Na edição da última quarta-feira, 12, A VOZ DA SERRA noticiou o drama de algumas famílias que não conseguem ter contato, via celular, com familiares internados com Covid-19, em leitos de enfermaria do Hospital Raul Sertã. Segundo os relatos, havia uma proibição do uso de celular no setor Covid do hospital e a única maneira de se ter notícias era através de boletins diários divulgados pelo hospital.
Em nota, a prefeitura negou que havia proibição do uso de celulares por pacientes, apenas uma orientação para que não utilizassem os aparelhos. A prefeitura divulgou ainda que a direção do hospital, após reunião com a Coordenação de Enfermagem, Serviço Social, Psicologia e Central de Internação, decidiu autorizar, a partir da última quarta-feira, 12, que os pacientes tenham acesso a celulares pelo período de uma hora, entre 15h30 e 16h30, de segunda à sexta-feira.
“A direção do Hospital Raul Sertã informa ainda que a utilização dos celulares no período determinado será acompanhada pelos setores de Psicologia e Serviço Social. O horário estabelecido foi definido por se encaixar entre os de banho, refeições e medicação. Desta forma, não será permitida a utilização dos telefones fora do horário estipulado, porque é necessário manter o funcionamento das enfermarias da forma mais tranquila possível”, informou a prefeitura, em nota.
Chamou atenção da reportagem, no entanto, que na nota enviada ao jornal no meio da semana, a prefeitura negou a proibição do uso do celular e agora divulgou uma restrição de horário para que os pacientes se comuniquem com suas famílias. O jornal, então, consultou uma advogada, que preferiu não se identificar, sobre as medidas adotadas pelo município. Segundo a advogada, “não bastasse o ato contraditório que limitou a comunicação entre os pacientes e suas famílias em apenas uma hora durante a semana, o fato de ter um membro do corpo médico da unidade no momento dessa ligação é considerado como censura pela especialista. “Isso viola o direito de propriedade e do acesso à comunicação”, observou.
Possível apreensão de celulares
A prefeitura informou ainda ser “que a utilização de celulares pelos pacientes internados fora do horário estabelecido acarretará a apreensão do aparelho, que será devolvido a um familiar ou representante legal do paciente. Além disso, a guarda e responsabilidade pelo aparelho e seus respectivos carregadores são exclusivas do paciente, ficando o Hospital Raul Sertã isento de tal encargo. Os pacientes internados na unidade (ou seus familiares) que desejarem fazer uso dos celulares, deverão assinar um termo de responsabilidade, reconhecendo que estão cientes das normas para o uso dos aparelhos”, diz trecho da nota.
De acordo com a advogada, é preciso um mandado judicial para apreender o celular de alguém. “Nem a polícia pode fazer isso. Mas o fato da família poder falar com o paciente já dá um alívio e certeza de saber como a pessoa está sendo atendida. Não é, obviamente, o melhor cenário, mas já é um avanço”, disse a advogada.
Por fim, um desfecho triste, que foi o motivo da primeira reportagem sopbrfe o uso de celulares por pacientes. Uma das pessoas que denunciaram a falta de contato com familiares internados, comunicou o falecimento do paciente na manhã desta sexta-feira, 14. Segundo informações da família, o paciente ficou internado por 15 dias e durante todo esse tempo, não houve nenhum contato entre as partes. “Os familiares perderam a oportunidade de manterem contato e agora nunca mais poderão se falar. Isso é gravíssimo. Quantas pessoas dariam tudo para poderem falar por cinco minutos com um ente querido que, agora, morreu. Triste realidade”, lamentou a advogada.
A VOZ DA SERRA questionou a prefeitura sobre os motivos para a limitar o horário de comunicação entre pacientes internados e seus familiares. O jornal também questionou se o contato não poderá ser feito aos fins de semana. A reportagem também indagou sobre o que uma advogada consultada pela reportagem considerou como censura e contra a lei, a apreensão do aparelho, caso o paciente o utilize fora do horário permitido e a presença de um profissional de saúde durante a ligação. Para todos os questionamentos, não houve resposta, até o fechamento desta edição.
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