Elberth se manifesta e presidente da Ferj vem a Friburgo: calmaria ainda longe do Frizão

Pelo fato de a visita ter surpreendido até mesmo aos cartolas do futebol, Elberth não foi informado da reunião a tempo
segunda-feira, 31 de julho de 2023
por Vinicius Gastin
Registro do encontro entre a cúpula do futebol do Friburguense com o Presidente da Ferj (Fotos: Divulgação)
Registro do encontro entre a cúpula do futebol do Friburguense com o Presidente da Ferj (Fotos: Divulgação)

A união de forças para reerguer o Friburguense, após a confirmação da queda do para a Série B1, parece ser algo ainda distante. Em meio a falta de harmonia entre a parte social e o futebol do clube, os posicionamentos divergem e pouca coisa avança. Na última semana, o presidente do clube, Elberth Heringer, divulgou nota, colocando suas opiniões e questionamentos a respeito do atual cenário. A repercussão foi grande, inclusive fora de Nova Friburgo, fato que motivou a visita do presidente a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) à cidade no final da semana passada.

Rubens Lopes, se dizendo preocupado com as recentes notícias sobre o Friburguense, veio até Nova Friburgo de forma repentina, e participou de uma primeira reunião com representantes do futebol do clube. Estiveram presentes o gerente de futebol, José Eduardo Siqueira, o Siqueirinha; o vice-presidente de futebol, Carlos Alberto Nideck e o ex-presidente do clube, Jones Canto.

Pelo fato de a visita ter surpreendido até mesmo aos cartolas do futebol, Elberth não foi informado da reunião a tempo. O presidente da Ferj, no entanto, reiterou que faria contato com o mesmo, com o objetivo de igualmente ouvi-lo.

“O que principalmente motivou a minha vinda a Nova Friburgo, sem agendamento, foram as notícias divulgadas a respeito da situação desarmônica, passando a sensação de insegurança. Isso é muito ruim, não só para o futebol de Nova Friburgo, mas para o futebol carioca. Uma instituição como o Friburguense deve ser preservada de turbulências que interfiram no cotidiano do clube. Vim tentar entender o que está acontecendo, extremamente preocupado com o que tenho ouvido e lido”, explica o presidente.

O futebol do Friburguense e a Ferj sempre mantiveram boa relação. Dr. Rubens, inclusive, fez questão de elogiar o trabalho feito por Siqueira ao longo dos anos. “Sobre a situação atual, eu conheço o comando do futebol do Friburguense há muitos anos. E o comportamento sempre se pautou pela verdade, retidão e correção, independente das diversas situações. Eu entendo a preocupação a respeito do clube, mas eu também vou ouvir o presidente do Friburguense, saber de todas as versões, óticas e visão de interpretação. Talvez até possamos alinhar alguma ideia pró Friburguense. Na minha concepção isso não agrega nada, é extremamente prejudicial”, reitera.

O presidente da Federação também falou sobre as possibilidades recentes que se apresentaram ao clube, e alertou para possíveis situações negativas. “O que eu sugeri ao Siqueira foi ter paciência, equilíbrio e tenacidade para resistir a tudo o que for prejudicial ao Friburguense. O trabalho dele, durante décadas à frente do futebol do clube, avaliza a importância que ele teve para a sobrevivência do Friburguense. O eventual resultado esportivo não esperado não pode ser analisado como o fim do mundo. O que vale é toda a linha do tempo, o que foi feito pelo clube. É preciso também ficar atento aos aventureiros, porque toda vez que acontece algo como isso, com resultados desportivamente ruins, aparece alguém prometendo sonhos e entregando pesadelo. Não dá para arriscar esse tipo de coisa”, opina.

“As notícias são preocupantes, e tenho a impressão que não agregam. Pelo contrário, desestabilizam e colocam dúvidas sobre reais intenções sobre o futuro do Friburguense. É preciso ter muita cautela com promessas, e não vejo nenhum motivo para que não haja uma harmonia, reunindo forças para soerguer o Friburguense. Se alguém tem uma ideia, que ajude. Há uma diferença enorme entre fazer parte de uma orquestra e ser importante tocando o seu instrumento e querer ser apenas o Spalla. Aí vira coisa pessoal, e não institucional”, conclui.

Principais trechos da nota do presidente

“Diante de divulgações em redes sociais e periódico de mensagens ofensivas, difamatórias e distorcidas, violando a imagem e a honra do presidente, dos conselheiros, da diretoria e sócios do Friburguense Atlético Clube, seguem informações que, até o momento, estavam sendo tratadas internamente, buscando não agravar a crise da atual gestão do futebol. Porém com tantas informações sem fundamento, feitas por pessoas que demonstram interesses pessoais, considero importante esclarecer alguns pontos.

O futebol profissional do Friburguense Atlético Clube está sob uma gestão terceirizada, que tem por obrigação prestar contas à direção do clube. Como presidente do conselho diretor, tenho obrigação de obter e repassar as informações aos diretores, conselheiros e sócios do clube. A crise do futebol profissional do Friburguense já se apresenta há alguns anos, não é recente.

O atual gestor deveria sim, esclarecer a todos, toda a ajuda que tem recebido da parte social do clube, a saber (...) já houve proposta sim, no passado, para compra do Estádio Olavo Fonseca Coelho (campo do Serrano). Porém na minha gestão, sequer trouxeram novamente, pois quando assumi deixei claro que nem levaria ao conhecimento dos conselheiros. Cheguei a receber proposta para transformá-lo em estacionamento, mas também recusei e não levei para análise. Há tempos, apesar do futebol profissional estar sob arrendamento, o clube não recebe nenhum valor.

Como não há um CNPJ desvinculando a social do futebol, parcelas não pagas referentes a INSS e FGTS do futebol têm sido pagas pela parte social. Esses valores já somam aproximadamente R$ 137.000,00 (...). 

Gostaria de saber sobre fuga de investidores, pois não chegou ao meu conhecimento de nenhum investidor nos últimos anos. Quanto a situação delicada de ordem financeira, estou presidente há apenas um ano e meio. O futebol profissional não estava nessa situação anteriormente?

 Por que a demora na assinatura do contrato? Por que apesar de nunca termos visto essa suposta versão antiga assinada, o sr. José Eduardo Siqueira ora diz que não existe ora diz que existe. Em nossa última reunião, pedi pela última vez que o apresentasse.

(...) Tivemos que ceder a maior loja do clube por dois anos (um ano na gestão anterior e um ano sob minha gestão) para servir de refeitório. Recusei proposta de aluguel mensal de R$ 5.500, ou seja, somente durante o ano de 2022, deixamos de arrecadar R$ 66 mil em aluguéis; Essas somas possibilitariam diversas reformas.

Quando assumi como presidente do conselho diretor, em dez/2021, deixei claro que entregaria ao próximo gestor essa questão do futebol profissional resolvida. Minhas críticas com relação ao futebol foram esclarecidas em reunião com a presença do atual gestor. Deve-se à questão do não pagamento do FGTS e INSS referentes ao futebol profissional, durante todo o ano de 2022, sem nenhum acordo com a direção do clube. Outro fator relevante, deve-se à insatisfação quanto a informação do atual gestor de que eu não poderia fazer um projeto social no campo do Serrano, pois isso atrapalharia a gestão do futebol, fato que sabidamente não ocorreria, já que o gestor do futebol não usa o espaço de forma ininterrupta.

Por fim, tenho o maior respeito pelos profissionais que vestem a camisa e fazem o que podem pelo Friburguense, assim como também tenho pela torcida que marca presença e sempre apoia, porém faz-se necessário que chegue ao conhecimento de todos, as inúmeras ajudas que a parte social do clube tem feito silenciosamente em prol do futebol.

Quando recebi uma proposta de outro grupo, faltando poucos dias para o início do campeonato, promovi reuniões com a diretoria, em um segundo momento com o atual gestor do futebol e posteriormente com os conselheiros. Não defendi nenhuma proposta, sequer votei, mas com ética, transparência e respeito, cumpri minha obrigação de tratar o assunto internamente. Lembrando que a atual gestão ainda não havia apresentado time e sequer comissão técnica.

Como gestor do clube, reconheci a necessidade de instrumentalizar contratualmente a gestão do futebol profissional, atribuindo responsabilidades aos envolvidos (lembrando que já solicitava desde quando eu era presidente do conselho deliberativo). Essas questões contratuais foram dirimidas entre os representantes do Friburguense e o próprio gestor, que findaram os termos contratuais a serem seguidos, bastando apenas o atual gestor entregar documentação solicitada e aceita por ele em reunião, e cumprir o estabelecido (...).”

Em campo, a primeira vitória...

Paralelo a todo esse imbróglio, o Friburguense entrou em campo no último sábado, 29 de julho, no Eduardo Guinle, em duelo atrasado da quinta rodada, para enfrentar o Resende. Para quem acompanhou os jogos, não é novidade que o tricolor, no mínimo, faça uma partida equilibrada contra o seu adversário. Diante do Gigante do Vale, mais uma vez o time comandado por Gerson Andreotti se comportou bem, e com gol de Gabriel, logo no início de partida, venceu por 1 a 0. Controlando o jogo durante a maior parte do tempo, o Frizão soube bloquear as investidas do adversário para garantir o primeiro triunfo na Série A2.

É uma prova de que, com esse mesmo time e uma preparação adequada, com a citada harmonia, interna, a campanha seria muito melhor. Talvez não para o acesso, mas certamente também não para o rebaixamento. O Friburguense faz a sua despedida segundona do futebol carioca nesta quarta-feira, 2, às 14h45, quando recebe o Araruama no estádio Eduardo Guinle.

Foto da galeria
Em campo, Tricolor conseguiu a primeira vitória na Série A2 deste ano
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