Varíola dos macacos: casos aumentam e especialistas fazem alerta para o carnaval

Risco de infecção pode aumentar com maior circulação de turistas e contato íntimo na folia
quarta-feira, 07 de fevereiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: iStock)
(Foto: iStock)

O aumento do contato físico e de turistas durante o carnaval poderá, de acordo com especialistas, aumentar o contágio da Mpox (monkeypox ou varíola dos macacos) entre os foliões. Identificada no Brasil pela primeira vez em junho de 2022, a infecção manteve-se circulante em todo o país e teve um indicativo de aumento de casos em meio às recentes férias de dezembro e festas de fim de ano, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Os números atuais são menores do que quando houve a epidemia da infecção no país, há dois anos, mas merecem atenção por justamente encontrarem um ambiente propício para novas disseminações em meio às festividades.

No estado de São Paulo, por exemplo, foram identificados 21 novos casos na primeira semana deste ano. Seguido por 17 novos diagnósticos nos sete dias seguintes e mais seis casos suspeitos. Na terceira semana há, ao menos 18 casos suspeitos. Entre outubro e dezembro do ano passado, a título de comparação, a identificação de novas infecções não passava de três por semana.

“O carnaval é um evento potencialmente disseminador dessa infecção. É preciso que as pessoas dos grupos mais vulneráveis sejam informadas pois o Brasil não contou com doses suficientes para vacinar uma parte relevante da população. A mpox é também uma infecção sexualmente transmissível (IST) e pode ser muito grave em pacientes com a imunidade baixa”, explica Álvaro Costa, médico infectologista do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS do estado de São Paulo.

“É um momento de alerta. Estamos preocupados, pois não há vacina suficiente e ainda não temos um antiviral específico para tratamento. Aos pacientes em geral, a infecção é branda ou moderada, causa mais preocupação nos imunossuprimidos. Mas mesmo leves, os quadros podem ser dolorosos,” acrescenta.

Na cidade do Rio, também há preocupação em relação aos novos casos. Desde novembro 2023, as infecções têm apresentado indicadores maiores do que as registradas ao longo do ano passado. A maior taxa se deu ao longo da última semana de dezembro, com 11 confirmações de diagnósticos em todo o município.

“É uma doença que merece atenção. Vamos ter aumento de casos sempre que houver turistas circulando. É preciso lembrar que, para esse tipo de doença, onze casos em uma semana é muita coisa, justamente por ela ter um potencial de disseminação muito alto”, alerta Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

De acordo com levantamento realizado pelo jornal O Globo, outros estados como Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Rio Grande do Sul, também diagnosticaram quadros de mpox entre dezembro e janeiro.

“Os registros de novos casos acontecem principalmente nos grandes centros porque é preciso contato físico para ocorrer (sobretudo o íntimo). Obviamente, o carnaval tem muitas festas, as pessoas viajam muito, o que transforma um período de bandeira amarela para um possível aumento de casos”, diz Alexandre Naime Barbosa, médico infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “É uma doença que pode ser transmitida de maneira assintomática, mas é bem mais frequente quando já há lesões na pele”.

David Uip, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or, conta que após meses recebeu um recente caso de mpox em seu consultório. Contudo, ele afirma que ainda é cedo para determinar que haja uma grande mudança de cenário após as festas. A cautela, porém, segue fundamental.

“É uma infecção que se transmite por contato físico, de corpo a corpo, mesmo sem contato sexual. Mas também não é caso para virar uma paranoia, a busca deve ser pelo meio termo. É necesário proteger-se pois a infecção está por aí, ela existe”, reitera o infectologista. 

Transmissão

Os especialistas defendem, ainda, que se mantenha rigorosamente o uso de preservativos e que haja atenção especial aos quadros de febres, ínguas, dores no corpo e aparecimento de feridas na região genital de homens e mulheres. 

Com o surgimento de qualquer uma dessas queixas, é imperioso procurar o sistema de saúde. Os médicos esclarecem que, embora o grupo dos homens que fazem sexo com homens (HSM) tenha concentrado casos tão logo a infecção chegou ao país, todas as pessoas que entrarem em contato com o vírus podem desenvolver a infecção, inclusive as crianças, como já foi identificado em São Paulo.

Vacina e tratamento

O Ministério da Saúde não informou se há avanços na política de vacinação para a mpox. A pasta chegou a comprar um lote de 50 mil doses de imunizantes contra a doença em 2022, número insuficiente até para vacinar profissionais da saúde envolvidos no combate à infecção, afirmaram os especialistas.

A Anvisa informou que a autorização excepcional e temporária para uso da vacina Jynneos e da Imvanex, ambas dedicadas à mpox, seguem ativas no Brasil. A importação, contudo, fica a cargo da pasta da Saúde. Na capital paulista, o Instituto Butantan mantém ativa uma linha de pesquisa para o desenvolvimento de um imunizante contra a infecção, ainda em fase inicial. 

Também em São Paulo, a Casa da Pesquisa — ligada ao Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS — participa de um estudo internacional que avalia a eficácia e segurança de um antiviral para o tratamento da doença. A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980. (Fontes: Instituto Butantan OMS e ONU News Brasil)

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