Estado cria brigada de combate ao Aedes aegypti

Ação em parceria com as secretarias de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social começou na capital e será estendida ao interior
sexta-feira, 08 de março de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Uma parceria inédita criada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para enfrentamento à epidemia de dengue resultou na criação de brigadas para o combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença que já tem 104.591 casos confirmados (até esta sexta-feira, 8) e ocasionou 15 mortes somente este ano. Equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos iniciaram na última quinta-feira, 7, um treinamento feito por agentes de combate a endemias da Secretaria estadual de Saúde (SES-RJ) no Abrigo Cristo Redentor, na Zona Norte da capital carioca.

O objetivo da ação é incentivar a formação de brigadas antidengue para identificar os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Funcionários e gestores da unidade participaram da atividade, que incluiu palestra educativa e a busca ativa de possíveis focos. O local tem 212 idosos residentes, homens e mulheres, em situação de vulnerabilidade e/ou risco social, além do Centro Dia, que oferece atividades multidisciplinares. 

A intenção do Governo do Estado é ampliar a atuação dessas brigadas na Região Metropolitana e em todo o interior fluminense, principalmente nas regiões com maior potencial de proliferação do mosquito e casos registrados. Nova Friburgo, por exemplo, já contabiliza mais de 500 casos confirmados da doença até a última semana e mantém uma média de 130 novos casos por semana, segundo osboletins semanais divulgados pela prefeitura às terças-feiras.   

“Queremos incentivar a eliminação do vetor nos locais de trabalho, especialmente com a inspeção de possíveis áreas que possam servir de criadouro para o Aedes aegypti. É muito importante a formação dos brigadistas em locais com circulação de pessoas, especialmente em hospitais e UPAs”, disse o agente Alessandro Silva Lessa, que estava acompanhado também dos agentes Olicio Antonio da Silva e João Roberto Rodrigues, no treinamento realizado no Rio de Janeiro.

“Além de atuar no interior das edificações, as brigadas auxiliam na identificação de potenciais focos do mosquito em áreas de difícil acesso, como telhados e calhas, que precisam ser acessados com o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) para a limpeza correta dos criadouros”, explicou Lessa durante a palestra, que também abordou diversos aspectos do ciclo de vida do mosquito da dengue e os números gerais da doença no Estado do Rio de Janeiro, por meio da ferramenta Monitora RJ, desenvolvida pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS) da SES-RJ.

Como exercício prático, a equipe da SES-RJ percorreu as diversas dependências do abrigo, acompanhada dos colaboradores da limpeza e manutenção. O protocolo seguiu o guia de inspeções da campanha “Dez minutos salvam vidas”, com a verificação minuciosa de calhas, vasos de plantas e outros locais para evitar os possíveis criadouros.

Dia D contra a dengue neste sábado no bairro Olaria 

A Prefeitura de Nova Friburgo, por meio do Comitê de Mobilização do Combate ao Aedes aegypti, promove neste sábado, 9, a partir das 8h, o primeiro Dia D que será promovido no município para combate ao Aedes aegypti, que, além da dengue, transmite também a zika e chikungunya. A ação será realizada no bairro Olaria, o mais populoso do município. 

Na última terça-feira, 5, o Comitê de Mobilização de Combate ao Aedes aegypti se reuniu para traçar as estratégias das ações que serão realizadas em Nova Friburgo. O Dia D deste sábado, por exemplo, será apenas o primeiro de outros que serão promovidos no município. Em breve as datas e locais das próximas ações serão divulgadas pelas redes sociais da prefeitura. 

Vacina Qdenga: com baixa procura, faixa etária é ampliada  

De um total de 1,2 milhão de doses distribuídas pelo Governo Federal para 521 municípios brasileiros, apenas 250 mil vacinas contra a dengue foram aplicadas até esta sexta-feira, 8. Os dados foram apresentados pelo diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti.

Em entrevista coletiva, ele lembrou que a pasta contabiliza, ao todo, 365 mil doses aplicadas, já que, além da estratégia elaborada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), há ainda iniciativas como a do município de Dourados-MS, que está imunizando toda a população local com idade entre 4 e 59 anos, graças a uma parceria da Secretaria Municipal de Saúde com o fabricante da vacina japonesa Qdenga.

O diretor destacou que, num primeiro momento, a pasta distribuiu um quantitativo de doses para crianças de 10 e 11 anos serem vacinadas no país. Diante dos relatos de baixa procura pela imunização e de doses com a data de validade próxima, o ministério optou por ampliar a faixa etária a receber a vacina neste momento, passando a chamar também adolescentes de 12 a 14 anos. No Estado do Rio, somente 11 municípios da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense foram contemplados com a campanha de vacinação. Não há previsão de ampliar a ação para o interior fluminense, pelo menos, por enquanto.

Entenda

O Ministério da Saúde selecionou um total de 521 municípios de 16 estados brasileiros, além do Distrito Federal, para iniciar a vacinação contra a dengue via SUS a partir de fevereiro. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença. Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações por dengue, compõem o público-alvo da imunização. De janeiro de 2019 a novembro de 2023, o grupo respondeu por 16,4 mil hospitalizações, atrás apenas dos idosos, grupo para o qual a vacina não foi autorizada.

Alerta aos pais

Há mais de 15 anos, a pediatra Natália Bastos atende desde pacientes recém-nascidos a adolescentes na capital federal. Em entrevista à Agência Brasil, ela destacou que há uma explosão de casos de dengue e que os pais precisam ter cautela. “Faço um apelo aos pais que não vacinaram as crianças, que procurem as salas de vacinação para que seja aplicada a Qdenga. É uma vacina contra a dengue feita com o vírus atenuado, uma vacina muito segura. Está sendo desenvolvida pelo laboratório Takeda desde antes da covid-19, antes da pandemia. Então, não é uma vacina nova, não é uma vacina que foi desenvolvida às pressas. Já existem vários estudos e ela passou por todas as etapas”, observa a médica. 

Natália destacou que o esquema vacinal completo da Qdenga, com duas doses, garante cerca de 80% de eficácia e que os efeitos colaterais, inclusive em crianças, são pequenos – sobretudo quando comparados aos que uma infecção por dengue pode causar. “Com uma dose, você tem, geralmente, efeitos colaterais imediatos muito leves e, com dez dias, algumas manchas no corpo ou alguma dor no corpo. Mesmo assim, são poucos sintomas tendo em vista o que um quadro de dengue pode causar na criança ou no adulto”, completou. 

“Enquanto era disponibilizada somente na rede privada, era uma vacina que estava custando, em média, de R$ 400 a R$ 500. Hoje, a vacina está disponível nos  postos de saúde do SUS, gratuitamente. Então, convido todos os pais a procurarem a vacina com os filhos de 10 a 11 anos com urgência”, concluiu. 

(Com informações do Governo do Estado RJ, Prefeitura de Nova Friburgo e Agência Brasil)  

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