Todo dia 27 de setembro acontece sempre a mesma coisa. A garotada acorda cedo, já eufórica para sair às ruas à procura de doces oferecidos por devotos dos santos Cosme e Damião e instituições religiosas. A tradição, é bem verdade, vem diminuindo, mas ainda resiste em Nova Friburgo, onde em diversos bairros, houve a distribuição dos saquinhos recheados de guloseimas. Na Praça de Sant’Ana, no bairro Cônego, as crianças fizeram fila para receber os saquinhos de doces ontem, 27, pela manhã.
Geralmente a distribuição de doces no dia de São Cosme e São Damião, santos cultuados no catolicismo no dia 26 de setembro e no espiritismo no dia seguinte, acontece como forma de pagamento de promessas por graças recebidas através de orações aos santos gêmeos ou em agradecimento à perpetuação e repercussão da fé. Em Nova Friburgo não há igreja dedicada a São Cosme e São Damião, mas muitos devotos participaram de celebrações em honra a memória dos santos considerados padroeiros das crianças.
(Luciana com seu filho Miguel)
Mas, afinal, como surgiu esse hábito de distribuir doces às crianças? O professor Agnaldo Cuoco Portugal, do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, na religião católica, Cosme e Damião eram dois irmãos gêmeos, considerados curandeiros - médicos na comunidade onde viviam. Para o catolicismo, não havia nenhuma ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.
(Dona Darcy)
O professor explica ainda que havia muita repressão na época da escravidão no Brasil aos cultos africanos, os negros precisavam adorar suas divindades sempre associando a algum santo católico. E foi isso que aconteceu com São Cosme e São Damião. "A tradição de dar doces tem a ver com esses dois orixás crianças que foram associados a Cosme e Damião", explica o professor. (Com informações da Agência Brasil)
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