Secretário municipal de Esporte traça planos e projeta apoio a atletas locais

Sem possibilidade de realizar grandes eventos, manutenção dos espaços tem sido prioridade de João Victor
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
por Vinicius Gastin
João Victor mira reestruturação da secretaria
João Victor mira reestruturação da secretaria

No último dia 8 de agosto, o Brasil encerrou uma participação histórica nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Em meio ao recorde de 21 medalhas conquistadas, algo chama a atenção: 19 destes medalhistas receberam algum tipo de auxílio do Governo Federal. É a prova daquilo que já se sabe, mas pouco se aplica: investir no esporte traz resultados. Sejam eles desportivos ou sociais. Muitas vezes o recurso existe, em especial no caso dos esportes de alto rendimento, mas o repasse não é feito de forma adequada.

“Esse desnível de repasse existe. Em Nova Friburgo, estamos estudando a possibilidade de uma bolsa municipal para o futuro. Esse, inclusive, é um dos pilares da atual gestão nesta área de esporte. Isso faz toda a diferença na carreira do atleta”, observa o secretário municipal de Esportes, João Victor Duarte.

Sua afirmação traz esperança para o desenvolvimento do esporte em um município que é celeiro de talentos e campeões. Nas mais diversas modalidades, friburguenses se destacam, conquistam resultados e levam o nome da cidade a patamares internacionais. Algo que poderia ser potencializado e multiplicado, não fosse a falta de investimento e apoio.

Em um bate-papo com A VOZ DA SERRA, o gestor da pasta de esportes de Nova Friburgo fala sobre alguns projetos, objetivos e revela a intenção de criar uma espécie de auxílio para os atletas municipais. João Victor também fala sobre a tentativa de reorganizar por completo a secretaria, possibilitando investimentos na melhoria da infraestrutura esportiva e no apoio aos eventos.

 

A VOZ DA SERRA: Como encontrou a Secretaria de Esportes em termos de estrutura, de organização?

João Victor Duarte: Nós encontramos uma estrutura bastante precária, tanto a questão equipamento esportivo, onde há muito tempo não havia uma licitação para compra de material, quanto na infraestrutura, em nossos ginásios, quadras, academias ao ar livre e pistas. Traçamos, então, algumas estratégias. Naquele momento, por conta da pandemia, não poderíamos fazer o esporte na plenitude. Então, a gente foi tentando melhorar essa estrutura, com reparos, pinturas e manutenção de forma geral. Criamos rotinas de ação e avaliação, e desde então, estamos nesta luta, sabendo que não temos tantos recursos. Estamos fazendo um milagre com aquilo que temos.

 

Como está a relação com o Conselho Municipal de Esportes, na busca até mesmo por um debate junto à sociedade sobre possíveis ações?

O Conselho continua ativo. Nesses quase nove meses nós nos falamos quase que semanalmente. Eles são muito participativos, ativos. São pessoas experientes, de renome, à exemplo da presidente Irene, do professor Daniel Lage, do Souza, do futebol de Conselheiro Paulino, do José Augusto, da Ascof, e vários outros. Temos essa proximidade também com outros profissionais de áreas que envolvem o esporte. São muitas ideias, e no meu caso, que gosto de projetos sociais, iniciamos um em Varginha, com o futsal. Vários outros estão vindo, para a terceira idade, capoeira e outras modalidades.

 

Em Nova Friburgo, a verba disponível para a Secretaria de Esportes é pequena, sabemos. Como está esse panorama atualmente, e como então desenvolver um trabalho?

Desde o início do ano estivemos escutando a população e montando o planejamento. Fizemos então a projeção financeira, plurianual, e nela reconsideramos algumas situações, em especial a redistribuição do orçamento. Estamos fazendo essa adequação exatamente para abrir a possibilidade do Bolsa Atleta e do incentivo ao esporte de uma maneira mais eficiente. Por enquanto, com orçamento limitado, temos uma rede de amigos grande. Quando um atleta chega e nos pede algo, fazemos esse meio de campo com o empresário. Uma outra estratégia, para o futuro, é fazer um Fundo Municipal de Esportes, junto ao Conselho.

 

Sem possibilidade de fazer grandes eventos, a Secretaria de Esportes tem se concentrado nas manutenções. Mas é uma coisa constante. Uma quadra que recebe pintura, em pouco tempo, vai precisar de nova manutenção. Existe um planejamento para manter essa questão em dia?

Temos sim, esse planejamento. Criamos uma rotina de avaliação dos nossos espaços, e desta forma, mensalmente, estamos visitando os espaços. Temos também algumas peças-chave da sociedade, com quem a gente mantém contato para saber sobre as necessidades. Estamos sempre dialogando e entendo as demandas de cada espaço, que são bastante singulares. Hoje, o nosso principal inimigo é o vandalismo. Alguns espaços nossos foram depredados com marreta, para se ter uma ideia.

 

Sempre foi defendida pelos desportistas friburguenses a criação de um calendário esportivo municipal. Existe a intenção ou possibilidade de criar esse calendário?   

A organização deste calendário é uma briga que nós temos aqui. É de grande importância, por exemplo, para a questão do turismo. Temos eventos de médio e grande porte, à exemplo do Junfri (Jogos Universitários Friburguenses), movimentando uma grande quantidade de pessoas. É preciso haver um planejamento conjunto com a saúde e outros setores. Há uma certa dificuldade para organizar esse calendário, pois são muitos os eventos e que acontecem em períodos específicos. Então, pensamos fazer dois tipos de calendários: um mais fixo, com aqueles eventos que exigem mais, e um mais móvel, com os eventos que não envolvam tanto as questões da saúde, turismo e mobilidade urbana, por exemplo.

 

O senhor participou do Fórum Técnico de Esportes em Itaboraí, organizado pelo Conleste. Estavam presentes 14 secretarias municipais de esportes. Algo em vista, alguma parceria ou novidade?

Durante este evento, conversamos mais sobre uma possível Copa de Futebol de Campo. Aconteceria já nesses próximos meses, mas toda essa situação de pandemia altera o calendário de eventos. Essa Copa tem um certo público e movimenta o turismo. Ainda preocupa um pouco a gente, principalmente pela situação do Estado e a circulação da variante Delta.

 

Recentemente também houve encontro com os secretários de Teresópolis e Petrópolis. Dá para projetar algo?

Temos mantido contato, criamos um grupo de trabalho no WhatsApp e nos falamos quase que semanalmente, discutindo possibilidades, eventos esportivos e até planejamentos para as secretarias. Espero conseguir fazer o evento que estamos planejando em breve, um desafio entre as cidades.

 

O ciclismo vem crescendo a partir do momento em que muita gente aderiu à modalidade na pandemia. Nova Friburgo possui trilhas, natureza, atrativos que favorecem a prática. Sem contar as – polêmicas – ciclovias. Algum projeto para expandir ou apoiar o ciclismo na cidade?

Nos diálogos com a população, foram pedidas placas de sinalização, principalmente para a antiga linha férrea, próximo à antiga fábrica Ypu. Também foi pedida a instalação de pontos de hidratação. Cada grupo de ciclistas traz uma demanda específica, dependendo do nível e idade. A questão dos eventos também é abordada. Nos reunimos com um grande organizador da modalidade no final do ano passado, e optamos por não fazer este evento em 2021, por conta da pandemia. Há muita coisa a ser feita na parte de estrutura, eventos e até mesmo apoio a atletas.

 

Qual o legado que o senhor pretende deixar para o desporto municipal após a sua gestão à frente da Secretaria de Esportes?

Eu me faço essa pergunta todos os dias. Daqui a quatro anos espero deixar um legado para a cidade na questão esportiva, e uma organização esportiva da pasta para um próximo gestor ou nossa própria equipe gerir a secretaria de maneira mais eficiente. Queremos fortalecer e unir o setor esportivo, com uma cidade mais segura e um turismo esportivo mais forte. E quem sabe ter um atleta de Nova Friburgo nos Jogos Olímpicos.

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