Uma bruxa em nossas vidas
O fascínio pelos mistérios e adivinhações
Nossa entrevistada nasceu e foi criada numa família católica, mas não frequenta nenhuma igreja ou templo. “Quando quero rezar prefiro fazer isso na natureza, na mata, na beira de um rio, diante do mar”, revelou. Quando perguntam sobre sua religião, responde: “Todas... e nenhuma!”. É que ela acredita nas forças do Universo, não importa o nome que tenham. Não considera a bruxaria uma ‘religião’, porque acha que é, antes de tudo, o exercício da espiritualidade. Se sente necessidade de ‘levar uns passes’, vai a um centro espírita. E se sente falta dos seus santinhos ou quer a proteção do seu Anjo da Guarda, entra numa igreja quando não há missa. O assunto aqui, hoje, é bruxaria, e nossa convidada para falar do assunto é a “bruxa” friburguense Nívea Sempieni, em entrevista exclusiva. Confira!
AVS: Quando você descobriu que era uma bruxa?
Nívea Semprini: A "bruxaria" apareceu na minha vida há muitos anos, por conta de uma amiga bruxa que me ensinou os primeiros passos. Dizem que quando a gente está pronta, o "mestre aparece". Acredito e foi assim comigo.
O que é uma bruxa, como são, o que fazem?
Considero "bruxas" todas (ou todos, conheço alguns bruxos também) as pessoas que lidam com energias: videntes, erveiros, benzedeiras, mães de Santo etc. Por isso acho complicado nos incluirmos em grupos ou divisões de qualquer espécie. Sou taróloga há muitos anos e com meu trabalho, além de prever acontecimentos e situações, busco equilibrar a energia das pessoas. Ninguém vem procurar a ajuda de um oráculo se não estiver passando por alguma situação crítica. Posso dizer que, quando a pessoa sai da consulta ela está sempre muito melhor do que quando chegou.
Tornar-se uma bruxa é uma questão de vocação ou o quê?
Quando me perguntam se qualquer pessoa pode se tornar bruxa, eu digo que não adianta ler mil livros, frequentar mil cursos e tirar diploma de bruxa se você não tiver empatia com seu próximo, a vontade de ajudar, seja com a leitura dos oráculos, com as rezas ou receitas de chás e banhos de ervas. Então, sim, acho que é uma questão de vocação como outra qualquer e que depende de uma chama interior.
Por falar em chama, que lembra fogueira, hoje em dia ainda existe algum tipo de perseguição, preconceito?
Atualmente, não somos mais perseguidas, nem queimadas vivas nas fogueiras da Santa Inquisição (graças a Deus!!!), pelo contrário. Somos procuradas, respeitadas, muitas vezes até temidas. Penso que, assim como as pessoas têm diferentes personalidades, as bruxas também seguem ensinamentos distintos, pelo menos as que são livres, como eu, que não faço parte de nenhum grupo ou associação.
Como você se relaciona com seu lado bruxa, e como tal, quais são seus hábitos e costumes?
Nesses anos todos de "bruxaria" tive oportunidade de me deparar com muitas coisas, como mistérios inexplicáveis, e por isso, acima de tudo, eu respeito. Com relação a meus hábitos e costumes, pratico a meditação para me ajudar na vidência, e sou vegetariana. Aliás, os animais são seres divinos, os bichos são melhores do que os homens. Além de adorar gatos — tenho 13, como uma boa bruxa —, eles ajudam a filtrar energias ruins e já me livraram de boas. Tenho também a minha vira-lata Bella, que também pensa que é um gato.
Entre cristais, ervas, velas, tarot, que elementos prefere para atrair boas energias?
Uso muitos cristais para atrair boas energias, incenso para proteção e eventualmente, quando consigo reunir algumas bruxas, fazemos rituais de purificação — em noite de lua cheia, quando fazemos nossos pedidos. A energia existe, boa ou má, e às vezes temos que lidar com isso, seja na limpeza espiritual, ou até mesmo da casa onde a pessoa vive. Não sou melhor do que outros, mas evito qualquer tipo de sortilégio para prejudicar alguém, mas não nego sua existência. Devemos agradecer pelo que temos e atirar na fogueira tudo o que não queremos mais em nossas vidas.
Como são feitas as previsões, como funcionam?
Dentro do universo das vidências com o oráculo que utilizo, como o tarô, as previsões alcançam aproximadamente três meses. Apenas durante 40 dias, exatamente de 1º de dezembro a 10 de janeiro, é possivel fazer previsões para o ano todo seguinte. Num programa que gravei ano passado, aparecia o tempo todo o Arcano 12, O Enforcado, e também o 21, O Mundo. Nem pude acreditar no que estava vendo, mas foi exatamente o que aconteceu! No mundo inteiro, todos nós "enforcados", em quarentena, presos dentro de casa por essa pandemia. Jogo há mais de 20 anos, e o tarô ainda me assusta.
Você conseguiu fazer atendimento durante a quarentena?
Sim, tenho atendido por videochamada e tem funcionado muito bem. Às vezes atendo pessoas de outros estados e algumas até de outros países. Somos todos feitos de energia e essa energia nos conecta mesmo além mar!
“Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay"
“Como na famosa frase de Miguel de Cervantes, trazemos dentro de nós o fascínio pelos mistérios, pelas adivinhações sobre o nosso futuro. Por mais cético que possa parecer nosso discurso, não resistimos à consulta aos astros, às cartas, aos búzios, ou qualquer outro método divinatório. Penso que aí se inclua um pouco do nosso ego. É bom ouvir falar de nós mesmos, sermos o personagem principal de uma história. Aí, dizemos: “É só de brincadeira, não acredito em nada disso...”
O Tarô surgiu na Europa por volta do século 14, então, bem “jovem” se comparado à astrologia ou ao I Ching, que são milenares. Só para mencionar o quanto o homem sempre foi atraído pelos mistérios das previsões, sobre as coisas do mundo lembremos das famosas profecias de Nostradamus ou do calendário Maia ou ainda sobre o nosso futuro pessoal.
Como taróloga e bruxa que sou, dentro do que já li, estudei e continuo estudando, posso afirmar que coincidências não existem, como em outra frase famosa, essa de William Shakespeare, em Hamlet: “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.
Acredito que na nossa vida nada é por acaso, tudo tem uma razão de ser, da mesma forma que também acredito no livre arbítrio: “Somos feitos das nossas escolhas”.
Quando abro as cartas para alguém o que aparece é o que, naquele momento, mais estiver mobilizando a mente da pessoa. E o que digo e aconselho é se aquele é um bom momento para se tomar alguma atitude ou não. O que se vai fazer com essa informação é a pessoa que decide, é seu livre arbítrio.
Há momentos positivos e negativos para agirmos. Se insistimos, se teimamos, o resultado é de nossa inteira responsabilidade. Não culpemos o Universo.”
Serviço:
Nívea Semprini é artista plástica, atriz e taróloga
Blog: artesniveasemprini.blogspot.com
Contato: (22) 9 9875 4216
www.facebook.com/pages/Atelier Nivea Semprini
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