Dor de cabeça também pode afetar crianças e adolescentes

Ignorância sobre sintomas menos frequentes pode atrasar diagnóstico
quinta-feira, 20 de abril de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

A enxaqueca, mal que atinge um bilhão de pessoas no mundo, é a sexta doença crônica mais incapacitante, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). E não é um mal apenas de adultos. Se uma criança se queixar de dor de cabeça, os pais não devem se assustar: a cefaleia em crianças e adolescentes é comum e geralmente não costuma ser grave, alertam os médicos.

Entre as crianças, a prevalência é de 3% a 10% da população infantil mundial, segundo o neuropediatra Marco Antônio Arruda, do Instituto Glia (SP), e pode se manifestar a partir dos 5 anos. Os dois principais tipos são a enxaqueca – que pode atingir cerca de 9% das crianças pequenas e 23% dos adolescentes – e a cefaléia tensional, muito frequente nos jovens, especialmente no início da adolescência.

A enxaqueca normalmente é caracterizada por uma dor latejante, mais pulsátil, geralmente dos dois lados da cabeça, associada a náusea e vômito, além da aversão à luz e ao barulho. Pode ou não vir acompanhada de dor abdominal e de alterações visuais, conhecido como aura. A dor de cabeça tensional, no entanto, ocorre quando há um tensionamento da musculatura, é um pouco mais leve e pode ocorrer dos dois lados da cabeça, sem sintomas de náusea e vômito.

As dores são divididas em dois grupos: a primária, que não tem uma causa específica, e a secundária, que tem um fator desencadeador que pode ser uma infecção aguda, uma lesão cerebral, uma hidrocefalia, um problema vascular ou até mesmo um tumor. Nos postos de saúde de Nova Friburgo já se observa também o aumento da procura de consultas com pediatras motivadas por dores de cabeça frequentes em crianças. 

Maria das Graças Couto levou a filha de 11 anos ao pediatra no posto Silvio Henrique Braune, no Suspiro, na semana passada devido às constantes cefaleias. “Sempre que a dor surgia, eu a medicava com analgésicos comuns que não faziam o efeito desejado. Fui a uma pediatra que pediu exames e, dependendo do resultado, minha filha será encaminhada para um neurologista”, disse a mãe, preocupada.    

Mas, segundo a neuropediatra Rejane Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein, os tumores cerebrais como causa de dores de cabeça nas crianças e adolescentes são incomuns. Segundo a neuropediatra, existem alguns gatilhos e fatores ambientais que costumam estar associados ao surgimento da cefaleia nas crianças e adolescentes, por isso é importante avaliar detalhadamente a história do paciente. Se ele tem um histórico de dor e piorou ou se é uma dor que acabou de começar.

Possíveis causas 

Além disso, o padrão da dor, a frequência com que a criança se queixa e se existe uma predisposição por causa do histórico familiar. Os principais gatilhos são alterações ambientais, fatores emocionais, qualidade do sono ruim, alterações hormonais (comum em adolescentes na fase da puberdade) e a alimentação (com abuso de corantes artificiais, embutidos, alguns tipos de queijo, cafeína, entre outros).

Publicado no Journal of Attention Disorders, além dessas descobertas, o estudo fez uma ligação surpreendente: crianças com enxaqueca têm quatro vezes mais chances de apresentar também o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). “Quando certas doenças andam juntas, como colesterol alto e infarto, por exemplo, chamamos isso de comorbidade. Sabendo desse risco, o médico deve pesquisar em crianças com enxaqueca a possibilidade de TDAH e naquelas com TDAH a possibilidade de enxaqueca, para tratá-los de forma integral”, destaca o artigo. 

Segundo Rejane, se a criança tem pelo menos dois episódios de dor por mês é preciso investigar. Em geral, quando a causa está associada a problemas de sono, estresse ou problemas alimentares, pode ser controlado apenas com mudanças de hábitos, sem o uso de medicamentos.

“A primeira orientação é tirar os possíveis gatilhos e mudar o estilo de vida para evitar as crises. O uso de medicamentos é recomendado para poucos casos. Geralmente o tratamento dura de três a seis  meses”, diz a médica, que ressalta que os exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética são solicitados apenas quando a causa da dor é secundária.

O uso de analgésicos também deve ser feito com moderação, pois o consumo exagerado pode causar um efeito rebote e desencadear uma dor crônica.

Sinais de alerta 

• Observar se a dor é aguda;

• Verificar se é uma dor que vem piorando com o tempo;

• Avaliar se houve uma mudança de padrão no tipo da dor e na frequência das queixas.

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