Antiga linha do trem sofre com buracos e abandono

Via poderia ser uma alternativa ao trânsito em ocasiões que a RJ-116 é interrompida por algum acidente, mas há trechos intransitáveis
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Fotos: Arquivo AVS)
(Fotos: Arquivo AVS)

Cada vez mais procurada por praticantes de caminhadas, ciclistas e até turistas, sobretudo nos fins de semana, a antiga linha do trem, no trecho entre o bairro Ypu e o distrito de Mury, sofre com o abandono. Ao longo de seus oito quilômetros, apenas o trecho central, da Avenida Hamburgo, em Mury, é asfaltado. As demais extremidades - trecho entre a antiga fábrica Ypu até a Ponte da Saudade, e a Rua Gertrudes Stern, da altura da Clínica Santa Lúcia até Debossan - apresentam problemas típicos de estradas de terra mal conservadas, como buracos, valas, lama em dias de chuva e descarte irregular de lixo e entulho de obras. 

Em caso de interdição da RJ-116 devido a acidentes, como o ocorrido na segunda-feira, 22, a antiga linha poderia funcionar como alternativa ao trânsito, mas os motoristas que se arriscam a utilizá-la enfrentam inúmeras dificuldades no percurso. “É por isso que fiz uma denúncia ao Ministério Público, pois os motoristas só tem esta via alternativa para fugir dos 15 quilômetros de congestionamento quando ocorre acidentes na RJ-116, mas, a prefeitura não cuida da antiga linha férrea da Leopoldina, local onde também deverão circular as ambulâncias do Hospital do Câncer que atenderá cerca de 19 municípios”, esclarece o vereador José Roberto Folly.

(Vereador José Roberto Folly - Foto: Henrique Pinheiro/Arquivo AVS)

Moradores da antiga linha reclamam ainda da falta de serviços básicos como varrição, segurança e capina. A iluminação pública também é precária, e construções irregulares em determinados pontos aumentam sem qualquer tipo de controle ou fiscalização pelo poder público. Alguns trechos da via foram transformados em vazadouros de lixo e entulho. 

“Muitas famílias caminham passeando com crianças e ciclistas também utilizam a linha, principalmente nos fins de semana. É incrível o interesse pelas caminhadas e pelos passeios ciclísticos. Só que o caminho precisa de mais atenção das autoridades”, esclarece uma moradora da localidade.

Via Parque de Caminhada

Em compensação aos muitos problemas, ao longo dos trechos sem asfalto, a paisagem é de tirar o fôlego. A pista quase plana é ideal para caminhadas e pedaladas. Acompanhando o curso do Rio Santo Antônio, a estrada é emoldurada por Mata Atlântica nativa, tem nascentes, árvores floridas e paredões rochosos que a tornariam uma importante rota turística, não fosse o abandono em que se encontra.

Em 2012, a lei municipal 4.017, de autoria do então vereador Professor Pierre, transformou a antiga linha na Via Parque de Caminhada. A proposta era que o tráfego prioritário seria de pedestres e ciclistas, além de charretes. Automóveis e motocicletas também poderiam trafegar, desde que em baixa velocidade, e caminhões, somente em caso de impedimento temporário da via paralela, a RJ-116. 

Pela lei, o poder público municipal estimularia caminhadas ao ar livre na via, assim como a implantação de equipamentos para a contemplação da natureza. Igualmente providenciaria abrigos contra chuva, bicas de fontes naturais, mesas para piqueniques, bancos, pontes cênicas, mirantes e sinalética.

Asfalto: um assunto polêmico

Seu asfaltamento, no entanto, à primeira vista, tiraria esse clima bucólico e romântico do trajeto, conforme observam alguns moradores e leitores. Outros, entretanto, acreditam que a pavimentação contribuirá para tornar o trecho uma movimentada via de caminhadas e passeios nos fins de semana. 

Em meio a tantas incertezas e possibilidades em torno de seu futuro próximo, o fato é que uma das vias mais bonitas da cidade, faz por merecer mais atenção por parte do poder público. Quer seja na condição de rodovia parque, quer seja em sua utilização como via alternativa, o mais importante é que a discussão atual possa indicar os melhores rumos para a bela rota de oito quilômetros criada em 1873 e desativada em 1968 pela Rede Ferroviária Federal. Através desses tranquilos caminhos de terra, Nova Friburgo cresceu e se consolidou como cidade polo de toda a região.

O que diz a prefeitura 

A VOZ DA SERRA entrou em contato com a prefeitura para saber se existe algum projeto de revitalização na localidade. Em nota, a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Obras, informou que “de acordo com as necessidades, promove melhorias no trecho citado pela reportagem. Em breve, o local receberá mais melhorias, de modo a melhorar a trafegabilidade de veículos.” 

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