Música como aliada contra insônia

Projeto europeu estuda como usá-la para dormir melhor
sexta-feira, 19 de maio de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

A Universidade Pompeu Fabra (UPF), de Barcelona (ESP), ​​participa de um projeto europeu que visa descobrir como a música afeta o cérebro antes e durante o sono e quais são as qualidades mais eficazes que podem ser usadas para induzi-lo. A pesquisa, chamada Lullabyte, pretende estudar esta relação tendo em conta as necessidades e perfis de cada pessoa para encontrar uma alternativa aos tratamentos medicamentosos.

O trabalho vai se concentrar em descobrir como a música ou o som podem ajudar não só a adormecer, mas também a dormir mais profundamente e de forma mais tranquila, explica Sergi Jordá, neurologista e pesquisador principal do projeto na UPF. “Embora passemos um terço de nossas vidas dormindo, é curioso o quão pouco se sabe sobre o assunto”, acrescentou.

O projeto une musicologia e neurociência com outras disciplinas como psicologia, ciência da computação e ciência de dados. Jordá garante que é a primeira vez que o tema é abordado de forma totalmente interdisciplinar. Além da universidade catalã, outras nove instituições da Alemanha, Holanda e Dinamarca, entre outras, participam da pesquisa. A investigação, que teve início este ano, vai até 2026 e conta com quase dois milhões e meio de euros do programa Horizonte Europa.

A equipe da UPF vai estudar os pacientes durante o sono e investigar como converter as informações extraídas de suas ondas cerebrais em música ou som. No início com sons sintéticos, algo como música eletrônica, gerados em tempo real.

“De alguma forma, o que acontece em seu próprio cérebro irá controlar como ele soa”, acrescentou  Jordá, com o objetivo de alcançar uma forma de tratamento totalmente personalizada.

A coordenadora do Grupo de Estudos do Sono da Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN), Ana Fernández, acredita que conhecer essa relação pode ajudar a melhorar o sono, principalmente para pessoas com dificuldades em adormecer e mantê-lo.

“É um tratamento de baixo custo, sem efeitos colaterais e seria uma boa intervenção não farmacológica”, enfatiza. Entre 25% e 35% das pessoas na Espanha sofrem de insônia transitória, e mais de quatro milhões sofrem de forma crônica, segundo dados do SEN.

No Brasil, de acordo com estudos da Fiocruz, 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia. 

Benefícios comprovados mas ainda limitados

Em 2021, uma meta-análise publicada na revista Behavioral Sleep Medicine constatou que a intervenção musical ajudou a melhorar pacientes internados em unidades coronarianas e de terapia intensiva, bem como o sono de idosos. Seus autores viram que era mais eficaz após as três primeiras semanas e quando a exposição durava menos de 30 minutos. 

Outra revisão publicada no mesmo ano no Journal of the American Geriatrics Society afirmou que entre 40% e 70% dos idosos têm problemas para dormir e mais de 40% sofrem de insônia. Segundo seus autores, a música melhorava a qualidade do sono dessas pessoas, que viviam em casa, quando a ouviam entre 30 minutos e uma hora antes de ir para a cama. Relataram diminuição da frequência cardíaca, da respiração e da pressão sanguínea, reduzindo assim a ansiedade e o estresse.

No entanto, nem toda a literatura científica concorda que essa relação seja boa. Dois anos atrás, um estudo da Baylor University publicado na revista Psychological Science afirmou que ouvir música perto da hora de dormir poderia produzir o que seus pesquisadores chamaram de earworms (literalmente, “vermes nos ouvidos”), quando uma música ou melodia é tocada continuamente na cabeça de uma pessoa enquanto dorme. Afirmaram que aqueles que experimentam essa sensação têm seis vezes mais chances de ter um sono de má qualidade.

Atualmente, tratamentos com benzodiazepínicos e Z-drugs (semelhantes aos anteriores, como o zolpidem) são usados ​​para insônia e outros problemas do sono, que apresentam inúmeros efeitos colaterais que vão desde sonolência diurna até perda de memória. 

“São remédios que dão sono, mas fazem mal”, alerta Jordá, já que induzem um sono que não é natural e que é menos repousante. “O objetivo do Lullabyte é conseguir melhorias notáveis ​​em pessoas que sofrem com esses problemas para que não precisem recorrer a remédios para descansar”, concluiu. (Fonte: extra.globo.com)

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