Prefeitura e estado explicam o protocolo seguido em casos suspeitos de Covid

Tratamento deve ser precoce, quando os pacientes ainda não apresentam falta de ar
quinta-feira, 21 de maio de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O Hospital Municipal Raul Sertã (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)
O Hospital Municipal Raul Sertã (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)

No último dia 13, um idoso de 67 anos deu entrada no Hospital Raul Sertã com sintomas de coronavírus. De acordo com familiares, o paciente é diabético e hipertenso (o que o classifica como grupo de risco), e apresentava, de acordo com seu filho, falta de ar, estado febril, dores no corpo e falta de apetite. O homem precisou ser internado e de acordo com seus familiares, as informações sobre o estado de saúde dele eram poucas, o que os deixou muito apreensivos.

“O início do atendimento passou confiança, foi bem informativo, o médico explicou tudo direitinho. No pós-internação, a gente ficou perdido (sem comunicação). No momento da internação, meu pai estava com oxigenação baixa, o que, combinado com outros sintomas alertou-se para a suspeita de coronavírus. Depois que ele foi internado não consegui mais falar com meu pai. Disseram que não podia usar o celular. Outro médico apenas disse que estava bem, mas não explicou mais nada. Precisamos de mais informações sobre o real estado de saúde dele”, pediu a família.

O filho questionou o motivo do pai ter sido levado para o setor exclusivo para pacientes de Covid-19, onde estavam outros infectados. “Isso nos deixou preocupados porque se o meu pai está com suspeita, por que ele está internado ao lado de pessoas que tem a doença? Se ele não teve, agora certamente vai ter contato com o vírus”, questionou.

O procedimento      

A Prefeitura de Nova Friburgo explicou que os atendimentos para casos suspeitos de Covid-19 seguem um protocolo rígido e padronizado visando a saúde dos profissionais que realizam o atendimento e do paciente. Após triagem – informou o município –, aferição de temperatura corporal, identificação de vínculo clínico epidemiológico, o indivíduo que apresenta alguns sinais e sintomas sugestivos de um grupo de agravos que compartilha a mesma sintomatologia; e os casos que apresentam teste laboratorial positivo na detecção do vírus, mas estão em estado de saúde que necessite observação e não a transferência para UTI, ficam na enfermaria exclusiva para casos de Covid-19.

A nota técnica GVIMS/GGTES/Anvisa 04/2020 informa também que “é clara na instrução para que sejam eliminados e/ou restritos o uso de itens compartilhados por pacientes como canetas, pranchetas e telefones. E recomenda não entrar no quarto/box ou área de isolamento com prancheta, caneta, prescrição, celular ou qualquer outro objeto que possa servir como veículo de disseminação do vírus. 

No momento em que o paciente é encaminhado para a enfermaria de Covid, em decorrência da baixa oxigenação (sintoma da doença) é necessário repouso e, portanto, restrição de suas atividades para evitar o estresse. Além da privacidade dos demais pacientes na enfermaria e o não compartilhamento de objetos pessoais.”

A prefeitura informou ainda que “quando o paciente está na UTI, é seguido o mesmo protocolo e a mesma rotina da UTI comum. Informamos às famílias uma vez por dia, das 15h às 17h, porém, em função da pandemia, esse contato é feito agora por telefone, para que os profissionais de saúde não tenham que sair da área em que atuam para a parte externa do hospital. Nos próximos dias será definido o protocolo de informações referente aos pacientes da enfermaria”, informa nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde. 

Estado apresenta novo protocolo

As unidades de saúde estaduais passam a adotar um novo protocolo de tratamento para os pacientes da Covid-19. A informação foi anunciada na terça-feira, 19, pelo governador Wilson Witzel. Ao lado do novo secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, Witzel agradeceu ao ex-diretor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle por ter aceito o desafio de assumir a pasta em um momento de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

“Com experiência acumulada nesses meses de pandemia, Ferry traz uma proposta que pode melhorar o tratamento e evitar a internação de muitos pacientes. Se nós aplicarmos em larga escala, mudando esse protocolo, certamente poderemos enfrentar a doença, o que reduzirá a necessidade de CTI aumentando a chance de rápida retomada da economia. Estamos hoje em uma guerra”, disse o governador.

De acordo com o secretário de Saúde, novos estudos científicos apontam que o tratamento deve ser precoce, quando os pacientes ainda não apresentam falta de ar e, por isso, não necessariamente precisam ser entubados. “Temos que tratar os pacientes de forma muito precoce. Hoje, o protocolo é medicação e, caso o paciente tenha falta de ar, é orientado a voltar à emergência. Mas quando o paciente retorna ao hospital, ele já está com 50% do pulmão comprometido. A partir daí, não tem jeito. O novo protocolo que vamos adotar diz que, quando o paciente entrar na fase 2, vamos administrar dois medicamentos: anticoagulante e corticoide. Se o paciente é internado nesta fase, com 25% de comprometimento pulmonar, e com estes remédios, evitamos a evolução do quadro. Isso está dentro das prerrogativas do SUS”, explicou Fernando Ferry.

Ainda de acordo com o secretário de saúde, nesta quarta-feira, 20, era esperada a chegada de pelo menos 135 respiradores para equipar o hospital de campanha do Maracanã. “Na próxima semana receberemos mais 160 respiradores”, acrescentou o secretário, afirmando que esses equipamentos também serão destinados ao hospital de campanha do Maracanã.

Indagado sobre o novo cronograma de inauguração dos hospitais de campanha do estado, inclusive o de Nova Friburgo, o governador lembrou que foi criado um comitê para acompanhar a evolução das obras realizadas pela organização social Iabas. “A todo momento, eles (a OS) apresentavam uma justificativa diferente. Tudo isso será avaliado e, se não cumprirem com o que está determinado, serão punidos e eu, pessoalmente, vou decidir pela inabilitação da empresa”, disse.

Flexibilização gradual a partir de junho

Com relação à flexibilização das medidas restritivas no Estado do Rio, Witzel disse que a análise da curva de contaminação no Rio de Janeiro é feita semanalmente. Mas adiantou que algumas iniciativas já podem ser estudadas e colocadas em prática no mês que vem. “O isolamento social é uma avaliação que fazemos semanalmente. Pela evolução das contaminações, acredito que, em agosto, já possamos ter uma quase plena retomada da economia. Estou trabalhando, inclusive para fins econômicos das finanças do Estado, com a retomada gradual da nossa atividade econômica já em junho. Espero que, partir do próximo dia 1º, já possamos pensar em algumas mudanças”, adiantou o governador.

 

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