Nas últimas semanas, uma publicação da pesquisadora Vanessa Baad, doutora em Medicina pela Universidade de Pernambuco (UPE), chamou atenção nas redes sociais. Em seu post, ela alertou que garrafas térmicas e reutilizáveis, tão presentes na rotina de trabalho, academia e lazer, podem se transformar em verdadeiros depósitos de bactérias quando não são lavadas todos os dias.
A comparação feita pela médica foi impactante: segundo ela, uma garrafa mal higienizada pode abrigar mais micro-organismos do que um vaso sanitário. A declaração gerou espanto, mas também abriu espaço para um debate necessário sobre saúde, higiene e sustentabilidade em tempos de crescente uso de recipientes reutilizáveis.
Por que as garrafas acumulam sujeira?
O risco não está apenas no líquido armazenado, mas principalmente no uso contínuo. Cada gole dado ao longo do dia deposita saliva, células epiteliais e até partículas microscópicas de alimentos no interior da garrafa. Esses resíduos entram em contato com a bebida, que geralmente permanece fechada por horas.
O ambiente escuro, úmido e pouco ventilado cria condições ideais para a multiplicação de bactérias e fungos. Modelos de plástico são ainda mais vulneráveis, já que microfissuras na superfície podem acumular sujeira. Já os modelos de inox, apesar de mais resistentes, também podem se tornar focos de contaminação se não forem bem secos após o uso.
Quais micro-organismos podem estar presentes?
Estudos apontam para a presença de bactérias comuns, mas potencialmente nocivas em excesso:
- Escherichia coli (E. coli): associada a infecções intestinais.
- Staphylococcus aureus: pode causar desde irritações na pele até intoxicações alimentares.
- Pseudomonas aeruginosa: ligada a infecções respiratórias e urinárias.
- Candida albicans: fungo que prolifera em ambientes úmidos e pode causar candidíase oral.
Se ingeridos repetidamente, esses micro-organismos sobrecarregam o sistema imunológico e afetam a saúde intestinal.
Riscos para a saúde
Segundo Vanessa Baad, os impactos vão muito além do mau cheiro ou gosto estranho na bebida. A ingestão de líquidos contaminados pode provocar:
- Infecções gastrointestinais, como diarreia, náuseas e febre.
- Desequilíbrio da microbiota intestinal.
- Inflamações crônicas causadas por toxinas bacterianas.
- Enfraquecimento do sistema imunológico.
Os efeitos podem ser ainda mais severos em crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas.
Mais suja que um vaso sanitário
A comparação pode soar exagerada, mas tem respaldo científico. Pesquisas mostram que objetos do dia a dia, como celulares, teclados, esponjas de cozinha e garrafas reutilizáveis, muitas vezes acumulam mais micro-organismos do que superfícies de banheiros.
Isso acontece porque, ao contrário do vaso sanitário, que recebe limpezas frequentes, esses itens costumam ser negligenciados. O resultado é um acúmulo de bactérias invisível a olho nu, mas com grande potencial de causar doenças.
Como higienizar corretamente
Vanessa recomenda métodos simples e eficazes de limpeza diária:
1. Água quente e vinagre: preencher a garrafa com água quente, adicionar duas colheres de vinagre, agitar, deixar agir por dez minutos e enxaguar bem.
2. Bicarbonato de sódio: colocar uma colher de chá do pó, completar com água quente, agitar, esperar 15 minutos e enxaguar.
Ambos os métodos desinfetam sem deixar resíduos químicos.
A importância da secagem
A secagem é tão fundamental quanto a limpeza. Guardar a garrafa ainda úmida recria o ambiente ideal para fungos e bactérias. O ideal é deixá-la aberta, de cabeça para baixo, até que esteja completamente seca, antes de ser armazenada.
Dicas extras de manutenção
- Lavar bem a tampa e o bico, onde há maior acúmulo de saliva.
- Não compartilhar garrafas para evitar contaminação cruzada.
- Evitar bebidas açucaradas, que aceleram o crescimento de fungos.
- Substituir a garrafa periodicamente, já que o desgaste gera fissuras difíceis de higienizar.
Crescimento do uso e novos desafios
Nos últimos anos, o uso de garrafas reutilizáveis ganhou força, impulsionado por campanhas ambientais e pela busca por hábitos mais saudáveis. Elas reduzem o consumo de plásticos descartáveis e incentivam a hidratação.
No entanto, junto com os benefícios surgem novos desafios: manter o equilíbrio entre a sustentabilidade e os cuidados necessários para evitar que esses recipientes, aliados do meio ambiente, se tornem inimigos da saúde.
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