A melhora gradual da conjuntura econômica somada a algumas ações pontuais, como campanhas de renegociação de dívidas e a liberação dos recursos do FGTS contribuíram para aliviar o bolso do brasileiro neste início de ano. Segundo dados apurados pela CNDL e pelo SPC Brasil mostram que o volume de brasileiros com contas em atraso caiu pelo segundo mês seguido e encerrou 2019 com uma pequena queda de -0,2% na comparação com o ano anterior. A título de comparação, em 2018 o indicador havia encerrado o ano com uma alta expressiva de 4,4% no número de inadimplentes.
A estimativa é que aproximadamente 61 milhões de brasileiros tenham começado o ano de 2020 com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas. “A expectativa é de que a inadimplência siga em queda pelos próximos meses, mas a passos lentos. A aceleração desse quadro passa pela continuidade da melhora econômica e, em especial, daquilo que toca diretamente o bolso do consumidor: emprego e renda. Mesmo com a inadimplência caindo aos poucos, as famílias ainda enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos em dia, tanto é que há um estoque elevado de pessoas com contas sem pagar”, avaliou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Somando todas as pendências, cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.257,91. Já descontando os efeitos da inflação, os valores observados agora são 30% menores do que no início da série histórica, em 2010 (R$ 4.238,32). De modo geral, pouco mais da metade dos brasileiros inadimplentes têm dívidas em atraso de até R$ 1.000 e pouco menos da outra metade, acima desse valor.
Em dezembro, o recuo mais expressivo (-16,4%) da inadimplência se deu nas dívidas com o setor de comunicação, que englobam contas de telefonia, internet e TV por assinatura. As dívidas bancárias, que levam em conta cartão de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos, caíram -1,9%. Já o as dívidas contraídas no comércio via crediário subiram 0,9%, enquanto as pendências básicas com água e luz cresceram 2,1%. No geral, considerando todos os tipos de dívidas em atraso, houve queda de -3,3% na comparação anual.
Queda no Nordeste
Analisando os resultados por região, o Nordeste apresentou a queda mais expressiva na quantidade de inadimplentes, com recuo de 3,2% na comparação entre dezembro de 2019 e dezembro de 2018. No Sudeste, a variação foi pequena e ficou em 0,7%, ao passo que houve um avanço de 4,8% no Norte e de 3,8% no Centro-Oeste.
De modo geral, o Norte é a localidade mais inadimplente em termos proporcionais: a estimativa é que 47,2% dos residentes adultos da região estejam com o CPF negativado, ou 5,9 milhões de consumidores nessa situação. Em seguida aparece o Centro-Oeste (42,4% ou 5,1 milhões de inadimplentes), Nordeste (40,2% ou 16,6 milhões de negativados), Sudeste (37,4% ou 25,2 milhões de pessoas com contas em atraso) e Sul (35,5% ou 8,2 milhões de inadimplentes.
Inadimplência cresce entre idosos
O indicador ainda mostra que a inadimplência tem apresentado comportamentos distintos, conforme a faixa etária. Em dezembro houve queda expressiva na parcela mais jovem da população, enquanto observou-se uma alta entre os mais velhos. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve queda de 21% na quantidade de inadimplentes. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, a alta foi de 3,7%.
O número de devedores também caiu entre os que têm de 25 a 29 anos (-11,2%) e de 30 a 39 anos (-3,2%). Considerando as pessoas de 50 a 64 anos, houve uma alta de 1,8%, ao passo que ela ficou em apenas 0,8% entre os de 40 a 49 anos.
“A permanência maior dos idosos no mercado de trabalho e, portanto, mais ativos no mercado de consumo, assim como a renda menor neste estágio da vida, são fatores relevantes que impulsionam a inadimplência neste público. Há ainda o hábito que idosos possuem de emprestar o nome a terceiros, geralmente familiares, principalmente diante da facilidade de acesso ao crédito consignado. Com o alto desemprego, em muitas famílias o aposentado é a única fonte de renda”, analisou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.
Baixe a íntegra do indicador e a série histórica em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos.
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