WhatsApp, Signal e Telegram: as diferenças entre os apps em relação à privacidade

Desde o início da expansão desses aplicativos de mensagens, a grande questão era e é sobre a segurança das mensagens trocadas
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
por Jornal A Voz da Serra
WhatsApp, Signal e Telegram: as diferenças entre os apps em relação à privacidade

Enquanto o Signal e o Telegram registram números recordes de novos usuários, o WhatsApp permanece no centro das críticas pela mudança em seus termos de uso e privacidade. O aplicativo de mensagens anunciou na semana passada que compartilhará diferentes dados de seus usuários com sua empresa-mãe, o Facebook, que poderá fazer o mesmo com suas plataformas Instagram e Messenger.

Em meio às dúvidas, o WhatsApp afirma que suas novas regras, que devem ser aceitas pelos usuários agora até 15 de maio, foram mal interpretadas. "Queremos esclarecer que a atualização da política não afeta de forma alguma a privacidade das mensagens que os usuários compartilham com seus amigos e familiares", disse a plataforma em comunicado divulgado na última segunda-feira, 11.

Em entrevista à BBC News Brasil, a especialista em segurança de dados Mariana Rielli, líder de projeto do Data Privacy Brasil, a mudança de fato não significa uma grande atualização na política de privacidade do WhatsApp. Ela explica que, na verdade, boa parte dos usuários do WhatsApp já compartilham seus dados com as outras empresas do Facebook, mas possivelmente não estão conscientes disso.

Apesar desses argumentos, o longo debate sobre qual serviço de mensagem instantânea é mais seguro foi retomado. E embora possam parecer semelhantes em sua natureza, os três aplicativos, que podem ser baixados gratuitamente, têm algumas diferenças importantes. Confira: 

Dados coletados

Entre as três plataformas de mensagens mais comentadas nos últimos dias, existem diferentes níveis de dados que são coletados. Trata-se de uma questão central porque essa é a informação que o WhatsApp pode compartilhar com o Facebook e os outros aplicativos que essa empresa possui. "O WhatsApp tem muitos metadados, que são as informações obtidas em qualquer mensagem que enviamos, como a marca do telefone, o horário da mensagem, sua localização e outros. Com isso, você pode saber muito sobre seus usuários", explica Cristian León, responsável do programa de inovação dos Assuntos da Organização Civil do Sul, com sede na Argentina, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O especialista em direitos digitais explica que esse aplicativo de mensagens, o mais popular do mundo, tem um código de programação fechado e, portanto, pouca transparência sobre o que coleta. Na página do WhatsApp, são detalhados os dados obtidos e as informações que uma pessoa fornece ao aceitar seus termos de uso. Além do nome, número de telefone e contatos, há detalhes de uso da plataforma (horário ou desempenho, por exemplo), transações do aplicativo, marca e modelo do dispositivo ou tipo de conexão, entre outros.

Telegram e Signal coletam muito menos dados

O Telegram exige de seus usuários o número de telefone, nome e lista de contatos. Já o Signal limita-se a pedir o número de telefone e adicionar o nome é opcional. Tanto Telegram e Signal possuem códigos de programação abertos, portanto, é possível examinar quais dados são obtidos e o que é feito com eles.

A grande preocupação: as mensagens

Desde o início da expansão dos aplicativos de mensagens móveis em todo o mundo, a grande questão é sobre a segurança das mensagens que são trocadas. As plataformas evoluíram e por alguns anos Signal e WhatsApp estabeleceram a criptografia ponta a ponta como a função padrão para todas as conversas. É uma espécie de cadeado que apenas o remetente e o destinatário da mensagem podem abrir.

Em tese, nem mesmo os aplicativos em que a troca foi feita podem acessar o conteúdo das conversas. "Nem o WhatsApp nem o Facebook podem ler suas mensagens ou ouvir as ligações que você faz com seus amigos, familiares ou colegas no WhatsApp. Tudo o que você compartilhar ficará entre vocês", disse a plataforma em seu comunicado na segunda-feira. O Telegram parece ter uma desvantagem a esse respeito, uma vez que a criptografia ponta a ponta só entra em ação quando se usa o modo "bate-papo secreto", mas as conversas normais não têm esse recurso.

Todos os três também oferecem uma modalidade cada vez mais usada, conhecida como "mensagens temporárias", em que textos, fotos, locais ou documentos compartilhados em uma conversa se autodestroem após um certo tempo. A diferença é que no WhatsApp as mensagens desaparecem nos próximos sete dias, enquanto no Signal e Telegram pode ser configurado o horário para que não haja rastros das interações após alguns segundos. Outro diferencial é que o aplicativo do Facebook não tem a opção de bloquear capturas de tela para conversas, enquanto seus concorrentes permitem isso. 

Os usos 

Embora seja lógico que a maioria se limite a usar esses aplicativos para manter contato com seus conhecidos, diferentes polêmicas ocorreram nos últimos anos. Por exemplo, descobriu-se que o Telegram era usado como meio de divulgação da propaganda do Estado Islâmico. O grupo extremista recrutou combatentes por meio do aplicativo e aproveitou os chats criptografados do grupo para manter as comunicações e transmitir vídeos de suas ações.

E desde o ano passado sabe-se que o Telegram é uma das plataformas que os grupos de direita americanos utilizam para divulgar suas mensagens, embora a maioria deles utilize outros aplicativos que permitem interações anônimas para convocar suas atividades ou disseminar teorias da conspiração.

O WhatsApp também teve problemas e em 2019 decidiu deletar centenas de milhares de contas suspeitas de usar seu serviço para espalhar pornografia infantil. A empresa mantém uma política de tolerância zero para o abuso sexual de menores.

O aplicativo, segundo diferentes análises, foi identificado como sendo, junto com o Facebook, um dos maiores canais de divulgação de notícias falsas em época eleitoral em países como Bolívia, Colômbia e Estados Unidos.

O Signal, que tem menos usuários do que os dois anteriores, até agora não foi apontado por ser usado como um canal para recrutar extremistas ou divulgar informações falsas. No entanto, se encontrou no meio de algumas controvérsias políticas, como quando foi denunciado como o aplicativo que o ex-presidente do governo regional da Catalunha Carles Puigdemont usava para se comunicar com um de seus aliados durante sua tentativa de declarar a independência daquela região.

 

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