Infidelidade conjugal é também uma maldade

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 01 de março de 2023

Uma das dores emocionais mais devastadoras é a que uma pessoa traída pelo cônjuge experimenta. Quem passou por esta experiência descreve que foi como se uma faca tivesse atingido seu coração, partindo-o. Nada justifica a traição num casal. Pode explicar, mas não justifica. Justificar tem que ver com provar que houve uma razão legal (na lei) para o ato, significa tratar como justo um comportamento ou provar a existência de um motivo legítimo para o ato realizado. Trair não é justo. O cônjuge que trai age injustamente. O cônjuge traído talvez tenha sido injusto no sentido de ter privado o outro de atenções, sexo, diálogo, companhia. Ambos, traído e traidor, geralmente têm culpa no caso de uma infidelidade no casamento. Ambos erram.

Há casos em que o traidor age com traição de maneira muito injusta, sendo, assim, muito mais culpado da situação de dor e desmoronamento do relacionamento, tendo aberto uma ferida de difícil cicatrização. Há pessoas que traem porque são compulsivas sexuais cujo cônjuge não tem quase nenhuma culpa, se alguma, pelos constantes e frequentes episódios sexuais fora de casa deste viciado em sexo.

Trair é também uma maldade. Se o cônjuge traído era fiel e fica sabendo da situação, instala-se uma dor de difícil cura. Abre-se uma ferida cheia de ódio, tristeza, sensação de estar casado agora com um inimigo. O que era íntimo, fica afastado; o que era confiável, fica desconfiado; o que era amigo, parece inimigo; o que era conhecido, fica estranho.

Estudo feito pela dra. Carmita Abdo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, com o título “Descobrimento Sexual do Brasil”, revela dados alarmantes sobre o perfil de infidelidade de homens e mulheres brasileiros. Ela e equipe pesquisaram entre 3.106 mulheres brasileiras e encontraram que as que menos traem seu marido são as do Paraná (19,3%) enquanto que as que mais traem são do Estado do Rio (34,8%). Outros estados ficaram assim quanto à percentagem de mulheres que traem (em média): Pará 20,3%; Santa Catarina 23,3%; Mato Grosso do Sul 23,6%; São Paulo 24,1%; Bahia 25,2%; Pernambuco 26,5%; Ceará 26,7%; Goiás 27,7%; Minas Gerais 29,5%; Rio Grande do Norte 30,2% e Rio Grande do Sul 31,7%.

Quanto aos homens, os que menos traem são os do Paraná também, mas mesmo assim com índice muito alto (43%). Depois vem São Paulo com 44%; Minas Gerais 52%; Rio Grande do Sul 60%; Ceará 61% e o estado com maior número de homens infiéis é a Bahia com 64%. Ou seja, em cada 100 homens baianos casados, 64 traem suas esposas em algum momento da vida segundo este estudo da dra. Carmita.

Em cada 100 homens casados no Brasil, 50 tiveram um “caso” e em cada 100 mulheres casadas, quase 26 também tiveram contato extraconjugal sexual. Uma lástima e tragédia indevidamente alimentada pela má mídia. A internet favorece a infidelidade conjugal. Cerca de 60% dos casos de traição virtual termina em sexo real.

A verdade é que uma pessoa “interessante” também tem problemas.

Evitar infidelidade conjugal  depende de: (1) diálogo sincero, (2) humildade de ambos, marido e mulher, para aceitar dificuldades pessoais e procurar ajuda para resolvê-las, (3) aceitar a limitação que todos os seres humanos possuem para nos amar como sonhamos ser amados e, então, aceitar o amor possível, (4) parar de ter obsessão pelo outro, (5) aprender que homem e mulher são diferentes do ponto de vista comportamental o que produz a necessidade de aceitar as limitações pessoais e a (6) compreensão de que o outro nunca poderá preencher todas as necessidades suas.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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