Empreendedoras se unem para se fortalecerem

Apesar de Nova Friburgo ter um grande número de empresárias, não existia um projeto voltado para o seu desenvolvimento pessoal e profissional
sexta-feira, 28 de abril de 2023
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Fotos: Divulgação)
(Fotos: Divulgação)

Nova Friburgo é uma cidade que tem entre suas características um grande número de empresas fundadas por mulheres. Tudo começou, quando no início dos anos 1980, com a crise interna da economia brasileira, a Triumph teve que demitir cerca de 600 empregados, principalmente costureiras. A empresa também vendeu parte do seu maquinário ao empresário Silvio Montechiari, que emprestou as máquinas às costureiras demitidas para começarem suas confecções. E, assim, muitas se tornaram empreendedoras de empresas, que hoje, são verdadeiras indústrias.

Na ocasião, para ter sucesso, era necessário além de muito trabalho, ter o “tino” para ser empresário. O mundo evoluiu, muitas mudanças aconteceram e, hoje, para se manter no mercado como empreendedor é necessário conhecimento, estudo constante e troca de experiências. E, apesar de ser caracterizada pelo empreendedorismo feminino, a cidade não tinha um projeto voltado para esse segmento, que tem suas peculiaridades.

Em 2018, a empresária Fernanda Oliveira observou essa lacuna. “As mulheres não se encontravam para falar de negócios e, embora não exista receita, acreditamos que, unidas, podemos fazer a diferença”, relata. Em maio de 2018 aconteceu a primeira reunião do projeto “Mulheres de Sucesso”, materializando o seu desejo de influenciar e inspirar mulheres a acreditarem em si. “Naquele ano, Nova Friburgo completaria 200 anos e como cidadãs precisávamos fazer a nossa parte, sem discutir política ou religião, mas sim, cuidando daquilo que podíamos para termos uma cidade melhor para viver”, disse a empresária.

Durante dois anos, mais de 1.000 mulheres de Nova Friburgo participaram dos eventos, em encontros mensais. “Nesse momento, entendi que era hora de dar mais um passo, só que não mais sozinha. Reuni-me com as empresárias Fabíola Kunigami e Priscila Oliveira, que toparam desenvolver o projeto. Então, criamos o Empreender com Mais Sucesso, um Clube de Negócios para as Mulheres de Sucesso”, relatou Fernanda.

Empreender com mais sucesso

De acordo com ela, o projeto Empreender com Mais Sucesso é um espaço de discussão e reflexão sobre o papel da mulher enquanto empreendedoras. “Trazemos novos conteúdos e diferentes pontos de vista de temáticas importantes para ampliar a compreensão de nossa atuação no mercado atual, estimulando o amadurecimento profissional e pessoal”, explicou ela.

Em um ano de existência, o clube de negócios cresceu 100%, com ele, a certeza das três empresárias de que muito mais mulheres precisavam ser alcançadas. “Demos mais um passo, com a inauguração da primeira sala para empreendedoras da nossa cidade e região, em maio de 2021. Um espaço para co-working, mentorias, mini cursos, palestras, aulas particulares e oficinas para as mulheres da nossa cidade”, enumerou Fernanda.

1ª Escola de Empreendedorismo Feminino

Em 2022, o Empreender com Mais Sucesso fez uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), fundando a 1ª Escola de Empreendedoras da Região Serrana. Mais de 100 mulheres já passaram pelos cursos oferecidos pela Escola de Empreendedoras, que é um espaço de estudo, para tirar dúvidas e trazer questionamentos a respeito do universo do Empreendedorismo Feminino.

Em oito encontros quinzenais, as mulheres são preparadas para a jornada do empreendedorismo, com temáticas diversas. Entre elas, desafios e aprendizados de se trabalhar sozinha, técnicas de rede que vêm revolucionando a nova economia, construção de times de excelência, organização do tempo para o crescimento, como trabalhar os canais de vendas, diferenciação no mercado de trabalho e segmentação e posicionamento para ter uma estratégia de sucesso.

Livro traz experiências de mulheres empreendedoras

Como uma boa empreendedora, Fernanda sempre tem uma nova ideia. “Já dizia o velho jargão que para estar completo na vida precisamos ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. E durante muitos anos escrever um livro foi um desejo que rondou meu coração. Mas, como acredito que nada acontece por acaso, no ano passado, tive a oportunidade de ser co-autora de um livro. Até que veio a proposta, fazer um livro com as mulheres. E porque não unir a oportunidade com o sonho?”, questionou ela.

Foi, então, que reuniu 40 mulheres para escrever um livrou sobre suas experiências empreendedoras, para ser lançado em comemoração dos cinco anos do projeto Mulheres de Sucesso. “Daí começou a busca pelas co-autoras, na minha lista pessoal, mulheres que estiveram comigo no início do Mulheres de Sucesso, outras do clube de negócios e por fim convidadas das minhas amigas. É um livro diverso e inclusivo para mostrar a diversidade da nossa cidade e alegria de estarmos juntas nesse movimento de valorização do feminino que só cresce”, finalizou Fernanda.

Dados do Empreendedorismo Feminino no Brasil

De acordo com o Sebrae, nos últimos dois anos, a pandemia afetou o mercado de trabalho, exigindo inovação, mudanças de rota, reorganização de planos. As mulheres sentiram esse impacto e muitas enxergaram no empreendedorismo um caminho de autonomia e uma possibilidade de renda.

Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), principal pesquisa sobre empreendedorismo do mundo, realizada em parceria com o Sebrae, 55,5% das novas empresas criadas nesse período foram abertas por mulheres – um aumento expressivo na taxa de empresas nascentes.

No entanto, nem tudo são flores no empreendedorismo feminino. Entre as empresas estabelecidas no mercado e os empreendimentos novos, com até 3,5 anos de operação, observou-se uma queda significativa com relação a 2019, de 62%, e 37% respectivamente. Os números refletem uma realidade sobre o abre e fecha de negócios liderados por mulheres, mas falham em explicar toda a complexidade do empreendedorismo feminino.

Mulheres se capacitam mais 

Um aprendizado constante para se sentir apta e preparada para ter sucesso no seu próprio negócio. Segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (Irme), de 2019, pelo menos 69% das empreendedoras têm ensino superior completo ou mais. Além disso, de acordo com o mesmo instituto em pesquisa de 2021, 45% das mulheres já realizaram cursos de formação ou capacitação em empreendedorismo.

Mulheres correspondem a 46% dos empreendedores iniciais, segundo relatório GEM, 2020. De acordo com números do IRME, 2019, 57% das empresas se enquadram no MEI e 54% são do segmento de serviços. A maioria das empreendedoras trabalha em casa e em negócios voltados à alimentação, moda e beleza.

Elas são mais inovadoras

A pandemia afetou todos os negócios, mas as mulheres se afirmam mais resilientes e adaptáveis em relação aos homens. 68% delas se dizem capazes de se adaptar às mudanças depois da pandemia e citam como aprendizado a resiliência e a gestão estratégica segundo pesquisa IRME de 2020.

Em busca da flexibilidade

O Sebrae informou também que, como motivação para empreender, uma das principais razões entre as mulheres é a possibilidade de ter um horário mais flexível e passar mais tempo com a família. Já os homens apontam a necessidade de renda extra e vocação natural segundo pesquisa IRME, 2019. O estudo ainda revela que as mulheres investem 24% de tempo a mais na dedicação com a família.

O sucesso de uma impulsiona muitas

Mulheres empregam mais mulheres. Apesar de a maioria dos negócios comandados por elas não ter funcionários, 60% segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME, 2019), quando contratam, elas preferem a mão-de-obra feminina. 45% dos empreendimentos liderados por mulheres são majoritariamente femininos e sete em cada dez empreendedoras possuem sócias mulheres, segundo pesquisa IRME, 2021.

O empreendedorismo feminino é ferramenta de transformação

De acordo ainda com o Sebrae, quando uma mulher empreende, ela gera a sua volta um ciclo de prosperidade com relação à sua comunidade, à sua família e a outras mulheres. Elas tendem a investir mais na educação dos filhos, no suporte à comunidade e na assistência aos parentes. Criando uma rede de apoio fortalecida e com melhores possibilidades financeiras. Além de ser uma ferramenta de transformação econômica, social e profissional, o empreendedorismo também gera uma mudança pessoal na vida das mulheres, fortalecendo o senso de capacidade, autonomia e independência. (Fonte: Sebrae)

Foto da galeria
Priscila Oliveira, Fernanda Oliveira e Fabíola Kunigami
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