Que as abelhas são fundamentais para a manutenção de diversos ecossistemas, você provavelmente já sabe. Mas, já se perguntou de onde as abelhas vieram, e como tem sido a relação das abelhas com a humanidade ao longo dos séculos e milênios? É disso que vamos falar aqui para você conhecer um pouco mais sobre a história das abelhas.
A origem das abelhas
As abelhas surgiram, provavelmente, há cerca de 125 milhões de anos atrás, após o surgimento das primeiras plantas com flores, as Angiospermas. Evidências indicam que elas evoluíram a partir de uma vespa ancestral. Devido ao surgimento das novas formas de alimento oferecidas pelas flores — o néctar e o pólen —, esta vespa ancestral abandonou o seu hábito predador e se tornou completamente “vegetariana”.
Abelhas e o ser humano
As abelhas estão presentes em toda história da humanidade. Há indícios de coleta de mel desde a pré-história. Um exemplo são os desenhos encontrados em cavernas na Espanha de um homem colhendo mel usando uma escada de corda amarrada ao topo de um barranco.
Há registros do uso de mel pelos hindus desde 6.000 a.C. e pelos sumérios desde 5.000 a.C. Existem desenhos nas pirâmides do Egito mostrando uma criação rudimentar de abelhas, em 2.400 a.C., sendo considerados os primeiros apicultores.
Nos papiros de Smith, de 1.700 a.C., estão descritos o uso de mel no tratamento de feridas e úlceras. Os egípcios utilizavam própolis, mel e ervas na mumificação de seus faraós. Os teutões, em 200 a.C., utilizavam o hidromel, uma bebida à base de mel, na comemoração de seus casamentos. Também na Bíblia são encontradas várias citações sobre o consumo de mel.
Os egípcios e gregos desenvolveram as primeiras técnicas de manejo, que foram mais tarde aperfeiçoadas por apicultores no final do século XVIII.
Abelhas nativas das Américas
Nas Américas, antes de 1840, só existiam as abelhas nativas sem ferrão: seu mel era o principal adoçante natural e fonte de energia para os povos indígenas. Em todos os países latinos, com exceção do Chile, existem evidências da relação dos indígenas com os produtos das abelhas, principalmente de forma extrativista, mas em alguns casos também havia técnicas rústicas de criação.
Essa relação entre os povos indígenas e as abelhas nativas sem ferrão se reflete nos nomes populares utilizados até hoje, de origem guarani: Uruçu (abelha grande), Mandaçaia (vigia bonito), Iraí (rio de mel), Borá (que há de ter mel), Tataíra (abelha de fogo), Mirim (pequeno), entre outros.
Na América Central, os maias e os astecas criavam espécies de abelhas sem ferrão principalmente do gênero Melipona. Os maias as valorizavam muito, tanto que tinham um deus para proteger a sua criação.
O jesuíta José de Anchieta foi o primeiro a falar da abundância do mel e das espécies de abelhas existentes no Brasil:
“Encontram-se quase vinte espécies diversas de abelhas, das quais umas fabricam o mel nos troncos das árvores, outras em cortiços construídos entre os ramos, outras debaixo da terra, donde sucede que haja grande abundância de cera. Usamos do mel para curar feridas, que saram facilmente pela proteção divina. A cera é usada unicamente na fabricação de velas”, registrou o padre.
Educação ambiental
Após o descobrimento do Brasil, foi trazida a cana de açúcar (que substituiu o mel como adoçante nos alimentos) e mais tarde, em 1839, com o Padre Antonio Carneiro trazendo para o Brasil colméias de abelhas Apis mellifera, de Portugal, aos poucos a cultura e a criação de abelhas sem ferrão foi ficando esquecida pelos brasileiros.
Esse desconhecimento das abelhas sem ferrão por grande parte do público em geral, somado ao desmatamento em todos os biomas brasileiros, quase levou à extinção uma grande parte dessas abelhas.
Atualmente, a Meliponicultura (como é chamada a criação racional de abelhas nativas sem ferrão) vem ganhando cada vez mais adeptos, tanto pelos produtos que elas nos oferecem, pelo serviço de polinização de nossas florestas e nas culturas agrícolas e até mesmo pelo simples prazer de observá-las trabalhando nas flores ou em seu ninho, sendo ótimos animais de estimação e podendo ser ferramenta em projetos de educação ambiental em escolas, por exemplo.
(Texto: Estela Yamamoto para www.meliponas.com.br/historia-das-abelhas/)
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