Imóveis desocupados são potenciais focos do Aedes aegypti

Em plena época de alertas e alto crescimento de casos da doença em todo o estado, tal denúncia é bastante alarmante
terça-feira, 06 de fevereiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Fotos: Henrique Pinheiro)
(Fotos: Henrique Pinheiro)

A VOZ DA SERRA recebeu denúncias sobre potenciais focos de dengue em imóveis desocupados, alguns deles sob a responsabilidade do município, como o antigo Sase, no bairro Olaria, e o casarão da antiga Legião Brasileira de Assistência (LBA), na Rua Augusto Spinelli, no Centro. Em ambos, o mato alto, lixo e o acúmulo de água favorecem a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. 

Em plena época de alerta devido ao alto crescimento de casos de dengue em todo o país, a falta de cuidado com locais que podem tornar-se focos do mosquito preocupa.

Sase: um problema crônico

O prédio e o terreno ao lado do antigo Serviço de Assistência Social Evangélica de Nova Friburgo (Sase), na Avenida Júlio Antônio Thurler, no Bairro da Graça, em Olaria, foi adquirido pela Prefeitura de Nova Friburgo, com o objetivo de instalar ali uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA). 

No entanto, moradores do bairro têm demonstrado irritação, alguns, impaciência, não apenas com a demora na instalação da UPA, mas, principalmente com a imundície que tomou conta do prédio e do terreno que estão totalmente abandonados. 

Segundo uma moradora, “o imóvel e seu entorno estão cheios de lixo, sobras de quentinhas, todo tipo de descarte, inclusive de pessoas que limpam seus jardins e quintais e jogam lá seus dejetos, além do mau cheiro insuportável, que deve ser dos animais mortos jogados ali. Antes da prefeitura desapropriar, ela alegava que não era dona do imóvel, mas, de um ano pra cá, passou a ser proprietária. Se a prefeitura comprou, cabe a ela providenciar a limpeza. Do contrário, é o caso de entrar com um processo contra o governo pelo descaso e irresponsabilidade”, desabafa a moradora. 

Um leitor denunciou a presença de ratos, baratas e mosquitos. “É um absurdo que com esse calor, pancadas de chuva, rajadas de vento, trazendo perigo de dengue, chikungunya, febre amarela e outras mazelas, a gente tenha que conviver com água parada imunda e poças que se tornam verdadeiras incubadoras de insetos, nos expondo ao risco de infecções. Cadê a fiscalização? A quem cabe tomar providências para pelo menos limpar o terreno? Essa situação precisa de medidas sanitárias urgentes”, observa o leitor lembrando que a mesma prefeitura que faz campanhas de conscientização popular sobre a necessidade de cuidados para evitar a proliferação da dengue permite que o antigo Sase se transforme num criadouro do Aedes.   

Casarão da LBA: esperança “arrastada”

Em junho passado, conforme noticiado por A VOZ DA SERRA, surgiu uma esperança para o futuro do histórico casarão da Rua Augusto Spinelli, no Centro, onde funcionou a antiga Legião Brasileira de Assistência (LBA). Na época, de acordo com a prefeitura, foi realizada apenas a limpeza do imóvel como parte de uma avaliação do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (Inepac). A ideia é promover uma restauração completa do imóvel que abrigará futuramente a Secretaria Municipal de Cultura.

“O casarão tombado pelo patrimônio histórico está completamente abandonado. Já cobrei a prefeitura inúmeras vezes e não obtive retorno. Com as chuvas o prédio está se tornando um criadouro do mosquito da dengue”, relata uma moradora. 

O que diz a prefeitura

A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Prefeitura de Nova Friburgo para saber mais detalhes de como está sendo feita a manutenção e limpeza nos imóveis citados. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Subsecretaria Municipal de Vigilância em Saúde, informou que “está realizando os atendimentos conforme as denúncias chegam ao setor. A demanda tem sido grande e equipes de agentes de endemias estão redobrando esforços para atender todas as solicitações. Por fim, a Prefeitura de Nova Friburgo aproveita para solicitar o apoio da população no combate a dengue, verificando em casa possíveis criadouros do mosquito.” 

Casos de dengue em Nova Friburgo

Os casos de dengue estão aumentando consideravelmente em todo o Brasil, no Estado do Rio de Janeiro e, também, em Nova Friburgo. Só no mês passado, o município registrou 56 casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, enquanto no mesmo período em 2023, foram registradas sete infecções entre os friburguenses. 

Prevenção é urgente 

A onda crescente no número de casos acontece porque o verão é um período de altas temperaturas e chuvas intensas, o que facilita a proliferação do mosquito Aedes aegypti. A melhor forma de prevenir a dengue é evitar a proliferação do mosquito. No entanto, é importante que o Poder Público tenha o apoio da população, não deixando água parada e denunciando possíveis focos para a Subsecretaria de Vigilância em Saúde.

A população precisa estar atenta também aos principais sintomas da doença como febre alta (39 a 40 graus), que dure de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. É preciso também estar atento também a manchas que atingem a face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem ocorrer. 

Em caso desses sintomas, deve-se procurar um atendimento médico sem fazer uso de qualquer medicamento sem prescrição. Quanto antes for diagnosticada, menores são as chances de complicações pela doença.

Rio decreta estado de emergência 

 O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, decretou estado de emergência na saúde pública por conta da epidemia de dengue que atinge a capital fluminense. Em publicação no Diário Oficial desta segunda-feira, 5, a administração municipal considera o acentuado aumento de casos e internações como fator para decretar a medida.

Na última sexta-feira, 2, o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, confirmou que o Rio enfrenta uma epidemia da doença. Só em janeiro, a rede de saúde da prefeitura carioca teve 362 pessoas internadas por causa da dengue, número recorde desde 2008.

Conforme dados do painel do Observatório Epidemiológico da prefeitura, 11.202 casos já foram registrados em 2024. Durante todo o ano de 2023, foram 22.959 casos. “Em um único mês de 2024 nós já temos quase a metade dos casos de todo o ano anterior, o que gera uma preocupação intensa“, afirmou o secretário Soranz.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que vai iniciar a vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue no município do Rio tão logo os imunizantes sejam liberados pelo Ministério da Saúde. A expectativa é de que em uma semana toda a população-alvo esteja vacinada, o que representa 354 mil indivíduos. No Estado do Rio, nenhum município do interior foi contemplado nesta campanha de imunização.

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