Na internet, os memes têm sido frequentemente utilizados como forma de propagar humor, críticas e ironias. No último mês, diversas páginas que postam conteúdos relacionados a esses temas tornou pública uma postagem que relacionava a pandemia e sincronicidade do ciclo menstrual das mulheres. A postagem foi amplamente compartilhada e viralizou.
Atendendo ao pedido de uma internauta, A VOZ DA SERRA pesquisou os efeitos que a pandemia tem causado nas mulheres e como alterações hormonais estão ligadas com o momento delicado pelo qual passa todo o mundo. A reportagem também ouviu a ginecologista Vilma de Lourdes Gouvea. Segundo ela, os grandes vilões são os hormônios cortisol e adrenalina, que podem causar uma série de distúrbios.
“Quando fazemos o que gostamos - atividades prazerosas - ativamos a produção de serotonina e dopamina, os chamados hormônios do bem, e por conta da pandemia, a produção de hormônios associados ao estresse aumentou. Aí estão o cortisol e a adrenalina como vilões. As consequências são: qualidade do sono alterada, compulsão alimentar, aumento do peso e até um quadro de ansiedade exagerada e depressivo”, alertou a médica.
Segundo uma pesquisa do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e corroborado pela ginecologista Vilma Gouvea, o estresse é uma resposta a situações de perigo ou medo e leva o organismo a responder com mobilização de energia, preparação do sistema nervoso central e ativação intensa do hormônio cortisol, que faz parte do sistema hormonal ligado à glândula suprarrenal. É uma reação positiva no primeiro momento, mas o estresse pode levar ao excesso de cortisol, o que causa impactos como a diminuição do sistema reprodutivo. Em alguns casos algumas mulheres até deixam de menstruar.
“Quando começou a pandemia fiquei três meses sem menstruar, o que não era comum. Estava ansiosa e com medo. Ainda estou, mas no começo foi caótico”, comentou uma mulher na postagem do meme que viralizou. “Desenvolvi cistos no ovário, me tratei e eles sumiram”, disse outra mulher. Uma internauta afirmou ter sentido “uma grande pazl” ao perceber, com a postagem do meme, que esse problema era comum em várias mulheres e não somente com ela.
Segundo associações de ginecologia brasileira, existem alguns hormônios no corpo feminino que podem provocar a alteração hormonal e que, se durante o período de menstruação a mulher sofrer ou passar por um trauma, no próximo mês ela terá mais cólicas menstruais. Mas se a mulher se manter em estresse sua menstruação pode ocorrer em ciclos mais longos, ela pode deixar de ovular e aumentar a tensão pré menstrual (TPM). Tudo isso pode fazer com que o mecanismo de defesa se modifique.
É preciso equilíbrio
“Na parte ginecológica, é preciso que haja um equilíbrio de fatores internos e externos para que se tenha um ciclo menstrual normal. Quando há um desajuste na parte hormonal percebe-se uma alteração no ciclo menstrual, tanto na duração que, em geral, dura de três a cinco dias, quanto no intervalo, que em geral, é a cada 28 dias. É possível que o sangramento aumente, além do acometimento de cólicas”, explicou a ginecologista.
Exercícios físicos, beber bastante líquido e consumir alimentos saudáveis faz com que a mulher preserve as funções evitando assim que a imunidade seja reduzida facilitando as alterações hormonais. “Observa-se ainda a TPM mais exacerbada e diminuição da libido. Caso este último seja constante, pode levar a desenvolver um transtorno sexual hipoativo feminino. Com uma alimentação mais saudável, equilibrada, com menos carboidratos e sal, além de atividade física regular é possível combater esses efeitos. Em casos mais extremos, a orientação é procurar um médico”, concluiu Vilma.
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