 68,7 bilhões, o maior da história dos games, permitirá que a Microsoft acesse uma comunidade de 400 milhões de jogadores ativos mensais”, consta no estudo da PwC.
A Sony, por sua vez, adquiriu cinco estúdios de videogame em 2021, incluindo Bluepoint e Valkyrie Entertainment. Em 2022, a empresa comprou, por US$ 3,6 bilhões, a Bungie, desenvolvedora de Halo e Destiny, e do Haven Studios, que ajudou a fazer o Assassin’s Creed.
Segundo Camargo, esse movimento das grandes empresas é natural devido ao encarecimento do processo de criação de games. “Os grandes vão adquirindo os pequenos, porque está muito caro criar um game. Até os jogos mais bobinhos ficam muito caros, não há como escalar com menos de US$ 5 milhões ou 6 milhões de dólares”, disse. (Fonte: einvestidor.estadao.com.br/ Por Artur Scaff, em 17/12/2022)
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