Dentro do processo de retomada gradual das atividades em Nova Friburgo, a prática dos esportes coletivos ainda não está autorizada. Ainda sem previsão para essa liberação, os organizadores de campeonatos amadores aguardam para planejar as competições, avaliar as condições de cada clube e as datas disponíveis no calendário esportivo. No entanto, o mais importante dentre esses torneios a nível municipal não deve ser realizado este ano.
A Supercopa SAF sempre reúne os campeões de bairros e distritos, e geralmente começa em maio. Os organizadores destacam que a preservação da saúde é primordial, e mesmo com a liberação das autoridades, será difícil promover o campeonato até o final do ano.
“Os campeonatos estaduais e o nacional voltaram, é verdade. Mas estamos falando de um futebol profissional, onde há todo um recurso, e é bastante diferente. Não há como a gente planejar nada nesse momento. É uma responsabilidade muito grande fazer qualquer coisa em termos de futebol amador. Não há como testar todo mundo sempre, antes e depois das partidas. Vamos dar o exemplo do Stucky: como vamos fazer uma partida de futebol amador sem a possibilidade do banho, do uso do vestiário? Isso já gera uma aglomeração. A Supercopa SAF reúne várias partidas no mesmo local. Hoje, o nosso objetivo é primar pela saúde, que está acima de tudo”, explica Jailson Silveira, um dos organizadores da Supercopa e representante do grupo SAF, durante entrevista ao programa Show do Esporte.
Além da questão sanitária, outro aspecto que dificulta a realização da Supercopa é exatamente o calendário apertado. Mesmo quando houver segurança em termos de saúde, a retomada dos campeonatos em bairros e distritos deve inviabilizar o encaixe de datas suficientes.
“Mesmo com uma possível liberação das autoridades, acho muito pouco provável que a Supercopa aconteça. Até porque há os campeonatos de bairros e distritos com a necessidade de serem realizados. Como encaixar todas as competições num curto espaço de poucos meses? Acho que o momento é de se organizar, planejar e torcer pela vacina. A partir daí, vamos pensar na segurança, cautela e todos os trâmites necessários. Infelizmente é conduzir esse 2020 com saúde até o seu final”, observa Jailson lembrando que os organizadores da Supercopa também estão envolvidos com outros campeonatos, seja no apoio técnico ou logístico.
Na edição do ano passado, a Supercopa contou com a participação de dez equipes e foi vencida pelo Estrela do Mar, nos pênaltis, na final contra o Corujão. Além de camisas, shorts e meiões, os dirigentes das equipes participantes receberam uniformes para a comissão técnica, uma bolsa personalizada e uma bola oficial padrão do torneio.
Outra inovação foi a eleição do craque da rodada, onde os treinadores dos dois times envolvidos na partida indicavam o melhor jogador do adversário no duelo, apresentando novos nomes a cada semana. A foto de cada atleta era publicada no perfil oficial da Supercopa SAF no Facebook, e a mais curtida até determinado dia e horário estipulados pela organização era a vencedora. O craque de cada rodada ganhou brindes e um prêmio em dinheiro.
Como surgiu a Supercopa
A Supercopa SAF foi criada em 2013, e surgiu exatamente com a proposta de voltar a movimentar o futebol amador de Nova Friburgo. Até então, cada bairro, distrito ou localidade realizava o próprio torneio, sem a integração característica dos antigos tempos do esporte na cidade.
A ideia foi apresentada e aceita pelo patrocinador que dá nome à competição. Cada rodada acontece em uma sede diferente, mas a primeira rodada e a grande decisão tradicionalmente acontecem no estádio Márcio Branco, no Stucky. O dia da final, inclusive, conta com atrações diversas, tais como shows, apresentações, ações de cidadania, serviços e brinquedos.
Copa Verão deve continuar
Em cada bairro e distrito de Nova Friburgo, os clubes vêm se esforçando para manter as dependências dos campos em dia, aguardando as liberações das autoridades. Em Conselheiro Paulino, por exemplo, o estádio Geraldo Leão, o popular Pastão, conta com o esforço de dirigentes e abnegados do Clube Comunitário do Grêmio para driblar as dificuldades.
“Estamos fazendo a manutenção necessária, mas com dificuldades, sem muita verba. Quando tem campeonato a gente até corre atrás de alguma coisa, mas nesses momentos geralmente corremos atrás de amigos. As pessoas querem jogar, mas nós não podemos autorizar sem o consentimento das autoridades competentes. Temos que cumprir as leis”, explica Antônio de Souza, um dos diretores do Grêmio de Conselheiro Paulino.
Sargento reformado da Marinha, Souza é um dos responsáveis por desenvolver os projetos com as crianças e os campeonatos promovidos no Pastão. Otimista, ele acredita que o retorno das atividades será facilitado com a chegada de estações com temperaturas mais quentes.
“Muita gente do comércio de Conselheiro Paulino depende do nosso campo, mas infelizmente nós precisamos esperar as liberações. Quando isso acontecer, pode ter certeza que vamos estar retomando. Como a gente vai testar as pessoas no futebol amador, ou 70 e 80 crianças? Não tem como fazer. Eu acredito que o futebol retorne apenas quando o clima esquentar um pouco mais”, resume.
A Copa Verão chegou a ser iniciada, com a realização de algumas partidas no tradicional Campo do Pastão, no centro do distrito. Mesmo com a pandemia e as indefinições sobre o futuro do futebol amador, Souza garante que a competição terá continuidade assim que os esportes coletivos forem autorizados.
“Assim que as autoridades liberarem, vou reunir os clubes, saber a situação de cada um deles, dos atletas e a Copa vai continuar. A gente já havia definido o retorno, e um recesso maior no fim do ano, o que não deve acontecer. Só deveremos parar apenas nas ocasiões festivas mesmo. O mesmo vale para o Campeonato de Conselheiro Paulino. O cronograma está mantido”, garantiu Souza.
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