13 anos se passaram desde a maior tragédia climática

Quase metade das mortes registradas na Região Serrana em 2011 foram em Nova Friburgo, que amargou a perda de 442 vidas, oficialmente
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Fotos: Arquivo AVS)
(Fotos: Arquivo AVS)

Nesta sexta-feira, 12, completam-se 13 anos da maior tragédia climática registrada no Brasil. Na madrugada de 12 de janeiro de 2011, a quantidade de chuva que caiu sobre a Região Serrana, provocou inúmeros deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios que arrastaram casas, prédios e ceifaram mais de 900 vidas. Quase metade das mortes registradas na ocasião, na região, foram em Nova Friburgo, que amargou a perda de 442 vidas, oficialmente. Além de Nova Friburgo, também foram atingidos os municípios de Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Areal e Bom Jardim.

E, todas as vezes que chove forte, como no verão, o alerta se acende. Isso porque, de acordo com a Defesa Civil de Nova Friburgo, foram mapeadas no município 254 áreas de risco pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), após a tragédia em 2011. Nesses locais podem ocorrer novos deslizamentos e inundações. Há, aproximadamente, 7.500 residências nessas áreas, ocupadas por cerca de 30 mil pessoas. 

Há muito ainda a ser feito para prevenir e mitigar riscos de acidentes e perdas de vidas, em caso de chuvas volumosas. E também para recuperar estragos causados ainda pela tragédia, 13 anos depois.

Fake news (in loco)

O boato da represa rompida levou pavor a uma população já fragilizada, por uma mera desinformação. As redes sociais ainda não tinham o poder que tem hoje, mas o transtorno causado neste episódio é uma amostra, na prática, dos efeitos de notícias falsas que nem sempre são percebidas no campo virtual.

O mesmo ocorre quanto ao boato de que o número de mortos foi muito maior, mas teria sido ocultado para que não se tivesse uma intervenção internacional na Região Serrana, citando-se diretamente a Organização das Nações Unidas (ONU). Do ponto de vista formal não há e nem havia justificativas concretas para uma intervenção internacional.

Investimentos

Conforme abordado na coluna Observatório, do jornalista Wanderson Nogueira, de quinta-feira, 11, treze anos após a tragédia, Nova Friburgo teve avanços no que diz respeito às sirenes e aos postos de abrigo para situações de risco. O monitoramento de cheias de rios feito pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro se soma, talvez, às únicas experiências da tragédia que perduram em termos de prevenção. O município continua sem um centro de operações e monitoramento, como os existentes em Niterói e Rio de Janeiro, por exemplo. Após mais de uma década, a Defesa Civil também parece ter perdido relevância em termos de investimentos e inovação.

Habitação

O município não construiu e não há qualquer previsão de construir habitações populares. Dois legados da tragédia, neste sentido, foram os conjuntos habitacionais. O do Parque das Flores, no distrito de Conselheiro Paulino, construído com doações de pessoas de todo o país e gerenciado pelo governo municipal da época. A estrutura dos imóveis dá às famílias contempladas a possibilidade de ampliarem os imóveis.   

Outro investimento de destaque do pós-tragédia no município é o condomínio Terra Nova, também em Conselheiro Paulino, construído com recursos federais. O empreendimento é um grande complexo habitacional, mas desprezou as histórias das famílias que foram reunidas em um só lugar. O projeto não foi finalizado e ainda hoje não oferece as devidas estruturas prometidas na contrapartida do Estado e do município, como escola, creche, quadra esportiva e posto de saúde. 

Episódio não deve jamais ser esquecido

A cultura de prevenção deve ser uma constante. Ainda que o tempo amenize a dor sentida, a fatídica madrugada de 12 de janeiro de 2011 não pode ser esquecida, em memória dos que perderam suas vidas, mas também como pressão para que a Defesa Civil tenha mais investimentos dos governos municipal, estadual e federal e que exista de fato uma política habitacional forte com monitoramento e operações com respostas rápidas em casos de chuvas fortes que ainda hoje assombram os moradores da serra fluminense.

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: